Comunidade negra cobra acesso ao mapa da violência

Comunidade debate extermínio contra negros (Fotos: Portal Infonet)

Identificar a estatística e a causa dos homicídios praticados em Sergipe contra jovens negros. Este é o objetivo do Projeto Xangô Menino, idealizado pela Comunidade de Oju Ifá [Olhos da Sabedoria, na tradução para a língua portuguesa] que começa a ganhar corpo com o patrocínio do Fundo Brasil de Direitos Humanos e parceria do Curso de Mestrado da Universidade Tiradentes e dos pesquisadores em direitos humanos do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP).

A yalorixá Sônia Oliveira, coordenadora do projeto, lamenta a dificuldade que os pesquisadores encontram para identificar o número de jovens negros assassinados no Estado. Nas estatísticas oficiais, segundo a yalorixá, aparecem apenas a idade, o sexo, a escolaridade das vítimas e os locais onde as ocorrências são registradas. Mas não há informações, conforme frisou, sobre a raça das vítimas. “Sabemos que dos 100% dos jovens assassinados aqui em Sergipe, 85% são negros e um dos motivos destes homicídios está no racismo, que é um dos maiores fatores da mortalidade da juventude negra”, destaca.

Uma das vertentes do projeto é o esclarecimento destes dados. Para tanto, já existe a parceria com a Universidade Tiradentes e com o ITP para que os pesquisadores possam analisar a questão. “Estamos buscando parceria com a Secretaria de Segurança Pública também para que estes dados sejam analisados”, ressalta. O resultado desta pesquisa deverá ser divulgada ao final do projeto, que tem duração de um ano e já recebeu investimentos na ordem de R$ 40 mil, tendo como temática principal os direitos de crianças, adolescentes e da juventude.

Roda de Conversa

Cultura afro encanta crianças

Yalorixá Sônia Oliveira: acesso ao mapa da violência

A Comunidade de Oju Ifá, que já desenvolve projetos sociais voltados para a socialização de crianças e adolescentes em Aracaju, deu a largada ao projeto justamente no mês de novembro, dedicado à consciência negra, e, na tarde deste sábado, 12, proporcionou a Roda de Conversa sobre o extermínio da juventude negra, cujas atividades estão em andamento na Praça da Juventude, no Conjunto Augusto Franco.

Além dos debates, os participantes assistem a apresentações culturais com grupos de capoeira e maculelê, envolvendo, principalmente as crianças. “Eu gosto muito porque aqui a gente apreende a se defender e também brinca muito”, resume Leonlucas Santana Nascimento, 10, que aprendeu os primeiros golpes de capoeira e do maculelê aos dois anos de idade. “Primeiro veio minha irmã, depois minha família toda entrou”, revelou.

Os participantes também tiveram oportunidade de conhecer mais de perto elementos que marcam a cultura africana por meio das Oficinas de Turbantes, de Dança Afro, Pintura e encenação teatral com a temática voltada para a importância da população negra na construção da cidadania.

Por Cássia Santana 

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