Espetáculo “Saluba.Medeia” estreia nesta sexta

(Foto: Victor Balde)

Projeto de montagem do espetáculo teatral intitulado “Saluba.Medeia” com temporada de 12 espetáculos em Aracaju. Esse espetáculo é resultado de uma parceria entre o ator e diretor Celso Jr. e ao Grupo Caixa Cênica e é uma oportunidade de fortalecimento do intercâmbio entre profissionais do campo cultural de Salvador e Aracaju, após a bem sucedida experiência da montagem e temporadas de “Felicidade conjugal ou Quase isso”, realizada por este diretor com outro sergipano e apresentada com sucesso em Aracaju e Salvador. A peça estreia nesta sexta-feira,9, às 20h.

A peça ficará até dia 1º de setembro com apresentações às sextas e sábados às 20h e no domingo às 19h. Sendo que na sexta o espetáculo é gratuito para alunos de escolas públicas e estudantes de Teatro da UFS pagam R$ 5,00 reais. Para o público em geral os ingressos custarão R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada).

O espetáculo é baseado na tragédia grega escrita por Eurípides, que traz como tema central as deformações da ideia do amor desmedido de uma mulher, cujas ações funestas provocam como consequência a morte de seus próprios filhos, como meio de atingir o ex-marido que a abandonou em troca de um casamento mais promissor.

O elenco formado por quatro atores, que se revezam nos papéis da tragédia e se dividem na composição do coro. Para este espetáculo, o diretor Celso Jr. criou uma versão inédita da tragédia euripidiana especialmente para esse grupo de atores.

A intenção desta versão do texto de “Medeia” é buscar elementos contemporâneos que facilitem o acesso e compreensão de todos os elementos da trama para o público atual, sem prejuízo para a lírica presente no texto original de Eurípides. Para esta versão, o diretor utilizou como referências as traduções de Millôr Fernandes, Mário da Gama Cury e Flávio Ribeiro de Oliveira, assim como a versão romanceada voltada para adolescentes, escrita por Valérie Sigward.

Eurípides é um dos grandes dramaturgos gregos, juntamente com Ésquilo e Sófocles. Dos três, Eurípides é considerado o mais humanista, justamente por colocar em suas peças o embate sempre localizado primordialmente entre homens e mulheres, ao contrário dos outros, cujas ações são mais concentradas nas relações entre homens e os deuses. A tragédia de Eurípides ocorre no plano humano. Suas personagens, embora possuam envergadura trágica, são homens e mulheres imbuídos em dar conta de um mundo caótico de desordem, devido a desmedidas humanas.

Assim, o Grupo Caixa Cênica dá inicio a um novo processo de montagem onde nele estarão inseridos processos de pesquisa de linguagem, e em consonância com o diteror Celso Jr. que permanece no esteio da busca da compreensão do que sejam as representações do amor. Assim como foi em “Felicidade conjugal ou Quase isso”, o novo projeto fala sobre o amor, porém desta vez, apresenta uma faceta do amor desmedido e destrutivo de “Saluba.Medeia”.

Conceitualmente, a idéia de minimalismo determinou as escolhas estéticas para a montagem. Tomando como ponto de partida a característica de a protagonista ser uma mulher banida, proscrita, usaremos o máximo de materiais reciclados para a confecção dos figurinos. Como se Saluba.Medeia compusesse suas vestimentas com restos de roupas de outras pessoas, doações para desabrigados. Para a cenografia, ainda sob o conceito minimalista, a idéia é utilizar uma base de madeira que represente a “orquestra” grega, como área de atuação do coro e dos protagonistas. Ao fundo, painéis de cor crua que representem a fachada principal das muralhas da cidade, assim como suporte para a projeção de imagens, ao final da peça.

E mais além, o enfoque será a pesquisa de linguagem corporal e vocal dos atores, transformando os ensaios em um laboratório, trazendo à cena as principais técnicas de interpretação teatral, com utilização de elementos de Stanislavski, Brecht, e Grotowski, buscando criar um instrumental técnico para os atores, sem desprezar as teorias e tradições às quais eles estão inseridos.

