Editora do Estado lança livro “Aracaju dos anos 90”

Livro trata dos discursos referentes a crimes sexuais (Foto: Edise)

O livro “Aracaju dos anos 90: Crimes Sexuais, Homossexualidade, Homofobia e Justiça”, de Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa, publicado pela Editora do Diário Oficial de Sergipe (Edise), traz a discussão de um dos assuntos mais comentados e debatidos dos últimos tempos, a compreensão social acerca da sexualidade.

A autora por meio de pesquisas em jornais, processos penais e entrevistas, apresenta uma análise dos discursos referentes a crimes sexuais, homossexualidade, homofobia familiar e justiça na cidade de Aracaju, desde os anos 90 até os dias atuais.  Este estudo evidencia diversas mudanças sociais quanto política para o Estado que, a partir do trabalho desenvolvido por pessoas que lutaram em prol das questões sociais, passa a desenvolver políticas públicas para consolidar direitos iguais a todos os cidadãos.

Segundo Patrícia Rosalba, desde o período em que cursava a graduação em Ciências Sociais, na Universidade Federal de Sergipe, investiga a relação entre crimes sexuais e Poder Judiciário com base nos estudos de gênero e sexualidades. “As incursões teóricas baseiam-se na Antropologia e na Sociologia, somadas a uma vasta pesquisa documental, além da execução de entrevistas com diversos atores sociais importantes que povoaram a cidade de Aracaju dos anos 90”, explicou.

O livro contribui para a evolução social de Sergipe relatando o desenvolvimento e modernização que enfrenta os valores de uma sociedade tradicional dos anos 90, a fim de garantir e legitimar os direitos das pessoas LGBTTTs.

Para a gerente da Editora, Rosilene Santos, antes desse livro, a Edise não contava em sua biblioteca nenhum título que fizesse referência a essa temática. Sendo sem dúvida, mais uma ferramenta que contribuirá com o rompimento de tabus e preconceitos referentes à sexualidade. “A partir do livro, o leitor poderá refletir acerca das mudanças socioculturais da época e da evolução do pensamento da população sergipana nos dias atuais, com iniciativas de reivindicações de direitos e respeito aos gêneros”.

De acordo com o presidente da Segrase, Marcio Farias Barreto, esta é mais uma obra de relevância para a cultura de Sergipe, pois trata de uma questão que suscita muitas divergências de opiniões, “principalmente em um momento de retrocessos na política brasileira dos anos 90, quando a homossexualidade era considerada crime. O livro nos faz compreender estas importantes transformações dos direitos sociais em Sergipe”.

A autora ainda afirma que o livro descortina e evidencia a criminalização dos desejos, os preconceitos e as leituras institucionais sobre tais temas. Além disso, é uma obra que potencializa a urgência desse debate e lança muitas questões que devem ser problematizadas no cenário político e acadêmico com interconexões entre o local e o global.

Fonte: Edise