Cantor e compositor com 35 anos de carreira nas costas maltratadas, Paulinho Só lança nesta sexta-feira, dia 12, o single ‘O ovo da serpente’, a fim de anunciar o lançamento de um novo trabalho solo, o EP ‘Na tormenta’. A canção realiza um comentário incisivo sobre os acontecimentos em curso e dedica atenção especial a um curioso personagem contemporâneo – o chamado “homem de bem”.
Na voz de Paulinho, o rock ganha os contornos críticos de um dedo apontado, em momento o mais oportuno. Entre adjetivos e acusações de pendor sarcástico, o pacato cidadão, aquele sujeito que só vê o que convém, ganha o apropriado epíteto de “WhatsApp Man”. ‘Na tormenta’ tem lançamento previsto para setembro, em todas as plataformas digitais.
Biografia
Gaúcho criado à beira da floresta amazônica, Paulinho Só fincou pé em Sergipe, onde vive e trabalha, a fim de bancar o próprio rock. Ao olhar para trás, provocado por uma pergunta batida, Paulinho Só mal vislumbra o menino apanhado em calças curtas, às voltas com os primeiros acordes, que respondia pelo mesmo diminutivo empregado sob a sua discografia, à guisa de assinatura. Sim, sempre gostou de música. Daí até as primeiras apresentações nos bares da vida, em Belém (PA), foi um pulo.
Neste particular, a trajetória do músico que fundaria a banda Uma Ruma não tem nada de extraordinário, igual a tantas outras. O barato do palco, no entanto, logo encontraria a onda boa da composição. Paulinho descobriu cedo a dor e a delícia de “lançar mundos no mundo”. “Me entendo mais com o violão do que com as guitarras. Sou mais compositor. Meu maior interesse na música sempre foi a composição”, conta.
Antes disso, mais uma vez, ele fez como tantos outros. A primeira banda, Rock da Silva, foi formada em conluio e cumplicidade com os irmãos mais velhos. Depois, já em vias de se afirmar como um autor, Paulinho deu a cara a tapa no conservador circuito de festivais. À época, indisposto com a solenidade de um sobrenome artístico, ele resolveu facilitar o trabalho dos locutores. Como assim, só Paulinho? Isso mesmo, ele respondia, Paulinho Só.
Entre idas e vindas, paisagens diversas, sotaques diferentes, o gaúcho criado à beira da floresta amazônica sentou praça em Sergipe, onde gravou todos os discos lançados até agora. Aqui, para o bem ou para o mal, floresceu a melhor parte de seu trabalho artístico. A recompensa é pouca, a panela menor ainda. Mas Paulinho Só não reclama. Desde quando se meteu a emendar versos em acordes, fincou pé na tormenta.
Na tormenta
Segundo Paulinho Só, todo álbum, todo registro autoral, tende a cristalizar uma visão de mundo, a maneira singular como um artista observa uma dada situação, em um determinado momento. Assim, ‘Na tormenta’, ainda em vias de lançamento, pode ser compreendido como uma resposta pessoal do compositor ao curso dos acontecimentos.
Por acontecimentos, no entanto, entenda-se não apenas os episódios mais óbvios, provocados pelos embates de cunho político e ideológico, ou a pandemia ainda de tocaia em todas as esquinas. Nada disso. Para além dos embates mais evidentes, há também dilemas, angústias e razões individuais. Na contramão do justo discurso alardeado nas trincheiras de uma guerra cultural sem pé nem cabeça, Paulinho Só reafirma o indivíduo.
Para tanto, nada mais apropriado do que lançar mão, mais uma vez, do bom e velho rock’n roll. Mais do que as guitarras, sempre no talo, contudo, a voz e a inflexão muito particular de Paulinho Só é que dão tom do registro. Ao longo das cinco faixas do EP, sobressai a ansiedade de se fazer entendido, pronunciar verdades com todas as letras, negar o silêncio e a passividade em alto e bom som.
Convém mencionar, contudo, que este não é um esforço individual. Além da colaboração de músicos da maior estatura, ‘Na tormenta’ conta com duas parcerias inspiradas. ‘Refazendo’ é fruto de um devaneio etílico/literário encampado pelo escritor Djenal Gonçalves Filho. ‘Tomando tento’ conta com as rimas do MC Pardal, que também solta a voz na faixa em questão.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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