Graffitis dão novos tons às ruas de Aracaju

O Graffiti vem tomando as ruas de Aracaju (Fotos: Portal Infonet) 
Basta apenas um simples passeio pelas ruas de Aracaju para logo percebermos a variedade de imagens, formas e cores de um tipo de arte que já foi alvo de muito preconceito pela sociedade. O graffiti aos poucos vem tomando a cidade e contribuindo para a assimilação de novos conceitos e idéias ao movimento artístico de Aracaju.

Durante muitos anos e até hoje, muitas pessoas acabam associando os trabalhos dos escritores de graffiti ou graffiteiros, como são chamados os profissionais que fazem graffiti, às ações dos pichadores que acabam danificando visualmente residências e estabelecimentos comerciais da cidade. Em contrapartida, o graffiti tem se tornando para muitos não só um hobby, como também uma forma de projeção profissional.

É o caso de André Chagas, 30 anos, considerado um dos melhores ‘escritores’ de graffitis do Estado. Desenvolvendo trabalhos desde 1999, “Chagas”, como é mais conhecido, traz um currículo repleto de atividades de grafitagem no espaço urbano, visando assuntos de caráter regional e social. “Trabalho com isto há uns dez anos, mas sempre desenhei. Na época que comecei não tinha muitos trabalhos desse tipo aqui. Sem contar que ainda ‘rolava’ mais a coisa do preconceito, mas hoje nem tanto”, explana.

Reconhecimento

Chagas trabalha há 10 anos com escrtor de graffiti
Em diversos pontos da cidade, podem-se conferir vários trabalhos de autoria de Chagas. Em 2003, ele foi premiado em um concurso realizado pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), na categoria spray. Em 2004, foi o vencedor da técnica de Air brush no concurso de graffiti da Secretaria da Juventude e do Esporte (SEJESP) e em 2006 foi o criador da mascote do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), na categoria computação gráfica.

Além disso, Chagas já realizou diversos cursos de grafitagem em diversas instituições e agências de publicidade em Aracaju. “Para fazer graffiti a pessoa deve ter um bom planejamento, ter referências, saber as cores certas, e principalmente ter uma boa idéia. O importante nesse trabalho é transformar um espaço ocioso, com a aparência de abandono, em um lugar mais harmônico, transmitindo uma idéia através da arte”, explica o artista.

Ele conta que é sempre importante conhecer o local que está sendo feita a obra, para evitar possíveis transtornos. ”É sempre importante pedir autorização para realizar os trabalhos. Também desenvolvo profissionalmente o graffiti. Os valores dos meus trabalhos podem variar de acordo com o pedido do cliente”, esclarece.

Um dos trabalhos de fotograffit feito por Chagas (Foto: Chagas)
Fotograffiti”

Dentro deste universo, uma nova modalidade envolvendo a fusão do graffiti e da fotografia vem sendo adotada por muitos profissionais desta área: a fotograffite. Com uma composição atrelada aos temas urbanos, a fotograffiti tende a se tornar outra grande arte para a paisagem visual urbana.

O gratifeito Chagas já desenvolveu também este tipo de trabalho, com a aprovação de muita gente. “Acredito que a fotograffiti seja até mais simples de se fazer do que o graffiti em si”, aponta.

Primeiros indícios

Vinícius mostra seus primeiros modelos de graffiti
De acordo com estudos sobre o tema, os primeiros indícios de grafitagem no Brasil existiam na forma de propagandas e protestos, carregando ainda o estigma de pichação. Já em 1978, trabalhos com um viés mais artístico foram considerados os primeiros graffites propriamente ditos, com maior expressividade na região sudeste brasileira. 

Com o aperfeiçoamento de técnicas e o desenvolvimento de novos estilos como o ‘stencil art’ e o ‘graffit hip-hop’, a cultura do graffiti, influenciada pelas disputas entre ‘escritores’ associados à cultura do Hip Hop norte-americano, vem se configurando como uma arte freqüente nos diversos espaços sociais urbanos, influenciando pessoas em todos os lugares, principalmente os jovens.

Estímulo

Trabalho realizado pelo grafiteiro Chagas (Foto: Chagas)
Para o estudante Vinícius de Souza, de 14 anos, a recente descoberta do graffiti assustou sua família. “Quando eu disse para os meus parentes que eu gostava desse tipo de desenho, percebi que eles estranharam um pouco. Mas aos poucos eles começaram a se acostumar com a idéia”, lembra o adolescente.

Ele relata que sua relação com o desenho tem na sua história familiar algumas inspirações. “Meu avô trabalha fazendo desenhos para modelo de bordados e o meu irmão mais velho sempre fazia desenhos muito legais. Eu comecei a ver muitos desenhos na rua e comecei a gostar e a ficar com vontade de fazer também. Tenho muita vontade de graffitar, mas ainda não conheço o jeito correto de fazer”, diz Vinícius.

O grafiteiro Chagas aconselha esse novo público jovem que vem sendo atraído pelo mundo do graffite. “Essa galera mais jovem que está começando tem que descobrir o que motiva a fazer graffiti. Tem de descobrir o estilo, a técnica, o segmento por meio de pesquisas, até para conhecer novos artistas e criar seu próprio estilo. Tudo isso também com o propósito de trazer algo relevante para a sociedade”, recomenda.

Incentivo

Arquiteta da Emurb, Angélica Rocha (Foto: Arquivo Pessoal) 
Aos poucos, a cultura do graffiti está sendo aceita pela população, estando presente até em obras públicas espalhadas pela cidade. É o que diz a arquiteta e urbanista da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Angélica Rocha.“Realmente o graffiti é uma arte que vem para agregar valor ao espaço urbano que a gente projeta”, aponta.

Ela explica que as obras desenvolvidas pelos graffiteiros tornam-se um meio de valorização e proteção de regiões do espaço urbano. “Na cidade, dependendo da proposta, nós entramos em contato com estes profissionais de graffite, explicamos o que precisamos, daí a arte e a criatividade ficam a cargos deles. Já utilizamos muitos recursos do graffite, sendo que tentamos mostrar à comunidade que naqueles painéis existe muita arte”, esclarece a arquiteta.

Diferentemente do pichamento, os graffitis são dotados da expressividade de cada artista, além de transmitir uma mensagem relevante para a sociedade. “De certa forma, este trabalho acaba até evitando a ação de pichadores, protegendo a área. Sem contar que cada trabalho traz um significado. Muitos pichadores dizem que fazem graffiti, mas eles acabam invadindo qualquer lugar sem autorização alguma. Já os profissionais graffiteiros respeitam as propriedades e os espaços urbanos”, comenta Angélica.

Confira abaixo alguns trabalhos do escritor de graffiti, Chagas. Outras podem ser encontradas no blog dele.

Por Victor Hugo e Kátia Susanna

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