Antônio Camilo é o primeiro servidor do TJSE — não integrante da magistratura — a ocupar a cadeira de imortal na ASL

Com uma trajetória marcada pela dedicação à literatura e à preservação da memória cultural, o escritor, advogado e analista judiciário Antônio Camilo foi empossado, na última sexta-feira, 9, como membro da Academia Sergipana de Letras (ASL), sendo o primeiro servidor do Poder Judiciário de Sergipe, fora da magistratura, a ocupar a cadeira de imortal na instituição.
Em entrevista ao Portal Infonet, o escritor fala sobre o significado dessa conquista, sua trajetória literária e os projetos que pretende desenvolver como novo imortal das letras sergipanas.
Portal Infonet – O senhor é o primeiro servidor do Poder Judiciário de Sergipe, fora da magistratura, a ocupar uma cadeira na Academia Sergipana de Letras. O que essa eleição representa para o senhor e para outros servidores públicos que se dedicam à cultura?
Antônio Camilo: Quem lê a obra intitulada “Perfis Acadêmicos”, de autoria do insigne escritor José Anderson Nascimento, constata com facilidade que nos 96 anos da Academia Sergipana de Letras 18 servidores do Poder Judiciário de Sergipe, membros da magistratura, ocupantes do cargo de juiz e desembargador, tiveram assento na Casa das Letras de Sergipe. Acredito que durante tal lapso outros servidores não integrantes da magistratura reuniram condições de ocupar uma de suas cadeiras, mas coube a este analista judiciário quebrar este paradigma de dimensão quase secular. Não tenho dúvida de que tal conquista, tanto para mim quanto futuramente para outros servidores, configura-se como a materialização da frase que diz: “o sol brilha para todos”. Sim. O astro-rei brilha independentemente de sermos técnicos ou analistas, oficiais de justiça ou escrivães, juízes ou desembargadores. Confesso que não tinha como sonho chegar ao sodalício, integrar a Academia Sergipana de Letras. Meu único e verdadeiro sonho era ser reconhecido como um respeitável escritor, meta que estabeleci para atingir num prazo de 5 anos, e alcancei. Por isso, aproveito para deixar uma mensagem: acreditem nos seus sonhos, pois eles podem conduzi-los a lugares antes inimagináveis.
Portal Infonet – Quais serão suas principais missões e projetos como imortal da ASL? Há ações específicas que pretende desenvolver ou defender dentro da instituição?
Antônio Camilo: Frequento a Academia Sergipana de Letras desde 2018, quando fui admitido no Movimento Cultural Antônio Garcia Filho/MAC. Aproveito a oportunidade para a todos informar que a ASL é uma instituição essencial e das mais democráticas, pois lá tem voz os acadêmicos, os macadêmicos, como são carinhosamente chamados os membros do MAC, bem como os visitantes que comparecem às nossas sessões nas tardes de segunda-feira. Lá, debatemos não só temas culturais, mas também diversos outros assuntos que dizem respeito à vida em sociedade, como as temáticas ligadas à saúde, educação, meio ambiente, dentre outras. Levarei para o sodalício, por certo, alguma bagagem cultural que possuo, na certeza de que muito mais absorverei junto aos meus pares, sem preocupação com missões, projetos ou ações específicas, devendo atuar nas sessões como venho atuando desde que ingressei no MAC, ou seja, com presença constante, discrição e simplicidade. Certamente, passo a desfrutar de mais visibilidade por agora fazer parte do seleto grupo da intelectualidade sergipana, consciente, porém, do peso da responsabilidade por ter sido alçado ao rol dos imortais das letras de Sergipe.
Portal Infonet – O senhor construiu uma carreira sólida na literatura sergipana, transitando por diversos gêneros. Como essa trajetória o preparou para ocupar um lugar entre os imortais da Academia?
Antônio Camilo: Adquiri a facilidade de transitar por diversos gêneros literários. Iniciei no campo do versejar quando publiquei, em 2013, meu primeiro livro intitulado “UM PRESENTE DE DEUS – Histórias em Versos”. Já em 2016, lancei um livro de contos intitulado “CONTOS DE PÉROLA”. E a partir de 2018, apaixonei-me pelas obras biográficas, tendo publicado naquele ano “GETÚLIO SÁVIO SOBRAL- Fé, Trabalho e Perseverança”. Em 2019, lancei “ELYSIO CARMELO – Um Homem Admirável”. Já em 2022, publiquei “ROCHINHA – Decano da Humildade” e “A FAMÍLIA DO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA NO BRASIL”, tendo esta obra sido traduzida para o idioma italiano e lançada em Portugal e na Itália. Em 2023, publiquei “ANTONIO CARLOS VALADARES – O Realizador de Sonhos”. E em 2024, foram lançados “CARLOS MAGALHÃES – Pode me chamar de Magá que eu não me incomodo” e “JOSÉ TRINDADE – Um homem singular. Um ser especial”. São 9 livros num lapso de 11 anos. Tenho o privilégio de possuir obras prefaciadas e apresentadas pelo ex-presidente da República José Sarney, pelo ex-senador Pedro Simon, pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto, pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho Augusto César Leite de Carvalho e pelo ex-senador Francisco Guimarães Rollemberg. Foi justamente essa robusta produção literária que me credenciou a chegar na Academia Sergipana de Letras, passando a ter por pares homens e mulheres a quem aprendi a admirar como figuras luminares de nossas letras.
Portal Infonet – A biografia é uma das marcas da sua obra. Como enxerga o papel do escritor como guardião da memória e da identidade cultural sergipana?
Antônio Camilo: Atualmente, dedico-me exclusivamente a produzir obras de cunho biográfico. Tendo transitado por vários gêneros literários e percebido o valor de cada um deles, ou seja, a sensação que uma poesia bem escrita, um conto bem delineado ou uma crônica bem construída provoca no leitor, descobri que, diferentemente dos demais gêneros, somente a biografia é capaz de registrar e eternizar para as atuais e futuras gerações as belas e inspiradoras histórias de vida de pessoas notáveis, muitas delas simples e outras afortunadas. É justamente neste ponto que reside a beleza e a importância da obra biográfica, pois qualquer pessoa que considere ser detentora de uma rica trajetória pode ter sua história perpetuada. É oportuno também destacar que embora o escritor, independentemente do gênero literário que abrace, desempenhe um papel fundamental na difusão cultural, o biógrafo, com seu trabalho minucioso de pesquisa e exaustivo processo de coleta de informações, pereniza, como fiel guardião da memória, as histórias daqueles que construíram e constroem a história de Sergipe.
Portal Infonet – Qual mensagem deixa para os jovens escritores e escritoras que buscam espaço no cenário literário sergipano?
Antônio Camilo: Inicialmente, gostaria de deixar uma mensagem para aqueles que sentem um lampejo para abraçar a literatura. Passem para o papel ou, como é mais comum nos dias de hoje, registre nas notas do aparelho celular ou no computador todo texto e toda história que lhe vier à mente e que pense ser improvável para publicação, pois aquelas linhas podem, um dia, se tornar um belo livro. Foi assim que iniciei minha caminhada no mundo literário. Desde os idos de 1980 comecei a escrever e guardar meus poemas e histórias. Em 2013, publiquei meu primeiro livro intitulado “UM PRESENTE DE DEUS – Histórias em Versos”. De lá para cá são ao todo 9 livros publicados. Já para os jovens escritores, sugiro que leiam obras de diversos gêneros literários e acreditem nos seus sonhos, pois, como já afirmei, eles podem conduzi-los a lugares antes inimagináveis.
Por Verlane Estácio
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