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(Foto: Empauta) |
A Prefeitura de Laranjeiras, através da Secretaria Municipal de Cultura, promove no próximo domingo, (14), mais uma edição da festa dos Lambe-sujos e Caboclinhos, uma tradição centenária que atrai todos os anos uma multidão para a capital da Cultura Popular.
A historia da Festa – Dos livros de história do ensino fundamental às páginas dos folhetins globais, a história de um Brasil que colocou de lado os índios e do outro os negros aqui ganha novos ares. Ainda é uma luta, mas com toda uma lúdica simplesmente bela que o fato histórico merece.
No município de Laranjeiras, uma vez por ano, na primeira semana de outubro, trabalhadores e estudantes se transformam em reis e rainhas e protagonizam momentos de êxtase onde opera a alegria mais sincera que os olhos estrangeiros poderiam um dia presenciar.
O auto popular da contenda dos lambe – sujos contra os caboclinhos é realizado no segundo domingo de Outubro e atrai muitos curiosos, sejam eles turistas ou pesquisadores. A beleza das indumentárias e a folia dos maracatus são atrativos unânimes, além da divertida brincadeira de “melar” e das corridas dos chicotes dos taqueiros.
O início da festa se dá cerimonialmente na madrugada do domingo, com a alvorada de foguetes de artifício e o primeiro encontro do grupo dos negros, os lambe – sujos na casa do rei. O maracatu começa aos poucos, na mesma medida que a cidade acorda e que seus visitantes chegam. Nas primeiras horas da manhã, também os caboclinhos começam o seu ritual.
A tinta xadrez vermelha colore de um rubro fosco os corpos dos brincantes que com cocares, pulseiras e tornos se ornamentam para o desfile de um dia todo. Em fileiras indianas, comportados e atentos aos toques da caixa que marca seus passos, os caboclinhos são em sua maioria caboclinhos mesmo, com idade média de 10 anos de idade.
Os lambe – sujos se reúnem nas horas mais altas da manhã para começar às veras a brincadeira. As bacias com o mel de cabaú e tinta xadrez se amontoam na calçada e o brilho do sol “encandeia” a vista de quem presencia. Mais difícil do que não sambar com os negros é ficar limpo durante todo o dia. O primeiro conselho para quem vai à festa é: “Use roupas velhas”. Você pode correr e se esconder, mas em algum momento um lambe – sujo vai te dizer: “Dá, dá, iô iô” e mesmo que você dê o dinheiro que ele pede, o agradecimento será sempre um abraço bem melado. De short vermelho, gurita de flanela também vermelha e os adereços pessoais de cada brincante.
A partir de então os dois grupos estão devidamente paramentados a desfilar pelas ruas de Laranjeiras. Em alguns momentos do dia, os dois grupos se encontram e seus líderes travam embaixadas. À tarde, é vez das figuras reais dos grupos entrarem em cena. Enquanto os lambe – sujo buscam seu Rei, o Pai Juá e sua Mãe Susana, os caboclinhos buscam seus príncipes e princesas. Daí então, entra-se na fase crucial que são as embaixadas na região do quilombo, montado pelos negros. Enquanto o inimigo não vem a festa é grande. O samba está no seu auge. Pode-se ver o negro vigilante nas nuvens a avisar da chegada dos índios. E eles chegam. Uma luta. Duas lutas. Três lutas e vitória dos índios. O castigo para os negros é terem que pedir esmolas ao público para dar ao seu algoz.
E assim termina a saga de nossos ancestrais. A guerra existe, mas a alegria da festa não é ofuscada por nenhuma convenção social.
Fonte: Agência Empauta
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