Concepção Cênica

Uma das referências que a concepção cênica usará para estabelecer um vínculo com a realidade brasileira é a analogia das personagens principais da tragédia grega com a mitologia do candomblé. Assim, após uma pesquisa realizada pelo antropólogo Breno Carvalho, estabelecemos que as personagens Saluba.Medeia e Jasão deverão ser identificadas como os orixás Nanã e o jovem Oxalá, devido à relação de atrito e disputas coincidentes entre eles.
Na mitologia afro-brasileira, Nanã foi desposada por Oxalá apenas por interesse deste, e esta relação gerou um filho deformado (Omulu) que Nanã, horrorizada teria jogado num rio, logo após o nascimento. O mito africano segue com a punição de Nanã, cujo segundo filho (Oxumarê) seria lindo, porém não ficaria jamais perto da mãe.
Desta maneira, Medeia deve estar vestida com as cores atribuídas a Nanã (lilás e roxo) e o Jasão com as cores atribuídas ao jovem Oxalá (branco e azul), além disso, algumas das características marcantes das personalidades dos orixás deverão ser utilizadas na composição das personagens gregas.

Justificativa

A premissa principal da escolha da montagem foi criar associação entre o diretor e ator Celso Jr. com o Grupo Caixa Cênica, proporcionando a continuidade de intercambio cultural entre as cidades de Aracaju-SE e Salvador-BA.

Celso Jr. é um ator e diretor profícuo e reconhecido pela qualidade de suas montagens tanto em Salvador como em Aracaju enquanto que a Cia de Artes Mafuá, ao longo de 13 anos, vem se destacando na cena teatral de Sergipe. Ao fixar residência na capital sergipana, Celso Jr. oferece, com Saluba.Medeia, uma contribuição única para a cultura sergipana, aproximando os ideais estéticos do berço grego do teatro à cultura brasileira, dando continuidade à sua carreira como encenador, acompanhado por um elenco de atores experientes e conhecidos na cena sergipana. Com esta montagem, a Cia de Artes Mafuá investe culturalmente numa montagem inédita em palcos aracajuanos, e inicia em uma pesquisa de linguagem contemporânea tendo como temática as faces do amor e suas variantes.

A formação de uma equipe mista, composta por profissionais das duas capitais (Salvador e Aracaju) possibilitará ainda a troca de experiência e expertise do fazer teatral nesses estados do Nordeste, assim como foi realizado anteriormente por esse diretor no espetáculo “Felicidade conjugal ou Quase isso”.

A montagem tem como qualidade a composição de personagens consistentes e sua concepção valoriza as habilidades cênicas dos atores, que deverão se revezar para dar conta a diversos personagens. Desse modo, o projeto é formado por profissionais de reconhecida experiência no campo cultural.

Direção e atores

Celso Jr. (Diretor e ator – Jasão)
Celso Jr. é professor, ator e diretor teatral, Bacharel em Artes Cênicas (Habilitação em Direção Teatral) pela Escola de Teatro da UFBA, em 1994. Obteve o título de Mestre em Letras (Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura) no Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística da UFBA, em 2005, defendendo a dissertação intitulada O estupor em Beckett – O estupor como tragédia e libertação em Eleutheria.

Como ator, começou a carreira na Companhia Baiana de Patifaria no espetáculo Abafabanca em 1987. A partir de então, foi dirigido por grandes nomes do teatro baiano: O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchekhov, sob direção de Harildo Deda (1989); Sapomorfose, sob direção de Deolindo Checcucci, (1990); Em Alto Mar, dirigido por Ewald Hackler, (1992), que lhe valeu a indicação para o Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Teatro Universitário de Blumenau); ainda teve atuações elogiadas em Otelo, de Shakespeare, dirigida por Carmem Paternostro (1995) e A Megera Domada, também de Shakespeare, dirigido por Teresa Costalima, (1998).

A partir de 1992, iniciou sua carreira como diretor tendo trabalhado em O cachorro morto (Der tote hunde), de Bertolt Brecht; Quad, de Samuel Beckett (espetáculo de dança-teatro elogiado pela crítica especializada); e ainda as comédias de autores brasileiros Um prato de mingau para Helga Brown, de Luís Sérgio Ramos; Fulaninha e D. Coisa, de Noemi Marinho e Não vamos falar nisso agora, de Claudius Portugal. Outra montagem sob sua direção foi a comédia policial Quem matou Maria Helena?, de Claudio Simões, sucesso de público e crítica que permanece há mais de 9 anos em cartaz nos palcos de Salvador, interior da Bahia, Brasília e São Paulo. Em 1999, traduz, adapta e dirige a comédia Médico a pulso (Le medécin malgré lui), escrita por Molière.

