
O Grupo Teatral e Ponto de Cultura Boca de Cena iniciou o projeto “Blitz Cultural: Circuito Formativo”, e 23 contemplados já participam gratuitamente da oficina teatral, que terá duração de seis meses. O laboratório de criação cênica, intitulado “Sobre-Vivências: O Afeto como Tecnologia”, explora o potencial transformador do afeto nas práticas artísticas, sobretudo no teatro. Esse é o primeiro curso do Grupo com duração de seis meses.
As aulas, que acontecem duas vezes por semana com quatro horas de duração cada, estão sendo conduzidas pelas atrizes do Boca de Cena, AnaKelly Melo e Patrícia Brunet, com participação dos atores também integrantes do Grupo, Felipe Mascarello e Leandro Handel, e colaboração de artistas convidados.
O projeto terá duração total de 12 meses, e foi aprovado em edital da Rede de Pontos de Cultura de Sergipe, por meio da Política Nacional de Cultura Viva e com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, gerida pelo Ministério da Cultura. Após os seis meses de formação, será iniciada a etapa de Difusão, que culminará com a realização da Mostra de Artes Blitz Cultural.
Na programação da Mostra de Artes, que acontecerá no primeiro semestre de 2026, o público poderá conhecer os trabalhos desenvolvidos pelos estudantes ao longo do curso, bem como assistir a apresentações de artistas sergipanos e a espetáculos atuais do Boca de Cena.
“O Circuito Formativo busca criar um espaço para compartilhamento, através das vivências e experimentação artística, promovendo o re-encantamento poético e transformando o cotidiano dos envolvidos e envolvidas, e tornando o fazer da arte um ato de cura e um círculo contínuo de trocas”, explica o diretor do Coletivo e coordenador pedagógico do curso, Rogério Alves.
A atriz e professora da oficina, Patrícia Brunet, destaca que este é mais um projeto que chega para agregar à jornada de 20 anos do Boca de Cena, e reforça o papel do Grupo como espaço de confluência entre artistas e as artes sergipanas. “A cada ano, estamos conseguindo dar um novo passo na nossa busca de levar as artes para mais pessoas. E agora também com um curso semestral para contribuir com a formação de novos atores na cena sergipana”, afirma.
Blitz, um espaço de confluência
Realizada desde 2014, a Blitz Cultural é um dos principais projetos sociais do Boca de Cena, e tem como objetivo convidar a população a “Parar, Pensar e Refletir” através da arte. Assim como acontece em outros tipos de blitz, a iniciativa convida as pessoas a reduzirem a velocidade cotidiana e apresentarem suas identidades, suas bagagens culturais, para compartilhá-las em espaços comunitários de encontro e troca, como ruas e praças.
Inicialmente concebida para ser realizada na região do Bugio, bairro da capital do estado onde o Boca de Cena tem sede, a Blitz Cultural já passou também pelo bairro América; Museu da Gente Sergipana, no centro de Aracaju; Universidade Federal de Sergipe, em São Cristóvão; e em Laranjeiras, no centro do município e no Povoado Mussuca.
O publicitário Netto Andrade, de 25 anos, brincante de quadrilha junina e morador do bairro 18 do Forte, é um dos estudantes da Oficina de Teatro do Boca de Cena. Para ele, que já frequentava as Blitz Culturais, o grupo é uma das principais referências das artes cênicas sergipanas, e ter a oportunidade de realizar essa troca de experiências é muito importante, sobretudo, para os novos artistas.
“O contato com as Blitz Culturais foi fundamental para mim, principalmente, porque com a rotina do trabalho, eu pouco tinha oportunidades de consumir arte. Elas foram esse lugar de retomada, em lugares públicos para que eu pudesse assistir teatro, de forma acessível e gratuita, sempre com um material muito bom. Um projeto muito importante para mim, e para muitos jovens como eu”, relata Netto Andrade.
Já para a atriz e psicóloga, Elze Valois, de 44 anos e moradora do bairro Jabotiana, ser uma das selecionadas para participar da oficina representa uma oportunidade de aprofundar a formação nas duas áreas profissionais em que atua em diálogo com mestres de tradições teatrais diversas. Segundo ela, trata-se de um encontro intercultural e uma investigação que amplia as ferramentas expressivas, o rigor artístico e a sensibilidade humana.
“O coletivo Boca de Cena busca difundir a cultura popular e promover a decolonização dos olhares sobre o fazer teatral. Como atriz, encontro novos caminhos criativos; como psicóloga, descubro novas formas de escuta e de acolhimento. Mas, sobretudo, como mulher nordestina, levo comigo a força de uma terra que canta, dança e resiste”, afirma Elze Valois.
Fonte: Assessoria de Imprensa