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Novo livro de Cezar Britto (Foto: reprodução da capa/Divulgação) |
Escrito integralmente dentro do avião, “Um Lugar Longe do Mundo”, de autoria do advogado Cezar Britto, terá lançamento oficial em Aracaju no próximo dia 22 na Sociedade Semear. Este é o quinto livro escrito pelo advogado, que já presidiu o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e tem uma curiosa dedicação à advocacia e à luta pela cidadania e direitos sociais.
Com 323 páginas, o livro tem o selo da editora DelRey e já foi lançado com sucesso em Brasília, no Distrito Federal, e em Campos do Jordão, no Estado de São Paulo, com a previsão de ser lançado em Belo Horizonte no dia 6 de dezembro. A capa do livro faz uma homenagem ao artista plástico Jenner Augusto, com a fotografia de uma das obras daquele artista: ‘Augusto com carneirinhos’, criado em 1999.
“Algumas passagens do livro refletem o período em que fui presidente da União dos Advogados da Língua Portuguesa, o que me permitiu viajar, repetidamente, para Angola, Monçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné, África do Sul, Namíbia, Sudão e Macau”, revela o advogado. “Nestes países, conheci o conceito paradoxal de dor-esperança, o que reflito nos livros e textos que escrevo e esclareço, como se faz nas bulas, Leon não sou eu, tampouco penso como ele”, declara, numa referência a um dos personagens do livro, que tem narrativa em primeira pessoa.
Confira, a seguir, os melhores trechos da entrevista que Cezar Britto concedeu ao Portal Infonet, sobre a obra literária.
Portal Infonet – O que o senhor reserva aos leitores nesta obra?
Cezar Britto – Eu procuro refletir que heróis e vilões são habitantes comuns no mesmo espaço corporal. Os leitores são convidados a compreender que bondade e maldade andam juntas nas mesmas pessoas, nos fatos que produzem e nas histórias que nos legam. O livro procura registrar este paradoxo absolutamente humano. Através da narração do poderoso Leon Battim, as contradições humanas afloram, desafiando o leitor a descobrir em que campo do caráter ele e os demais personagens operam. Convida-os a refletir sobre os limites éticos do mundo dos negócios, enquanto, na mesma penada, insinua a alternativa da simplicidade como forma de amar a si mesmo. Enfim, é um livro que cuida de registrar cantos e recantos em que a complexa felicidade pode encontrar moradia, ainda que este espaço especial seja um lugar longe do mundo.
Portal Infonet – Qual a fonte de inspiração da qual brotou ‘Um lugar longe do Mundo’?
Cezar Britto – Certa vez, Jorge Amado disse que os personagens ganham vida própria quando postos no livro, não raro rebelando-se contra o querer do próprio autor. Este fenômeno mágico aconteceu neste livro. Eu não me inspirei em uma fonte determinada. Na verdade, foram os personagens que me impuseram contar suas histórias. Digamos que fui apenas testemunha do que quiseram revelar. Eles eram as fontes do que escrevi. Embora algumas pessoas jurem indentificar amigos em alguns
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Cezar Britto fala da obra |
personagens. Mas este é o papel do leitor que não interfiro.
Portal Infonet – Este é o quinto livro de sua autoria. Há compilação dos textos que o senhor escreveu em colunas. Quais diferenças e semelhanças entre as suas obras?
Cezar Britto – Dois têm como mote as crônicas que publiquei na Infonet e no Cinform (“Nos alpendres da vida” e “Caminhadas”), um livro de direito que já está na quarta edição (“A inviolabilidade do direito de defesa”) e, no ano passado, o romance “Almas livres. Corpos Libertos”, resultante do roteiro de uma peça de teatro que escrevi e que foi encenada em Curitiba, Porto Alegre e São Luiz. Este livro é um romance histórico que conta a história do Brasil e da advocacia, desde o império, sob o óculo de uma família nascida escrava. Recebi o convite para escrever o roteiro do teatro em razão de um musical que escrevi na Conferência dos Advogados em Natal, quando apresentada a história da luta pela redemocratização através das nossas canções mais engajadas, o que motivou a emoção das mais de cinco mil pessoas presentes. Mas não tenho dúvida de que o meu pequeno lado escritor partiu da obrigatoriedade de publicar semanalmente nos dois espaços sergipanos, pois o cronista nada mais é do que um narrador da vida.
Portal Infonet – Como advogado, todos conhecem a sua habilidade, mas o que reserva o futuro para Cezar Britto enquanto escritor?
Cezar Britto – O advogado exerce a sua defesa através da palavra, escrita ou oral. Ele é testemunha da vida nas suas mais variadas versões. Transformar as histórias defendidas nos autos em histórias refletidas em livros é a continuação do seu próprio respirar diário. Acredito, assim, que o advogado e o escritor são faces da mesma moeda. E eu administro o meu tempo de aconchego para o ato de escrever de forma simples: as coisas da advocacia, escrevo no escritório; para as páginas dos livros, o avião se faz a minha inspiração; sendo a minha casa um campo neutro. Assim, enquanto continuar a voar – e espero nunca cessar – novos livros serão carregados na bagagem.
Portal Infonet – Já tem reservado na manga alguma nova obra literária, qual seria o perfil? O que sonha em abordar em futuras obras?
Cezar Britto – Tenho viajado como presidente da Comissão de Relações Internacionais da OAB, conselheiro do CDES, membro nato da UALP, integrante do COADEM e representante em Brasília de vários advogados e entidades. Viajo muito para palestras, conferências e reuniões, não raro fora do Brasil. Certa vez, aceitei viajar para Macaú e para Guiné-Bissau atraído pela possibilidade de ficar mais de trinta e cinco horas em cada viagem, dentro de um avião, livre para escrever, longe do celular, da internet e outras coisas que desviam a atenção. Tudo isto significa algumas novas histórias a contar. Dentro do meu computador de bordo pode-se encontrar, hoje, dois novos romances, um livro de direito do trabalho, uma agenda temática, um projeto de poesia e uma peça de teatro sobre as mulheres que ousaram escolher a mudança do seu tempo. É evidente que todos ainda incompletos, pois escolho retomar cada um deles pela inspiração produzida na própria viagem. Quando escrevo no twitter e no Face que adoro voar, talvez seja melhor dizer que voar é a minha tinta de escritor, pois sem ela apenas restaria uma tela vazia no meu computador.
Por Cássia Santana
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