Para o público infantil, dirigiu o clássico brasileiro Pluft – o fantasminha, de Mª Clara Machado (1995 e 2002), e também a peça contemporânea alemã Puxa vida!, (Mannomann) que recebeu Troféu Bahia Aplaude de Melhor Diretor e ainda os prêmios de Melhor espetáculo infantil no Festival Isnard Azevedo, em Florianópolis (1994).

Celso Jr. dirigiu as montagens de O cego e o louco, de Claudia Barral; Uma tonelada de amor, (baseada em Noite de reis, de William Shakespeare) com a Companhia de Teatro Os Argonautas e ainda 1001 Noites, com o Grupo Olho de Boi, formado por funcionários dos Correios, com estréias realizadas no ano 2000.

Em 2003, a montagem de Pluft – o fantasminha, sob sua direção, recebe o Prêmio Braskem de Teatro na categoria Melhor Espetáculo Infanto-Juvenil de 2002. Em 2004, além das atividades acadêmicas, assume o cargo de professor de Interpretação teatral no curso superior em Artes Cênicas da Faculdade Social da Bahia. Ainda neste ano, recebeu a indicação ao prêmio Braskem de Teatro na categoria Melhor Ator, por sua atuação na montagem de Budro, de Bosco Brasil, sob direção de Tom Carneiro.

No ano de 2005, defendeu sua dissertação de mestrado obtendo assim o título de Mestre em Letras e Lingüística. Ainda neste ano, atuou na montagem O despertar da primavera, de Frank Wedekind, sob direção de Gil Vicente Tavares, no Teatro Vila Velha e esteve em cartaz na Sala do Coro do Teatro Castro Alves com Hamlet, de William Shakespeare, sob direção de Harildo Deda, a XIª montagem do Núcleo de Teatro do Teatro Castro Alves.

Em 2006, dirigiu Estilhaço[s], uma reunião de textos contemporâneos internacionais, para a formatura da turma de Interpretação Teatral da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (duas indicações ao Prêmio Braskem de Teatro 2007). Neste mesmo ano dirigiu o espetáculo Todos os que caem, de Samuel Beckett; mostra de formatura da primeira turma de graduação do Curso Superior em Artes Cênicas da Faculdade Social da Bahia.

Em comemoração aos seus 20 anos de carreira, esteve no elenco da montagem de Shopping and fucking, o polêmico texto de Mark Ravenhill, sob direção de Fernando Guerreiro, em cartaz de março a setembro de 2007. Simultaneamente, adaptou e dirigiu a montagem da comédia As desGraças de uma criança, baseada na obra de Martins Pena, com a Cia. Experimental de Teatro da FSBA, no Teatro ISBA.

Em 2008, adaptou e dirigiu Preciosas ridículas, baseada na comédia de Molière, espetáculo que permaneceu em cartaz até 2009. No ano de 2009, co-dirigiu e atuou no espetáculo Caso sério, de Claudio Simões e Margareth Boury, que obteve quatro indicações ao Prêmio Braskem de Teatro (Melhor ator, Melhor atriz, Melhor texto e Melhor espetáculo adulto) e esteve como diretor no espetáculo “Felicidade Conjugal ou quase isso!”, contemplado pelo Prêmio Funarte de teatro Myriam Muniz em 2009. Atualmente, Celso Jr. é professor assistente do Núcleo de Teatro da Universidade Federal de Sergipe, e reside em Aracaju.

Diane Veloso (Atriz – Medeia)

Diane Velôso de Araújo é natural de Aracaju e graduanda do curso de Artes Visuais (UFS). Iniciou sua carreira aos 16 anos, estreando profissionalmente com os espetáculos “Quando o mordomo não é o culpado” (1995) e o infantil “O Brilhante mágico” (1995), recebendo indicação ao prêmio Arlequim de mármore nas categorias de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante. Dentre seus trabalhos teatrais destacam-se: “Tem história de todo jeito” (1996) direção de Raimundo Venâncio, “Bodas de Sangue” (1997) com direção de Sidnei Cruz (RJ), “Ditirambos” e “Os Desencantos do Diabo” (2000) com direção de Moncho Rodrigues (Espanha).

