Entrevista com Alex Sant”Anna

Noite de natal. Palco do Tequila Café em Aracaju. Um cara, vestindo saia vermelha, camisa vermelha e chapéu vermelho, avisa para platéia que o que eles irão ouvir a partir daquele momento é diferente do que eles já tinham visto passar por ali naquela noite. Antes já haviam tocado uma banda com estilo disco e mais uma menina cover de Alanis, The Cranberries e adjacências. O show começa e quem não conhecia Alex Sant”anna começa a conhecer… e gosta. Cara de menino, roupa de diabo, ele vai mostrando um repertório que é selecionado pela qualidade e não pelo sucesso da música e a platéia… dança feliz. Quem não gosta de personalidade? Acompanhado de Rafael na bateria, Robson no baixo, Álvaro na guitarra e Elisa na percussão, que prova que mulher que sobe no palco é pra ser mulher e não só pra balançar a bunda, Alex toca suas composições, além de visitar Zeca Baleiro, Bezerra da Silva, Novos Baianos, Mutantes, Chico Science e o que for bom. Quem conhece Alex sabe que nem Vírus, nem Trio Elétrico derruba esse garoto e quem não conhece vai conhecer agora. SERGIPE CULTURAL – E então quando foi que tudo começou? AS – Eu comecei na Vortical como vocalista em 94 que na época ainda era Taxidermia… Na verdade ninguém ainda tocava nada, mas a gente fazia nossos shows… depois eu deixei de ser vocalista pra ser baixista e o baixista foi ser vocalista. Nessa época eu também tocava com Ada Tulia que agora tem carreira solo. SC- E nessa época tocavam o que? AS – Com Ada era mais MPB e um pouco de Pop Rock. Ainda não tocava nada meu, não. Faltava coragem. ( risos ) Já na Vortical era mais pesado… Guitarra suja, mas eu não fazia aquele estilo cara de mau, não. Lembro uma vez que nós fomos tocar e todo mundo lá de camisa preta e eu fui com uma camisa amarela com o mickey. Todo mundo ficou me olhando assim… ( risos ) SC- Mais nessa época você já pensava em ser músico ? AS – Nada! Era só festa. Eu queria era beber umas cervejas e beijar na boca. SC- Então só com Perla que a coisa começou a ficar séria? AS – No início continuava sendo por causa das cervejas e dos beijos na boca. Eu conheci Perla através de um amigo meu, então formamos a banda e tocamos pela primeira vez no Tequila e agradou de cara, aí começamos a tocar direto no Tequila e fizemos uma temporada de dois meses no Los Gatos, todas as Sextas-Feiras. E foi ótimo… Acho que foi a época que eu mais bebi na minha vida. ( risos ) SC- Mas nessa época já tocavam músicas suas? AS – Sim. Tanto com Perla como na Vortical já tocávamos minhas músicas. SC- E qual era sua influência musical ? AS– Eu cresci ouvindo Chico Buarque, Caetano, Gil, que eram os discos do meu pai e os meus eram Titãs ( na época que eram bons ), Paralamas… SC- E Titãs agora? AS – Pois é… Você vê Nando Reis cantando ” Mina teu cabelo é da hora… ” não sente que o cara esta fazendo com prazer como na época de quando Titãs era mais pesado. Apesar que desde a época do Titanomaquia ( Sexto disco ) eles já vinham de olho no mercado. Foi na época que Nirvana e Pearl Jam começavam a fazer sucesso no mundo… SC – Mercado, sim. Mas e a qualidade? AS – Com certeza. Eu quero é vender, mas sem lesar a mim e a quem ouve. SC – Voltando a época que você tocava com Perla foi uma época que você amadureceu muito, certo? AS – Com certeza com Perla eu aprendi muito. Tocávamos músicas minhas e dela além de Pop Rock . Participamos do Festival Novo Canto e do Festival do Sesc com músicas minhas e ela ganhou o prêmio de melhor intérprete no SESC, só que aquilo pra mim já estava legal e ela queria mais e aí nos separamos. SC – Mas no dia seguinte ela já estava com uma banda nova e você demorou uns quatro meses pra se apresentar de novo. Por que tanta demora? AS – Acho que insegurança. Estava acostumado a tocar sempre com alguém. Sempre foi Ada e Alex, Perla e Alex… Eu achava que não cantava bem, que minha voz não era legal… Achava não. Ainda acho, mas hoje tento compensar com outras coisas. Tento compensar com a alegria, o visual… Eu não posso subir no palco com a cara feia, amarrada. Acho que eu tento tirar vantagem disso. SC- E na carreira solo, o repertório continuou o mesmo? AS – Mais ou menos. Eu tocava músicas de bandas e cantores já conhecidos, mas não o óbvio…Simplesmente eu não conseguia tocar “Será” do Legião Urbana. E geralmente os arranjos eram mexidos. Acho que por isso que não ia muita gente ver os shows… Mas o que eu acho que valeu e vale tanto na época de Perla, como depois e nos dias de hoje, é a alegria que a gente sente quando está no palco, é uma energia muito boa.

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