O cordelista sergipano João Firmino irá participar da abertura do I Encontro Sergipano de Literatura de Cordel, hoje, 15, às 19h. Firmino prestará seu depoimento sobre “A Trajetória e a Importância de Manuel d”Almeida Filho para o Cordel em Sergipe”. Manuel d´Almeida Filho empresta seu nome para uma das salas de leitura da Biblioteca Epifânio Dória, sede do evento. O cordelista João Firmino, em sua banca no mercado Thalez Ferraz
Firmino, escritor de cordel há 51 anos, considera Manuel d”Almeida Filho como seu verdadeiro pai. O cordelista chegou à casa de Manuel com 14 anos, e aprendeu a arte da literatura de cordel com o escritor. Apesar de ser paraibano Manoel morou durante vários anos em Sergipe, sendo representante de editoras de Cordel no Estado e revisor ortográfico de várias obras.
“Foi o pai que eu conheci, e o maior poeta da literatura de Cordel de todos os tempos”, relata Firmino. Manoel começou a escrever literatura de cordel em 1936, sua primeira obra teve como título ‘A menina que nasceu pintada com a sobrancelha raspada’. Em 1940 se mudou para Sergipe, tendo algumas obras publicadas, como ‘A vitória de Floriano e a nega feiticeira’, ‘A princesa Rosinha na cova dos Ladrões’ e ‘Josafá e Marieta nos laços da escravidão’.
Aqui foi representante das editoras de Cordel, como a atual Luzeiro, na época chama de editora Prelúdio. A editora atualmente comprou e publicou toda a obra de Manuel d’Almeida Filho, assim como obras de João Firmino. “Ele tinha amor pelo que fazia. E dizia que não escrevia folhetos nem para matuto, nem para doutor, e sim para os dois”, comenta João Firmino. Manuel d”Almeida Filho (o segundo de cima pra baixo na esquerda)
Firmino é revendedor de vários cordéis em uma banca instalada na ‘Passarela das Flores’ do Mercado Thalez Ferraz, no Centro da Cidade. O mais recente exemplar chegado nas bancas é ‘O desastre com o avião da TAM’, cordel escrito pelo cearense Stênio Diniz. “A literatura de Cordel continua muito viva”, ressalta Firmino
Leia um trecho do Cordel “O desastre com o avião da TAM’
“Se houvesse um setor na Secretaria que dessem condições de publicação, ou uma gráfica à disposição, nós poderíamos publicar muitos mais livros”,
reivindica o cordelista. Banca de Cordel de João Firmino
Na sexta-feira, 17, último dia do Encontro, João Firmino deve participar do debate que terá como tema “A Voz do Cordel na Sala de Aula”. A palestra proferida pelo professor e cordelista baiano, Antônio Barreto, acontecerá às 10h30, na biblioteca Epifânio Dória, e será seguida de debate com a presença da pedagoga e cordelista sergipana Izabel Nascimento.
Por Ben-Hur Correia e Carla Sousa