Em 2001 fundou o Grupo Caixa Cênica com a montagem “Respire… e conte até 10!” (2002) com direção de Sidnei Cruz onde atuou como atriz e produtora. “Desvalidos” (2004) com o Grupo Imbuaça (SE) com direção de Rodolfo Garcia Vasquez (SP), “Projeto cenas de bolso: duas histórias de amor” (2009) com direção de Fábio Rodrigues e produção do grupo Caixa Cênica, “Pela Janela” (2011), com direção de Maicyra Leão . No cinema os principais trabalhos foram: nos curtas ELIPSE, destaque na edição de 2003 do PHILADELPHIA AWARDS, “A morrer” (2003) e “Resfriado” (2009) da diretora Gabriela Caldas. Atuou e fez produção de elenco do longa metragem “Orquestra dos meninos” (2008) do diretor carioca Paulo Thiago e fez produção de elenco local e atuou no longa metragem “O Senhor do Labirinto” (estréia prevista para 2009) do diretor Geraldo Motta (RJ)
Preparadora do elenco da cidade sertaneja Poço Redondo para o Longa-metragem Aos ventos que virão do diretor Hermano Penna (2010). Atualmente dirige e atua no espetáculo “O Natimorto”.

Leila Magalhães (Produtora e Atriz – Ama, Pedagoga, Corifeu)
Leila Magalhães é atriz e produtora do Grupo Caixa Cênica, começou os estudos de Teatro na Escola de Artes Municipal Valdice Teles em 2007 em Aracaju. Desde então esteve envolvida na realização de performances, intervenções urbanas, participação como atriz em curtas metragens como “Você quer ou não quer Carmen” (2007), “Sensacional” (2007), “Venha ver o pôr do sol” (2007) e “Areia branca” (2008) e como 3° assistente de direção do longa metragem “A Pelada”(2012) direção de Damien Chemin. Além destes participou dos espetáculos "Mary Poppins" (2008), com direção de Elzinha Batalha, “Salomé” (2009), com direção do libanês Gaby Shyba e “Felicidade Conjugal ou quase isso!”, espetáculo contemplado pelo Prêmio Funarte de teatro Myriam Muniz em 2009 e dirigido por Celso Jr. Atuou como atriz e produtora na montagem dos espetáculos "Feuirinha" (2007), com direção de Fabio Rodrigues e Diane Velôso, “Acorda" (2008) e "Palavras mágicas" (2008), estes últimos com direção de Fabio Rodrigues e realizou trabalhos exclusivos de produção nos espetáculos “Claro!”(2009), com direção de Fabio Rodrigues e “Pela Janela” (2011), com direção de Maicyra Leão, sendo todos os espetáculos em que esteve como produtora realizados pelo Grupo Caixa Cênica

Denver Paraizo (Ator – Creonte e Coro)
Nascido em Salvador em 1 de julho de 1977 , deu inicio a suas atividades no teatro amador na cidade de Aracaju em 1994 numa oficina ministrada por Fabio Rodrigues sendo seu primeiro trabalho como ator “Ensaio para Bernada Alba”, adaptação do texto A CASA DE BERNARDA ALBA de Frederico Garcia Lorca. Em 1995 participou do espetáculo ”Maldita Caterva” de Roberto Santos (Premio Auxilio montagem do SESC). Mudou para Brasília em 1996 onde deu continuidade ao seu trabalho em oficinas de acrobacia e circo e no Projeto Saber em Curso de Formação de Atores na Faculdade Dulcina de Morais, atuando em 1997 no “O Terro e a Miséria no Terceiro Reich” de Bertolt Brecht, em 1998 “A roda cor de Rosa”  de Leilah Assumpção e em 1999, “Marat Sade” de Peter Weiss, com direção de Cláudio Chinaski. Em 2000, retornando a Aracaju, participou da montagem da adaptação de dois romances “Senhora” de José de Alencar e “Fogo Morto” de José Lins do Rego. No cinema participou da filmagem do longa metragem “Senhor do Labirinto” dirigido por Geraldo Motta estreado este ano e “Aos ventos que virão”, com direção de Hermano Penna (2010). Atuou espetáculo “Salomé” com direção do libanês Gaby Shyba (2009). Integra o Grupo Caixa Cênica desde 2009 onde atuou no espetáculo “Felicidade Conjugal ou quase isso!”, espetáculo contemplado pelo Prêmio Funarte de teatro Myriam Muniz em 2009 e dirigido por Celso Jr. Vem atuando como diretor técnico (Confecção e montagem de cenários, montagem e operação de iluminação) desde 2009 no Grupo Caixa Cênica do projeto “Cenas de bolso – Duas histórias de amor” com direção de Fabio Rodrigues, nos espetáculo “Pela Janela” (2011), com direção de Maicyra Leão e no espetáculo infantil “Uma viagem ao fantástico mundo do saber”(2010) , a convite da Cia Uaaau de teatro, em Aracaju.

Fonte: Assessoria de Imprensa

Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais