Cerca de R$ 4,6 milhões serão injetados na cultura aracajuana através da lei Aldir Blanc, que estabelece um conjunto de ações para garantir renda emergencial para trabalhadores da Cultura e manutenção dos espaços culturais brasileiros durante o período de pandemia da covid-19. Os recursos são oriundos do Fundo Nacional de Cultura, do Governo Federal.
Em Aracaju, a aplicação da lei está sendo gerida pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) e há uma série de produtos e entregas previstos, segundo o presidente da instituição, Luciano Correia. No campo da Música, será realizado o ‘Festival Itinerante de Barzinhos’. “Vamos entregar espetáculos musicais à cadeia de bares de Aracaju, e não só aqueles situados nos bairros de maior visibilidade ou tradicionalmente boêmios, como os da Orla ou do Inácio Barbosa, mas da cidade inteira, do Santos Dumont, do Bugio, bares que efetivamente promovem música ao vivo e que hoje também estão penalizados pelas consequências da pandemia, afinal, eles são espaços de cultura também”, revela Luciano.
A apresentação dos artistas será gratuita e, para Luciano, promoverá um intercâmbio dos músicos entre os bairros da cidade. “Não será cobrado ingresso e os espetáculos serão desde os de estrutura mais simples, com voz e violão, até os mais complexos, com uma estrutura maior, a depender do porte do espaço do bar e do próprio projeto submetido pelo artista no edital”, esclarece.
Na modalidade Artes Visuais, atendida por outro edital, dentro do ‘Janelas para as Artes’, a intenção da Funcaju é a de fazer uma forte intervenção visual na cidade nos espaços disponíveis, para colorir a capital com arte, desde pequenos painéis até os espaços maiores. Para grandes painéis, o edital prevê a destinação de até R$ 50 mil. “Também vamos usar as áreas disponíveis nos novos abrigos de ônibus, implantados pela SMTT. São lugares públicos, de muita frequência, onde, além do artista ter seu trabalho divulgado, ainda humaniza esses locais com variadas formas de arte”, ressalta Luciano.
“Fizemos um levantamento de todos os espaços disponíveis na cidade inteira, em vários bairros; identificamos locais na rede de prédios municipais, junto à Emsurb, a Secretaria de Saúde e a SMTT. São pontos privilegiados que funcionarão como uma galeria a céu aberto para nossos artistas exibirem suas obras.Vamos levantar o astral do pós-pandemia com a linguagem da arte, o trabalho dos artistas aracajuanos”, acrescenta o presidente da Funcaju Luciano.
Já no campo das Artes Cênicas, que inclui o teatro e a dança, a ideia é promover um festival de teatro nos bairros de Aracaju, fazendo circular, na cidade inteira, peças de grupos selecionados. “Levar essas peças para locais de maior frequência de público, como Orla, mercados centrais, as praças General Valadão e Fausto Cardoso, entre outros. O objetivo é abrir esses espaços para o teatro local e criar um circuito para circulação de nossa produção teatral”, diz Luciano.
A lei também prevê a realização de Feiras Criativas, coletivos que já vêm produzindo cultura em Aracaju, inclusive e principalmente na periferia e que, através de sua inclusão na Lei Aldir Blanc, poderão circular nos bairros com suas produções. “Além disso, pretendemos realizar na praça General Valadão uma feira de antiguidades, de artesanato e de economia criativa, integrada com as apresentações teatrais”, revela Luciano.
Viradão Cultural
Com as entregas da área de Música, do Audiovisual e Teatro, Aracaju viveria um verdadeiro ‘Viradão Cultural’, segundo o presidente da Funcaju. “Na verdade, o Viradão reuniria entregas das oito modalidades que o edital do ‘Janelas para as Artes’ contempla, que tem entregas específicas e produtos diferenciados”, resume.O projeto está previsto para ser realizado a partir de dezembro, passando pelo Ano Novo e podendo chegar até março, quando se comemora o aniversário da cidade, segundo o presidente da Funcaju. “Através da Lei Aldir Blanc, estamos montando um calendário de eventos culturais para toda a cidade. A ideia inicial era fazê-lo de forma presencial, mas em função da curva da pandemia, que pode vir a preocupar novamente, estamos pensando em um modelo híbrido, com algumas entregas virtuais e outras presenciais, embora sempre cumprindo rigorosamente os protocolos de saúde para tais eventos”, esclarece.
Recursos
Luciano Correia explica, ainda, que, dos R$ 4,6 milhões, 30% dos recursos, o que representa R$ 1,4 milhão, são para espaços e grupos culturais, que têm funcionamento perene e estão parados neste momento por conta da pandemia do Covid. A eles, serão destinadas de uma a duas parcelas no valor de R$ 3 a R$ 9 mil. “O grosso será despejado nos editais e premiações, onde praticamente predomina o ‘Janelas para as Artes’. É aí no Janelas, no Inciso III da lei, que estão os maiores recursos e as melhores oportunidades para que os artistas busquem os benefícios, até porque nós simplificamos ao máximo as exigências burocráticas”, analisa.
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