Curta “Ímã de Geladeira” estreia em Sergipe na 7ª EGBÉ

(Arte: Divulgação)

Depois da estrear nacionalmente na Mostra de Cinema de Tiradentes o curta-metragem “Ímã de Geladeira” celebra sua primeira exibição “em casa” na 7ª EGBÉ – Mostra de Cinema Negro de Sergipe. O filme foi gravado no bairro Rosa Elze, em São Cristóvão-SE, com equipe de maioria negra e sergipana.

Ímã de Geladeira é um curta-metragem de ficção que transita entre os gêneros cinematográficos terror e fantasia para narrar a vida de um jovem casal preto que vive numa periferia sergipana. Com uma narrativa afro-surrealista, o filme discorre sobre a violência aos corpos negros e periféricos e sua espetacularização pelos meios de comunicação de massa. Assista de 9 a 17 de abril em www.egbecinemanegro.com.br.

Roteirista da obra, Carolen Meneses compartilha não só a direção do filme com Sidjonathas Araújo, mas a sensação de pertencimento ao cinema negro e o desejo crescente de produzir narrativas com as quais o povo negro se identifique após um histórico de experiências de sub-representação no cinema tradicional. A dupla já participou da Mostra em outras edições com “Babá Eletrônica”, em 2018, e “Corre”, em 2020. Para ela, a Egbé “é uma bússola”. Para ele, “meu porto seguro no cinema negro”.

A EGBÉ tem um caráter muito especial pra mim de colocar na centralidade realizadores audiovisuais que estavam esquecidos propositalmente pelo circuito de mostras e festivais independentes feitos pela branquitude no Brasil. São exibidos filmes que conversam muito comigo, cada um com sua particularidade. E por isso é um prazer contribuir com a Mostra, porque eu entendo que é um sistema que eu preciso fortalecer pra gente se fortalecer junto”, revela Carolen.

Já Sidjonathas costuma dizer que sua trajetória no cinema se divide em antes e depois da EGBÉ. Além de espectador e realizador, ele já atuou como monitor audiovisual do evento em duas edições e participou de oficinas e masterclasses. “Até sorteio de oficina eu já ganhei na Egbé”, brinca.

Foi nos bastidores da mostra que eu me senti pertencido ao fazer cinema. Isso parece até meio clichê, mas foi de fato ali que eu percebi que tinha pessoas parecidas comigo fazendo aquilo e era isso que eu queria pra vida. Foi ali que não só eu, mas a população sergipana no geral, passou a ter contato com o circuito de cinema negro brasileiro até então concentrado no Rio de Janeiro com o Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul”.

Inspiração

Esta não é a primeira vez em que o bairro são-cristovense Rosa Elze ambienta um filme, mas em Ímã de Geladeira o território é parte decisiva das construções estéticas e narrativas interessadas no modus operandi das periferias nordestinas, onde a vida pulsa nas esquinas e vielas através do sol que brilha sobre as peles racializadas, das cores vibrantes e da sobreposição de sons entre falas, rádio, músicas e ruídos.

O próprio modo de trabalho e relacionamento dos moradores do Rosa, onde a gente vive, inspirou a construção das personagens do filme. A herança africana presente nas relações comunitárias do bairro, por exemplo, tem tudo a ver com a perspectiva afro-surrealista de unir a ancestralidade preta à fabulação crítica sobre o racismo”, detalha Sidjonathas.

A presença ancestral no filme é simbolizada pela figura de Zé das Peças, um mais velho muito sábio, cientista de gambiarras que conquistou o público pela naturalidade da interpretação de Severo D’Acelino, um dos pioneiros do cinema negro sergipano. “Nós tivemos apenas dois ensaios virtuais por conta da situação de pandemia e no dia das gravações ele foi impressionante a ponto de não precisar rodar a cena mais de uma vez”, conta Carolen.

Ancião das artes e da militância preta sergipana, Severo representa muito mais do que uma excelente atuação, como reconhece Sidjonathas: “Foi muito emocionante materializar em imagens o sentimento de que estamos dando continuidade a um trabalho que ele começou décadas atrás”. E ele também sabe disso. Em entrevista à jornalista Anne Samara afirmou: “vou sempre abrindo estrada possibilitando que a passagem seja mais fácil para os que vêm atrás”.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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