Domiguinhos volta a Aracaju

Antes de subir ao palco principal da Vila do Forró Chapéu de Couro, o cantor e compositor Domiguinhos conversou com a equipe do Portal InfoNet. Na ocasião, o músico falou sobre a carreira, o convívio com o “mestre” Luiz Gonzaga, estórias curiosas de sua vida, entre outros temas. Confira alguns trechos desse bate-papo!

PORTAL INFONET – Com mais de cinqüenta anos de carreira, como você vê toda essa transformação pela qual vem passando o forró?
DOMINGUINHOS – Eu acho que cada um tem o seu lugar. Essas mudanças são necessárias. Isso aconteceu com o rock. Veja os roqueiros, por exemplo, vão ficando românticos. Até Gil e Chico Buarque mudaram. Mas para mim e pra Luiz Gonzaga, o forró continua tendo uma essência só. Essas bandas eletrônicas não fazem forró, mas sim um “lamba-forró”. Acho que algumas nem chegaram a escutar o verdadeiro forró, muito menos conhecem sua história.

INFONET – Mas isso não tem prejudicado o autêntico forró?
DOMINGUINHOS – É até bom que eles façam isso, porque assim abre espaço pra mim que faço a diferença. O meu diferencial é que minha vida sempre foi junto da música. Toquei jazz, bossa nova, fui um músico da noite. Convivi no meio da nata da música, como Tom Jobim por exemplo. Então tirei o melhor para compor minhas músicas e é assim que deve ser.

INFONET – Você é autor de muitas composições de sucesso, gravadas inclusive por grandes nomes da música brasileira.”Eu Só Quero um Xodó” já passou das 250 regravações. Como é visto todo esse sucesso?
DOMINGUINHOS – Fico muito feliz com isso, com todo esse reconhecimento e principalmente com o carinho do público. Mas quanto às regravações, se eu recebesse o que me devem, com certeza não precisaria mais tocar.

INFONET – O seu primeiro LP foi gravado em 1964. Como foi conviver com a ditadura? Foi muito perseguido?
DOMINGUINHOS – Durante a ditadura não fui afetado. Nessa época a música de Luiz Gonzaga era cantada de peito aberto por todos, todo mundo gostava. Mas teve um fato curioso. Eu fiz uma música em homenagem ao Quinteto Violado chamada “Baião Violado”. A censura era tão boba que barrou a música por causa do “violado”…

INFONET – É verdade que foi motorista de Luiz Gonzaga?
DOMINGUINHOS – Fui motorista de Luiz Gonzaga, sim. Abri muitos shows dele. Viajamos bastante de carro juntos. Nessa época fazíamos vários shows. Foi uma excelente fase da minha vida.

INFONET – E o tempo que morou em Aracaju?
DOMINGUINHOS- Morei em Aracaju durante um ano. Um período muito bom em que convivi aqui com Anastácia. Foi aqui, inclusive, que fiz a minha primeira música com letra, “Mundo de Amor”, em 1967.

INFONET- A cultura sempre foi uma questão muito polêmica no Brasil. Como você avalia a atual política cultural do país?
DOMINGUINHOS – A cultura é a pasta que sempre recebe menos dinheiro. O atual ministro Gilberto Gil, que inclusive é meu amigo, tem boa vontade, mas falta verba. Por isso a política atual ainda está aquém do necessário. Os governantes em geral não se preocupam com a cultura. Às vezes tenho a impressão de que os políticos acham que é necessário apenas boa vontade para fazer um bom governo, e isso não é verdade.

INFONET- Qual o significado do forró em sua vida?
DOMINGUINHOS – Na verdade existe uma diferença entre forró e baião. Eles têm uma batida diferente, e o que eu faço é baião. O baião é tudo para mim. É minha vida. É dele que tiro o meu sustento, e amo meu trabalho.

INFONET- É verdade que não anda mais de avião?
DOMINGUINHOS – É verdade. Sempre tive medo, mas com o avançar da idade resolvi parar. Todos os lugares em que me apresento vou de carro.

Por Rodrigo Garcia, Wellington Nogueira e Bruno Monteiro

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