Festival traz para Aracaju a tradição do jazz

Duke Ellington Orchestra, uma das bandas que se apresenta no festival
O Teatro Tobias Barreto, na capital sergipana, recebe desta quarta-feira, 10, até a sexta-feira, 12 a segunda edição em Aracaju do Jazz Festival Brasil. O evento conta com a participação de figuras renomadas do jazz internacional. A Equipe do Portal Infonet conversou com a coordenadora executiva do Soltz Eventos, Eduarda Gruppi, que produz esses grandes shows.

Portal Infonet – Como surgiu a idéia de fazer o Jazz Festival Brasil?
Eduarda Gruppi – Ela surgiu em 2001. Quando um dos curadores, Marcelo Costa, que é músico também, sentiu a necessidade e a vontade de fazer isso em Belo Horizonte. Como deu muito certo a primeira edição em Belo Horizonte, o festival foi se expandindo a cada ano, a gente já está na sexta edição. O festival vai para sete cidades: Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Recife, Aracaju e Belém.

Infonet – O evento ocorre coordenado em mais de uma cidade. Você poderia contar para nós como funciona essa dinâmica?
EG – Durante 15 dias, a gente percorre essas sete cidades. Então, em alguns locais, o evento acontece ao mesmo tempo. A gente teve na primeira semana São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, depois fizemos no Rio de Janeiro. Estamos agora no Nordeste, fazendo Recife e Aracaju, e vamos para Belém no final da semana. A logística é um pouquinho complicada, mas a gente consegue coordenar tudo direitinho.

Infonet – E por que vocês escolheram Aracaju para sediar também o Jazz Festival?
EG – A história de Aracaju é bem interessante, porque a gente fazia Brasília e a Kátia e a Sônia, produtoras locais, viram o anúncio no Correio Brasiliense e foram atrás da produtora para que a gente trouxesse esse festival para Aracaju. O ano passado foi o primeiro aqui. Foi graças à Kátia e à Sônia, que fizeram o convite, que nós trouxemos o evento para cá e graças a Deus deu certo.

Infonet– Vocês enfrentaram alguma dificuldade para sustentar a logística do festival e coordenar os eventos no começo?
EG – O evento é todo viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. Todo mundo sabe que é complicado. A gente tem que correr atrás de patrocínio mesmo. Sempre no primeiro ano em cada cidade é um pouco mais difícil porque as pessoas ainda não conhecem o evento, não sabem muito bem o que é aquilo. Quando você fala jazz, existe um preconceito que as pessoas acham que não vai ter público, mas a cada ano a gente consegue um público maior, um número maior de patrocinadores, o evento vai ganhando corpo e as coisas vão fivando um pouco mais tranquilas.

Infonet – Você acha que no Brasil se está ouvindo mais jazz? Existe público?
EG – Existe. O público é muito eclético: de jovens a pessoas mais velhas. Todo tipo de gente. As pessoas que gostam de música, quando vão pela primeira vez, sempre voltam. Existe aquele preconceito, sabe, de que o jazz é coisa de elite, bem chata. Mas quando essas pessoas vão assistir ao primeiro show, a gente ganha esse público.

Infonet – O jazz surgiu como uma manifestação da cultura negra marginalizada nos Estados Unidos. Na década de 30, o estudioso de cultura alemão Theodor Adorno chegou a caracterizar essa música como cultura massificada. Mas hoje, quando se fala em jazz, tem-se essa idéia de elite. Pelo que você falou, essa idéia está se diluindo. É verdade?
EG – A gente tem trabalhado muito para acabar com essa idéia, porque o jazz é uma música de massa, muito alegre e descontraída. É isso que a gente quer, que o jazz volte a ser muito acessível ao público, principalmente esse jazz dos anos 20 até o iniciozinho dos anos cinquenta.

Infonet– Na programação de Aracaju, algumas bandas vão executar clássicos do jazz, como o Count Basie e o Louis Armstrong. É tradição do evento preservar a tradição?
EG – É tradicional. Pelo próprio período que a gente trabalha, não tem muito jeito. É como se fosse uma releitura de cada banda, pois cada uma tem uma nacionaldade e uma influência diferente. Às vezes eles tocam a mesma música, mas de formas completamente diferentes e isso é muito interessante.

Infonet- Mas também há espaços para inovações, para o vanguardismo eterno?
EG – Claro. É porque não tem jeito, se todos tocarem da mesmo forma como o Armstrong tocou, nunca haveria inovação. Não é um jazz moderno, é um jazz da época de New Orleans de 1920 e 1930, com uma visão particular de cada artista.

Infonet– O que essa salada de nacionalidades adiciona ao Jazz Festival?
EG – Eu acho que é isso que dá o charme do evento. Isso possibilita ao público ver que em qualquer parte do mundo, inclusive no Brasil, o jazz é muito tocado e pode ser diversificado , pode sofrer influência de cada cultura, mas continua sendo o jazz. Como o Leroy Jones, que é um dos artistas que se apresentam neste ano, falou em resposta a uma jornalista que tinha perguntado o que ele iria tocar naquela ocasião, “tudo que eu toco é jazz”.

Infonet– Para finalizar essa entrevista, você poderia convidar o público sergipano para o evento, dizendo o que ele vai encontrar desta quarta-feira  até a sexta feira no Teatro Tobias Barreto?
EG – O público sergipano vai ouvir muita coisa boa. Vai ficar muito impressionado porque as atraçõs deste ano são bem legais. A gente está com a Judy Carmichael, que voltou neste ano com uma formação diferente, uma banda maior. O Leroy Jones, que é de New Orleans mesmo,  que é músico de onde nasceu o jazz, de onde é a base. Só vai ter coisa boa e o público vai ficar encantado. É imperdível.

Por Zeca Oliveira e Gabriela Amorim

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