Eloísa Galdino faz balanço de 2011 e comenta projetos

Galdino avaliou positivamente as ações da pasta em 2011 (Fotos: Portal Infonet)

A atual secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, faz um balanço das ações da secretaria em 2011 – e aponta algumas das novidades que prepara para o ano que vem. Aqui, ela destaca o I Festival de Teatro de Sergipe, confirma a reinauguração do Teatro Atheneu para janeiro e também comenta novidades, a exemplo da implementação de uma Orquestra Jovem e dos editais de apoio às quadrilhas juninas e grupos culturais.

Portal Infonet – Como a senhora avalia os trabalhos feitos pela secretaria este ano?

Eloísa Galdino – Eu acho que 2011 foi o ano em que nós iniciamos a consolidação do nosso trabalho, porque muitos projetos surgiram e outros tiveram continuidade. Eu destacaria inicialmente a realização de um anseio dos agentes de artes cênicas do Estado, que foi a realização do primeiro festival de teatro de Sergipe. Um festival que já começou grande, realizado em 17 dias em todos os espaços cênicos de Aracaju, mais as ruas da cidade. Esse foi, sem dúvida alguma, um marco no

Secretária ressaltou projetos feitos no campo das artes cênicas…

nosso trabalho na área de artes cênicas e em que a gente fortaleceu a relação que temos com o Fórum de Artes Cênicas do nosso Estado, fazendo com que os grupos do interior interagissem com os grupos da capital, e que o público sergipano tivesse acesso à produção teatral do nosso Estado.

Além disso, nós tivemos a consolidação de uma outra ideia, a ‘itinerância’ do trabalho da Orquestra Sinfônica. Nós criamos o projeto Orquestra na Estrada e ela circulou por vários municípios do interior, nas catedrais, nas igrejas das cidades, sempre com um público significativo. Isso nos mostrou o amadurecimento do trabalho da orquestra sinfônica – e, mais que isso, a receptividade do público sergipano à produção de música clássica do nosso Estado.

… E comentou sobre obras de revitalização em diversas unidades

Infonet – A Orquestra já vem fazendo esse trabalho educativo há algum tempo?

EG – Esse é um desafio da política de cultura do nosso Estado. Em todos os projetos que a gente desenvolve aqui está a formação de platéia – formação de platéia para a produção cultural do nosso estado. Quando a gente desenvolve um trabalho na área da música, a gente está pensando, primeiro, na formação dos agentes e, depois, na formação da platéia. Quando se desenvolve em artes cênicas é da mesma forma. Quando se trabalha a questão das artes visuais, o nosso foco é criar – quando a gente fala de formação de platéia, passamos para a população sergipana a ideia de valorização daquilo que nós temos, daquilo que representa a tal da ‘sergipanidade’. É uma produção que celebra a aldeia.

Infonet – A senhora falava da interação dos grupos da capital e do interior. Isso faz parte do projeto de dar essa unidade para a cultura do Estado?

EG – Sem dúvida alguma. É um eixo programático do governo Marcelo Déda: interiorização. Nós partimos da ideia de que nenhuma ação do governo deve ficar concentrada na Grande Aracaju. Toda ação de governo precisa chegar ao interior. Eu sou muito feliz de perceber que a política de cultura do governo conseguiu chegar ao sertão, conseguiu chegar ao Vale do Cotinguiba, conseguiu chegar ao extremo Sul do Estado. Nós temos hoje uma rede de comunicação que não se dá tão-somente nos grupos que atuam no cotidiano, mas sobretudo com a própria população, que identifica aquilo que é produzido localmente e que hoje pode se ver representada através do que a gente tem como a política de descentralização das ações, que são os pontos de cultura. Hoje nós temos, em Sergipe, 30 pontos de cultura, 15 conveniados e 15 em conveniamento.

Infonet – Nos últimos tempos, a política de leitura do Estado tem valorizado a biblioteca Epiphânio Dórea como centro. Como tem acontecido esse processo?

