Festa de lambe-sujos e caboclinhos movimenta Laranjeiras

Festa aconteceu neste domingo (Foto: Ascom Setur/ Emsetur)

Há muitos anos a cultura sergipana conta com a festa do Lambe-sujo e Caboclinhos, no município de Laranjeiras, para relembrar a luta e força dos escravos africanos, que para fugir dos capitães de mato, pintavam seus corpos com um tipo de tinta preta (feita com melaço de cana) para que dessa maneira pudessem se camuflar nas matas. Os caboclinhos, por outro lado, pintam o corpo de vermelho e se vestem como índios. A festa começa na madrugada do sábado pro domingo e vai até o entardecer. A beleza dos trajes e todo o teatro ao ar livre é o que encanta os olhares curiosos de todos os visitantes, e até mesmo dos que estão acostumados com a tradição.

Nesse domingo, 14, mais um Lambe-sujo aconteceu em Laranjeiras. Na entrada da cidade, pequenos laranjeirenses recepcionavam a todos que chegavam, parando todos os carros e pedindo um "dá, dá iô iô", arrecadação de dinheiro que fazem durante o dia de festa. Lindolfo Amaral, membro do grupo de teatro Imbuaça, prestava atenção a cada movimento ao seu redor. "Essa é uma das festas populares que nós pesquisamos. Acompanho o Lambe-sujo desde a década de 90, e o mais interessante é o diálogo que existe entre o sagrado e o profano", disse.

Alguns moradores locais assistem às manifestações da porta de suas casas, e quando os cortejos começam, muitos acompanham a caminhada. Ao meio dia, uma feijoada é servida na casa do Rei, atualmente José Ronaldo de Menezes, o famoso Zé Rolinha, com a intenção de fortalecer os guerreiros para a próxima batalha que os aguarda mais tarde. "Já fazem 27 anos que participo do lambe-sujo. Hoje, como representante da cultura popular nordestina, tudo o que peço é que as pessoas não se esqueçam das nossas raízes, da nossa cultura", disse Zé Rolinha.

Consolidada no calendário sergipano, a festa do Lambe-sujo e Caboclinho é a mais esperada pela população laranjeirense durante todo o ano. "Essa é uma das festas mais importantes de Laranjeiras. É uma festa feita para a cidade, e nós temos tentado fortalecer essa cultura que tanto movimenta a cidade e atrai turistas", disse o Secretário Municipal de Cultura, Irineu Fontes.

A movimentação da cidade no dia da festa deixa o povo orgulhoso da sua cultura. Rivaldo de Oliveira, nascido em Laranjeiras, disse que não há momento melhor pra que a cultura de sua cidade seja conhecida por pessoas de fora. "Vem muito turista nessa época. É uma cidade inteira que serve como palco", disse.

Turistas

Localizado a 19 quilômetros da capital, Laranjeiras é um dos poucos municípios onde ainda é possível apreciar a presença da arquitetura colonial. Ruas, igrejas e casas, tudo transmite muito da história e faz de Laranjeiras um berço da cultura nordestina.

Em todos os cantos da cidade foi possível notar pessoas com olhares que apreciavam o novo. O casal de Porto Alegre (RS), Verônica e Milton, já conhecia a festa através da televisão. "Há dois anos nós vimos uma matéria que passou sobre essa festa aqui no interior de Sergipe, e agora que saímos de férias quisemos aproveitar para conhecer", disse Milton. Há poucos dias em Aracaju, o casal comentou também sobre a segurança que notaram existir na cidade. "Estávamos até conversando de que a partir de agora sempre indicaremos nossos amigos a virem pra cá", comentou Verônica.

A turista de Salta, no norte da Argentina, Erika Ten, está a poucos dias em Aracaju, e foi convidada por um amigo a ir a Laranjeiras, juntamente com outra amiga de Córdoba, também na Argentina. Com a máquina fotográfica sempre em mãos, ela registrava cada momento da festa. "Essa é uma festa maravilhosa, e muito diferente. Eu não me importei de me sujar aqui", comentou.

A francesa Eliette Martin também não se importou em se sujar. Junto com mais três amigas estrangeiras e alguns amigos aracajuanos, participou com alegria do dia de inteiro de festa onde uma das principais atrações se faz por meio do produto de maior produção local, a cana-de-açúcar.

Fonte: Ascom Setur e Emsetur