Escritor sergipano tem texto encenado em SP

Espetáculo 'Azul, Doce Azul!'

O escritor e poeta Gustavo Aragão esteve por cinco anos fora do estado buscsndo se especializar e levar sua arte além fronteiras. Nesta entrevista ele fala de seu amor pelo teatro, sobre a experiência em uma cidade longe de casa, as pessoas que conheceu e também sobre o que aprendeu. Acompanhe!

Portal Infonet – Você esteve em São Paulo expandindo seu trabalho. Por quanto tempo esteve por lá? Conte um pouco dos trabalhos que deram frutos no Sudeste?
Gustavo Aragão
– Sim. Fui a São Paulo no intuito de cursar meu mestrado em Artes Cênicas na ECA/USP, cheguei a ser aluno ouvinte de Maria Lúcia Pupo, um referencial nos estudos da Pedagogia do Teatro em nosso país, a indiquei como minha orientadora, participei dos 5 níveis de avaliação na tentativa de ingressar, mas não consegui. Ainda em 2007, antes mesmo de tentar meu mestrado, participei de uma Reunião Científica da ABRACE (Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas), que aconteceu na UFMG, daí os caminhos pareciam-se abrir para mim. Não encontrando mais vaga no GT (grupo de estudos) de Recepção do fenômeno cênico, linha de pesquisa vinculada ao meu projeto, acabei participando de um GT relacionado à Pedagogia do Teatro, mesmo sem ser este o meu foco de interesses naquele momento. Estava disposto a tudo. Conheci ilustres pensadores do teatro no Brasil e cheguei a apresentar meu projeto de mestrado a Ingrid Dormien Koudela, a tradutora dos cadernos de Viola Spollin no Brasil, introdutora dos jogos dramáticos, na década de 1960.

Gustavo e elenco

Koudela firmou-se como uma estudiosa que influenciou toda a pedagogia relativa ao Teatro no nosso país desde então. Tive o aval dela para participar do processo seletivo na ECA/USP, mas ressaltou que não poderia me orientar, pois ainda não sabia se iria ou não participar de “bancas” naquele ano.

Infonet – Foi aí que você tentou Belo Horizonte?
GA-
A minha ida a Belo Horizonte foi um símbolo de ousadia. Mal havia terminado minha graduação e já me inscrevi num evento de tamanha grandeza que eu mal sabia o grau de importância que tinha no meio científico. Quase não conhecia Belo Horizonte, a não ser por ter feito uma viagem maravilhosa tempos antes, quando visitei as principais cidades históricas de Minas. Lancei-me em BH na busca incansável por minha realização. Não sabia o que ia encontrar, mas fui destemido. Chegando lá quase não pude participar, pois só mestres ou mestrandos ou mesmo pessoas indicadas por professores ou orientadores podiam participar do evento. O que fazer se Aracaju nem se cogitava a possibilidade de haver um curso de Artes Cênicas? Como já havia gasto com passagens, hospedagem, inscrição no evento, nada mais me restava a não ser insistir em participar do evento. E assim o fiz. Insisti tanto que um professor presente no local decidiu me indicar; assim pude validar minha inscrição e participar do evento. Conheci, além da Ingrid Dormien, a Deolinda Vilhena, o Armindo Bião (UFBA), dentre outros. Assim que cheguei em São Paulo passei praticamente dois meses e meio estudando das 9h da manhã às 17h na Biblioteca da ECA, lendo dissertações afins e livros referendados para o processo seletivo. Conheci tanta coisa interessante. Fichei inúmeros estudos e mergulhei nesse universo maravilhoso e que me seduz profundamente. Depois da prova escrita, durante a entrevista com a banca a professora me disse: “Mesmo que você não consiga passar agora. Não desiste, não. Você tem talento, garoto. É que tem pessoas que já tentam há três anos… Mas não desiste.”. Passei pelo processo seletivo e me senti péssimo quando vi que havia ficado entre os excedentes. Não tinha sido daquela vez.

Infonet- Foi quando você teve que ser mais que estudante?

Leitura Dramática

GA- A partir desse momento ou eu trabalhava para me manter em São Paulo no intuito de tentar outras vezes ou tudo seria muito difícil e teria de retornar antes do tempo. Eu acreditava que aquela fase inicial, era apenas um momento difícil, mas que eu precisava continuar persistindo. E foi isso que fiz. Morei numa hospedaria na Vila Mariana, comia muito mal e não tinha condições de assistir a espetáculos ou sair pra conhecer a cidade. O meu início em São Paulo foi de muitas privações. Ainda nos meus primeiros meses, consegui o contato com o Dr. Ives Gandra Martins, mal sabia quem ele era, mas Francisco Diemerson, decano da Arcádia, naquele tempo secretário executivo da Academia Sergipana de Letras, meu suplente, arranjou os contatos dele para mim. Vi a possibilidade de arranjar um emprego, liguei para ele e o ilustre senhor me convidou a visitar a Academia Paulista de Letras, a participar de uma reunião com ele. Não tive como me negar a um convite desses. Fui. Vesti meu terno e fui ao encontro dele no horário e local marcados. Meio baratinado, consegui encontrar o prédio da Academia Paulista de Letras incrustado no Arouche, bem defronte a umas floriculturas.

Infonet- Foi neste dia que você conheceu acadêmicos como Lygia Teles?
GA
– Sim.  Tudo era novo para mim. E ao chegar no prédio fiquei aguardando Dr. Ives para a reunião marcada. Naquele dia, ele se atrasou em alguns minutos, quando ele chegou a reunião já havia começado e só eu tinha ficado por ali pelo corredor. Então logo me reconheceu e me conduziu a sala de reuniões. Um encanto! Não estava me contendo de tanta alegria. Insistiu que eu sentasse ao lado dele, mas preferi me restringir aos bancos dos visitantes e convidados. E ele, em dado instante, me apresentou a todos. Fui laureado com uma salva de palmas. Na sequência da reunião fui convidado a participar do chá das 17h. E lá conheci Lygia Fagundes Teles, um amor de pessoa, Gabriel Chalita, dentre outros. Tive também o privilégio de conhecer a biblioteca da Academia, com destaque a seção de livros raros. Lembrei-me de João Costa, emérito professor de Língua Portuguesa da UFS, meu eterno professor. Lembrei-me do professor Antônio Cardoso, da professora Maria do Socorro, do professor Manuel Messias, dentre tantos outros que se passaram na minha lembrança àquele momento.

Infonet- Quando iniciou a sua atividade editorial?
GA-
O Grupo dirigido por Alberto Santos tinha uma proposta ousada, uma poética completamente experimental. Foi nesse grupo que formei meu primeiro ciclo de relações, foi ao conhecer Ellen Silvestre que fui indicado a um birô editorial que estava surgindo à época e tive minha primeira oportunidade de trabalho, como estagiário de revisão. O grupo não me dava dinheiro nenhum, estava nele pelo mero prazer que o fazer teatral me traz e pelos estudos que estava tendo a oportunidade de desenvolver na companhia de pessoas interessadas, inteligentes e interessantes. Cheguei a participar de um espetáculo, intitulado “Você nunca viu nada igual”. Ficamos em cartaz por mais tempo do que imaginávamos que seríamos capazes. Apresentamos para algumas faculdades de Psicologia e Filosofia, sem maiores pretensões. Depois nos inscrevemos no Festival de Porto Alegre e fomos selecionados para Mostra Paralela do festival. Um feito!

Infonet – E suas publicações?
GA
– Produzi muita poesia sorvendo minha solidão e a traduzindo em arte sempre que possível, filtrando as experiências e o caos e metamorfoseando-o em objeto de fruição e beleza. Publiquei o livro Cristalino, em 2008, umas das várias conquistas, além do apartamento que aluguei naquele ano, também na Vila Mariana, na Lins de Vasconcelos. Nesse mesmo tempo prestei serviços para o IBEP, para a Ática e para a Editora do Brasil. Tempo depois, tornei-me um oficineiro dos Satyros, para saciar minha ânsia pelo teatro, já que não tinha condições de fazer WOLF Maia, mas foi tão maravilhoso e enriquecedor que não caberiam aqui as palavras para descrever. Participei de audições para comerciais, para musicais…

Infonet- E como surgiu a peça ‘Azul, doce Azul!’?
GA-
Já quase em meio aos ensaios do espetáculo de encerramento da Oficina me pediram uma indicação de um texto de teatro infantil, pois alguns integrantes dos Satyros estavam com vontade de montar um infantil. Sugeri o “Azul, doce Azul!” e eles amaram o texto e a proposta cênica.  Já nos últimos dias da oficina tive a certeza de que o texto escolhido era o meu. Não coube em mim a felicidade que senti. Eis um dos períodos mais difíceis de minha estada em São Paulo. As coisas pareciam desandar. Não conseguia entender o que estava acontecendo. Parecia que a vida me puxava para Aracaju novamente. Vivi os piores momentos de minha vida. Fiquei com a saúde meio debilitada, saí da Editora do Brasil, fiquei desempregado, a oficina estava no fim, passei na PUC no curso de Semiótica Psicanalítica (Clínica da Cultura), mas não tinha como pagar. O mundo parecia estar desmoronando dentro e fora de mim. Decidi voltar. Nessa época já estava trabalhando numa pequena editora, Esfera, de meu amigo Maurício Barreto, sediada no bairro São Joaquim, dividia o setor de Revisão com Nancy Valença e Vera Lúcia da Costa, duas amigas para a eternidade. Nancy ao ver minha dificuldade para retornar, emprestou-me uma quantia em dinheiro, sem pestanar, para me ajudar no transporte da parca mobília que havia adquirido para o meu simples apartamento. Voltei e não me arrependo de nada que fiz. Faria tudo novamente se fosse possível. Dinheiro nenhum no mundo paga as experiências de vida e profissional que tive. Foi um tempo de descobertas que me deixou inúmeras saudades.

Infonet- Por que procurar por São Paulo? Aqui você não conseguiu publicar algumas de suas obras?
GA
– Consegui publicar 5 livros em Aracaju, com forte aceitação pública. Fui adotado em mais de 40 escolas da rede particular em Aracaju, ao mesmo tempo. Vendi só aqui uma soma de 18.000 exemplares. Para mim, isso é maravilhoso! Mas todo autor sonha em ser publicado por grandes editoras e veicular seus escritos em nível nacional, quiçá, internacional. Não fui em busca de editoras, mas em busca do meu mestrado. E acabei entrando no meio editorial, fui levado a ele pela vida, sem força. A vida é um rio que flui e que nos conduz, às vezes, a lugares que sequer imaginamos. Cabe a nós sabermos tirar o melhor proveito desse rio.  Estamos sempre nos descobrindo a cada veio que aparece em nosso curso e assim descobrimos a vida e somos encobertos por ela.

Infonet – Na prática, como você acredita que empresas e o poder público podem ajudar os artistas profissionalmente?
GA-
Elas não só podem como devem ajudar. Que maravilha é saber que uma empresa financia a Cultura em nosso país. Como seríamos felizes, nós artistas, se não precisássemos mendigar para realizar nossos projetos culturais. Se são destinadas verbas para que projetos culturais sejam financiados, elas precisam chegar aos artistas, sem que para isso se precise mendigar ou fazer parte de “panelinhas”. Se constatamos que o que é destinado é pouco, então precisamos lutar por maiores subsídios para que possamos fortalecer a nossa cultura e revelá-la como merece aos quatro cantos do país. Os artistas precisam ser estimulados, reconhecidos, valorizados. Eles beneficiam o outro, o espectador, o leitor.  Promovem a beleza, a fruição, o despertar da consciência, o saber. É preciso acreditar na arte como elemento de transformação pessoal, social, assim como é indispensável dar voz ao seu criador ou que ao menos permita que ele fale por suas criações. Mexer com mentalidade, com o despertar de consciência é perigoso para muitos. Mas o que seria do mundo sem a Arte que o cristaliza, que o suscita, que o excita e incita. É preciso permitir que a Arte chegue ao povo. E se o poder público e as empresas privadas querem cativar o povo, então que, em forma de respeito, ofereçam ao povo a oportunidade que precisa para se sentir prestigiado, amado e atendido. Mas que não façam da arte um mero elemento de conquista de votos ou clientes, mas que possam também cativar as pessoas pela associação com o belo que a arte resguarda, não de modo sofismático, mas como a respeitar o ser criador que cada um resguarda em si.
 
Infonet- O espetáculo infantil “Azul, doce azul!”, de sua autoria, está sendo encenado por uma companhia paulista. Como isso aconteceu? Como está sendo a repercussão? 
GA-
Já quase em meio aos ensaios do espetáculo de encerramento da Oficina me pediram uma indicação de um texto de teatro infantil, pois alguns integrantes da Companhia dos Satyros estavam com vontade de montar mais um infantil. Sugeri o “Azul, doce Azul!”, de minha autoria, e eles amaram o texto e a proposta cênica.  Já nos últimos dias da oficina tive a certeza de que o texto escolhido era o meu. Não coube em mim a felicidade que senti. Inicialmente o texto foi comprado pelo SESC-SP, ficando em cartaz de 5 a 26 de Junho no Sesc- Ipiranga. Depois tive a feliz notícia que a Secretaria de Estado de São Paulo havia comprado 90 apresentações, que seriam realizadas nos CEUS da grande São Paulo e em municípios vizinhos. A repercussão foi maravilhosa, superando nossas expectativas iniciais.

Infonet- Foi a primeira vez que um texto seu é encenado?
GA-
O texto do Azul, doce Azul! já nasceu em forma de espetáculo. Quando ainda estudante da UFS, o escrevi nos períodos de intervalo entre uma aula e outra, na Biblioteca da Universidade. Foram surgindo diálogos sucessivos que, com o passar do tempo, foram sendo aprimorados. Depois construir em forma narrativa. Tenho ele nas duas versões.
Este não foi o meu primeiro texto para teatro. Antes já havia escrito outras coisas e depois também. Tenho arquivados em gênero dramático: uma adaptação que fiz do livro “O pequeno príncipe”, caso tivesse tempo a reconstruiria; tenho “Conhecendo um belo mundo chamado Natureza”, que participou de um concurso nacional de dramaturgias, lançado pelo Ministério da Cultura; tenho “Tebaida, um sonho salesiano”, que conta a trajetória dos salesianos em Sergipe; Cristalino (também nasceu como espetáculo primeiro); depois adaptei “Os encantos de uma floresta” para teatro; “A Poesia da Canção” (que conta a trajetória da Música Popular Brasileira) para o CCPA; “Teatro: invenção de grego?” também como encomendo do Colégio CCPA; noutros tempos escrevi alguns esquetes sob encomenda para Petrobras e para a Vale do Rio Doce (“O Fantasma do H2S” e “Preserve a Natureza você também”, encenado pelo extinto (?) Grupo de Teatro Risos e Lágrimas).
Como pôde perceber, o Azul, doce Azul! não foi o meu primeiro texto teatral, mas foi aquele que mais repercussão teve, posso afirmar, até, em nível nacional, não é mesmo.

Infonet- Qual a sua preocupação ao escrever para crianças?
GA-
Sou meio idealista e acredito na criança como um símbolo de pureza, como um ser que está predisposto às descobertas, ao crescimento. É um ser mágico que se comunica facilmente como universo simbólico dos sonhos. E é em linha de sonhos que tento tecer a minha literatura. Tenho a intenção de despertar nas pessoas o lado mais pueril e fantástico, o quê mais humano que resguardamos, independente de nossa idade. Preocupo-me em promover a humanização e o sonho. Não um sonho alheio da realidade, mas aquele que possa nos ajudar a encarar a realidade com mais leveza, nem que para isso, às vezes, precise ser destacado alguns aspectos de realidade. Nossas palavras ganham fisionomia, resguardam em si nesgas de nossa alma e de nosso coração e firma-se em página pálida como um quadro pintado em prol de um momento de iluminação, de estado de graça, ou do despertar de consciência. A literatura é assim, às vezes ganha o nosso inconsciente que nem percebemos, só tempos depois ela detona como a querer nos transformar em seres melhores e mais conscientes.

Infonet- Ao escrever um livro que foi adaptado para escolas você toma algum cuidado diferente?
GA-
O ato da escrita, apesar de todo o estudo que o cerca, tem de ser, por incrível que pareça, algo espontâneo. Mas é preciso teimar com as palavras, limá-las, transpirar mil gotas de agonia para só depois aproximar-se daquilo que objetiva em seus escritos. Escrevo apenas. Depois desse primeiro momento, depois do fluir em palavras, aí detona a consciência, mas não posso deixar que ela interfira a todo custo na minha produção. É preciso apenas conformá-la ao aceitável. Sempre existe uma edição, uma revisãozinha, mas respeitando a integridade do meu texto. Jamais vou priorizar o didatismo em minhas obras; ele não é o mote de nenhum texto literário. Precisamos priorizar, sim, o ludismo com as palavras, o jogo da literariedade, a plurissignificação, aspectos próprios do literário. Não penso e jamais pretendo transformar minhas obras em meros recursos didáticos ou paradidáticos. Elas são literatura, expressão do meu eu explodindo em palavras. E assim tento delineá-las. Desculpe-me, público leitor, se beirei o didatismo em algum momento, mas esta não é a minha intenção primeira.

Infonet- Quais os projetos para 2012?
GA
– O que não faltam em minha cabeça e em minha vida são projetos. Mas de modo bem sucinto minhas projeções são: Espero ministrar a Oficina de Produção de Textos, durante o Encontro Cultural de Laranjeiras, de 3/1 a 6/1, com maestria, fazendo jus ao convite recebido de Jeane Aguiar, Maésia e Irineu Fontes; lançar “A Lenda do Girassol – Coaraci e o Girassol encantados”; encaminhar para avaliação e, quem sabe, até, publicar também “À conquista do Afeto” (meu primeiro romance juvenil em fase de finalização, que versa sobre o Bullying); lecionar as disciplinas que a mim foram confiadas com o máximo de eficiência e satisfação; viajar para onde ainda não sei, mas viajar sempre é muitíssimo importante e bom e caso consiga conciliar a minha rotina desgastante de professor com meus estudos, vou tentar meu mestrado mais uma vez, tentando adequar o meu projeto às linhas de pesquisa que temos disponíveis aqui no âmbito das Letras, ou buscando outro objeto de pesquisa, quem sabe, não é.
Queria tanto publicar meu compêndio de poemas, mas acredito que não terei condições financeiras para bancar mais essa publicação. Tentarei mesmo assim. A vida dos escritores é uma corrida causticante em prol de realizações. Felizes aqueles que conseguem alcançá-las.

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