EG – Nós temos, na Política Nacional de Cultura, o chamado Sistema Nacional de Bibliotecas e o Programa do Livro e da Leitura. Esses programas estão casados: um trabalha com, digamos, a criação de condições de funcionamento de bibliotecas já em funcionamento e o outro trabalha com o estímulo à leitura e à difusão do livro. Em Sergipe, a nossa maior biblioteca é a Epiphânio Dórea, então, no Sistema Estadual é ela que é a irradiadora da Política do Livro e da Leitura e da política de bibliotecas do Governo do Estado. Nós temos, hoje, 16 bibliotecas no Estado credenciadas a receber recursos de modernização, e a biblioteca Epiphânio Dórea é o centro desse sistema. Para além disso, o Programa do Livro e da Leitura trabalha numa relação direta com a Secretaria de Educação para fazer com que os professores sejam agentes de leitura e ajudem a disseminar a prática e o hábito da leitura, fortalecendo essa ideia de Sistema Estadual. Essas duas ações são casadas e aqui a gente realiza em parceria, a partir da biblioteca, com os sistemas de educação municipal e com as secretarias de cultura do interior.

Infonet – Vemos em outras cidades e no exterior uma preocupação em valorizar bibliotecas de bairro, não só as grandes bibliotecas. Existe aqui alguma política que vá nesse sentido?

EG – Existe, sim. O governado Marcelo Déda assinou um termo de cooperação técnica, o Mais Cultura. Os pontos de cultura a modernização de bibliotecas fazem parte desse programa. E, dentro do conjunto de ações que vamos negociar com o Minc para 2012, nós vamos inserir os agentes de leitura, que são uma reprodução dos chamados agentes de saúde para a área do livro e da leitura.  São profissionais que, a partir do próprio convênio do Governo do Estado com o Ministério da Cultura, são selecionados para visitar as casas das pessoas com um acervo bibliográfico e emprestam os livros. Eles conseguem saber qual o nível educacional daquela família, que tipo de leitura agrada, oferecendo o livro, fazendo um monitoramento desse processo e do gosto para a leitura. Nós estamos incorporando isso como um desafio para a Secretaria de Cultura para o ano de 2012 dentro do Programa Mais Cultura. Queremos que essa ação faça parte do leque de ações que a gente apresentou para o Governo do Estado dentro do programa chamado Sergipe Mais Justo, fazendo com que a cultura dialogue também com a erradicação da miséria, digamos, na luta por uma igualdade social.

Infonet – A Epiphânio será reestruturada?

EG – Nós temos um plano de recuperação das unidades culturais, já discutido e aprovado pelo governador. Da entrega do Atheneu, nós vamos revitalizar o Teatro Tobias Barreto, elaborar um projeto de mudança conceitual da própria biblioteca Epiphânio Dórea e nesse projeto também estão outras unidades, como o arquivo público e o Centro de Criatividade. A ideia é que a gente consiga recuperar essas unidades e dar melhores condições de funcionamento a elas.

Infonet – Em que sentido vem essa mudança?

EG – Vem no sentido de incorporar exatamente essa mudança conceitual. A biblioteca não pode ser tão-somente um espaço onde você tem livros e as pessoas vão lá para fazer pesquisa. Hoje nós temos no conceito de biblioteca a sala de audiovisual, por exemplo; a sala que dialoga com a cultura digital e faz com que você incorpore a tecnologia no processo de pesquisa, consiga digitalizar parte do acervo. Esse processo de mudança conceitual vai fazer com que a biblioteca tenha também um espaço de vivência, transformando o auditório num espaço de exibição para audiovisual – ou seja, é uma modernização estrutural da biblioteca. Teremos um café onde poderemos fazer com que outras vertentes da nossa cultura possa dialogar com o acervo bibliográfico, assim com acontece o Museu da Gente Sergipana, o Palácio-Museu Olímpio Campos, o Museu Histórico de Sergipe.

Infonet – E quando o Teatro Atheneu fica pronto?

EG – É um desafio que nós encaramos já há alguns anos. Graças a Deus e ao trabalho que a gente realiza aqui, nós vamos começar o ano reabrindo o Teatro Atheneu para o público, já em janeiro. A ação é fruto de um trabalho que a gente teve em que fazer uma captação significativa junto ao Ministério da Cultura. Nós não reformamos o Teatro Atheneu, simplesmente. Nós reequipamos o Teatro Atheneu – com todo o equipamento moderno de som, luz, de revisão da caixa cênica, dos camarins, então é um novo teatro que vamos entregar para a população.

Infonet – Também se ouve falar sobre um projeto para uma orquestra jovem. Como vai funcionar?

EG – A orquestra jovem é um dos projetos mais significativos que temos aqui. Ele está sendo cadastrado no Programa Nacional de Apoio à Cultura – vai, portanto, receber o selo da Lei Rouanet. Nós já estamos em contato com empresas, porque é um projeto que vai trabalhar a inclusão social através da música. Vamos utilizar a estrutura que temos da orquestra sinfônica para ensinar música, o processo de formação musical, passar por um processo de formação musical para jovens das comunidades carentes da Grande Aracaju. Esse é um projeto que nós também estamos abraçando como um dos principais para 2012, porque dialoga com uma das orientações do governo Marcelo Déda, que é a erradicação da pobreza.

