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Documentário foi exibido no Museu da Gente Sergipana (Fotos: Portal Infonet) |
O Museu da Gente Sergipana exibiu na noite desta terça-feira, 1º, o documentário “A Mesa Vermelha”. A produção traz as experiências de 23 ex-presos políticos nos presídios masculinos pernambucanos durante o período militar (1964-1985). Entre os 23 entrevistados, um sergipano, o militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Bosco Rolemberg.
Bosco viveu por cinco anos, dos 27 aos 32, atrás das grades da Penitenciária Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá, entre 1974 e 1979. Este período, segundo ele, fez com que sua convicção no caminho democrático só aumentasse. “Tudo isso aprofundou minha convicção no valor da liberdade política de um país como a coisa mais importante de um povo. Você ter direito de decidir seu próprio destino e fazer o confronto de projetos na sociedade, sem amarras, censuras, torturas, assassinatos, prisões ou desaparecidos políticos. Essas são as principais lições”, destaca.
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Bosco viveu por cinco anos, dos 27 aos 32, como presos político |
Bosco classifica como importante o movimento feito no país para buscar as memórias do período militar. “O movimento, que é feito no Brasil, busca a verdade, sem raiva e sem rancor, mas como exemplo para as gerações atuais e futuras. Tudo para que os erros e crimes que lesam a humanidade nunca mais sejam repetidos”, afirma.
Os entrevistados no documentário estiveram detidos de 1969 a 1979, entre a antiga Casa de Detenção, a atual Casa da Cultura, em Recife, e a Penitenciária Professor Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá. O resgate da memória ficou por conta da cineasta pernambuca Tuca Siqueira.
“A gente está falando sobre várias questões nesse filme. Claro que a memória é o que vem à tona de maneira mais forte, mas o filme traz um embate de ideias. Traz a descoberta da esquerda pela própria esquerda. Sou muito grata por ele terem aberto suas histórias. Pessoas que eu sentia que estavam ali para se libertar de angústias que carregaram durante anos, mas que ao mesmo tempo, têm consciência de que falar sobre o assunto é importante”, conta a cineasta.
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Direção é da cineasta Tuca Siqueira
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Documentário
Idealizado pelas ex-presas políticas Lilia Gondim e Yara Falcón, o documentário com 80 minutos de duração, é fruto do Projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça em parceria com o Movimento Tortura Nunca Mais de Pernambuco.
Desde que foi lançado, em maio de 2013, A Mesa Vermelha já passou por Recife, Brasília e Porto Alegre, e circulará nos próximos meses por várias cidades do país, com o Festival Cinema pela Verdade, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.