Infonet – E quanto à questão dos editais de apoio às quadrilhas juninas e grupos culturais? Em que pé andam?

EG – É mais uma novidade que a gente está apresentando. Nós temos um planejamento de editais porque uma das ações que a gente desenvolve aqui é o processo de formação, de capacitação dos agentes. Nós temos o birô cultural, que circula o Estado de Sergipe ensinando e capacitando os nossos agentes para a elaboração de projetos de cultura. Para além disso, nós temos o dever de casa. Você aprendeu a elaborar o projeto, agora está aqui o edital, você pode desenhar seu projeto e apresentar para a gente. Neste momento, nós temos um edital permanente de difusão, em que os grupos que são convidados para se apresentar em eventos fora daqui recebem apoio da Secretaria de Cultura do ponto de vista de hospedagem, de passagem e apoio financeiro para poder se deslocar daqui de Sergipe. Nós tivemos ao longo desse ano o edital de circulação interna dentro do estado de Sergipe e estamos desenhando um edital inédito para as quadrilhas juninas para o ano de 2012. Assim convocamos para reeditar o edital de novas composições de forró, nós vamos também fazer um edital específico para as quadrilhas juninas do nosso Estado.

Infonet – A criação do curso de Audiovisual da UFS pode gerar uma pressão sobre a demanda do setor. Outros Estados do Nordeste, como Pernambuco, tem investido de forma significativa no cinema, por exemplo. Como a Secretaria de Cultura está cuidando disso?

EG – Eu acho muito importante, acho revigorante que esses meninos estejam saindo da universidade e que queiram abraçar a carreira do audiovisual, ajudar a desenvolver a cena. Eu tenho formação na área de audiovisual, sou uma entusiasta da área. Nós estamos com um edital hoje, aberto inclusive, e com um processo de prorrogação – o que eu acho estranho, porque abrimos um edital discutido com o Fórum do Audiovisual,e não tivemos o número de inscritos que desejávamos para as cinco produções. O edital foi prorrogado, está aberto, e eu acho que é um caminho muito claro que a Secretaria sinaliza para estimular a produção cultural do nosso estado. Para além disso, nós estamos desenvolvendo ações de capacitação e de formação. Estamos em busca de maiores parcerias com a Secretaria do Audiovisual [do Ministério da Cultura] e estamos trabalhando em um processo que é fundamental, o Cine Mais Cultura. Nós fomos contemplados com 24 unidades – só para se ter uma ideia, lançamos o edital e não conseguimos atingir o número de 24. Mas estamos pactuando com o Minc para fazer as instalações, inclusive em unidades da Secretaria de Cultura, e estimular o cinelubismo, uma laço importantíssima para a difusão da pratica do audiovisual, inclusive no interior e nas comunidades. Temos parcerias com o Sebrae nesse sentido e o nossa próprio projeto do Birô Cultural vislumbra, nas ações com o Sebrae, o desenvolvimentos de cadeias dentro da chamada economia criativa – e o audiovisual não fica de fora. É importante destacar que o edital está dentro do projeto Orlando Vieira. Foi um pacote de ações.

Infonet – Em que consistiu esse projeto?

EG – Aproveitamos a passagem dos 80 anos de Orlando Vieira para montar um pacote de ações que dialogam com a questão da preservação da memória. Audiovisual também é memória, e Orlando Vieira tem um acervo significativo, então estamos lançando um box com um documentário sobre ele. É importante registrar também que desenhamos um modelo inédito de estímulo ao audiovisual, quando resolvemos apoiar a produção de ‘O Senhor do Labirinto’. Nós condicionamos o patrocínio à contratação de profissionais sergipanos. Eles participavam desde o desenho do figurino até a parte da equipe técnica e de finalização. Nós replicamos isso com o filme do Hermano Pena, ‘Aos Ventos que Virão’, que hoje está em finalização. E, agora em janeiro, estamos em um processo de início de produção de ‘A pelada’, onde teremos a participação de Tuca Andrada, por exemplo É uma produção belgo-brasileira, sob a direção do cineasta Damien Chemin. Na própria seleção dos profissionais, o governo de Sergipe tem estimulado a contratação de sergipanos para, mais um vez, atuar na produção de um longa.

Redação Portal Infonet

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