Há dez anos em atividade, Reação concede entrevista

Banda completa dez anos de atividade… (Foto: Portal Infonet)

Proveniente dos conjuntos Lion Soul e Utilidade Pública, a banda Reação completa neste mÊs dez anos de carreira. Na noite desta sexta-feira, 18, seus integrantes – André Levi, Wipson Firmino, Ras Lau, J. Moziah – farão um show comemorativo no Oceanário de Aracaju às 22h.

Na ocasião, estarão presentes as bandas Cabedal e Som no Casco. Em entrevista ao Portal Infonet, os músicos fizeram comentários a respeito da década de trabalho e do disco novo do projeto – a ser lançado no início de 2012.

Portal Infonet – A banda Reação está fazendo dez anos. Como vocês vão comemorar o decênio de atividades?
André Levi (AL)
– A gente vai fazer o show no Oceanário e pretende inserir vários outros shows aqui e fora, começando por Salvador agora no dia dez e Maceió no dia seis de janeiro. Estamos fazendo contatos de intercâmbio cultural.
Wipson Firmino (WF)– Estamos terminando um CD esperado também. A gente está botando força total, se empenhando muito em terminar a gravação desse trabalho novo, que está no forno e sendo feito com carinho.

Infonet – Quando sai esse CD?

…E faz show comemorativo nesta sexta-feira, 18, no Oceanário de Aracaju

WF – A gente está prevendo o lançamento para o final de janeiro. Queremos fazer um grande show, chamar os artistas da terra pra participar e projetar esse trabalho para o Brasil inteiro e para o mundo, sem fronteiras.

Infonet- De que maneira vocês encaram essa década de banda?
AL –
É a época do plantio, e eu creio que a gente plantou muito bem em uma terra que brotou tantas flores e tantas rosas.
J. Moziah (JM)– É uma terra fértil, porém árida, por causa dos estereótipos de todos os tipos. Enfrentamos diversas barreiras para podermos dizer que somos cidadãos humanos, que temos ideais humanistas, livres de barreiras de música, de secções, de facções. Por isso que o nosso público costuma ser muito eclético, desde o cara que é ateu e ouve a gente falar de deus até o cara que está preso numa cadeia; do cara que mora na 13 de Julho àquele que mora no Japãozinho ou em Itaporanga. A banda Reação, além disso, tem uma representatividade nacional desde 2002, quando nós fomos para a Bienal da UNE [União Nacional dos Estudantes], que tinha vários estudantes de todo o Brasil e da América Latina.
AL – E tinha uma lacuna na musica alternativa brasileira, de modo que foi criado um intercâmbio cultural.
Ras Lau (RL) – Isso abriu as portas pra vários estados, e para estar em outros eventos de estudantes, professores e produtores.

Infonet- Vocês falam de fuga dos estereótipos. O que é a Reação faz para tentar fugir deles?
AL
– Tudo que a gente canta faz parte do nosso cotidiano, da nossa vida empírica. Parte de uma vivência – a gente só faz colocar a melodia e o resto a gente vive. Chamam a gente de banda de reggae, mas no momento nós misturamos nosso som com muita coisa da nossa terra e muita coisa também de fora. A gente pesquisa – reggae ou não, o que vale é uma canção com conteúdo, disposta a mostrar pro ser humano que ele é passível de erro e de acertos e de transcender isso, dar um exemplo melhor. Chega de jogar lixo no chão, de poluição de rios, propina pra acontecer isso e aquilo. Tem muita coisa medieval, a justiça não está se cumprindo. A gente tem q dar outro tipo de exemplo, de vivências positivas.

Infonet – Falando nisso: a Reação também é conhecida por um trabalho social, de apoio. Como vocês enxergam isso dentro de um projeto musical?
WF-
Nós falamos do que vivemos, do que vemos e do que sentimos, daquilo que está ao nosso alcance.
JM – Sobre os projetos sociais, pode-se dizer que nós somos nosso próprio objeto de estudo, com as transformação que ocorreram em nossas vidas. O projeto social vai muito alem do que uma marca registrada, legalizada, com escritório e pessoas. Na nossa óptica, o nosso projeto está no nosso dia a dia desde que acordamos, na maneira como tratamos as pessoas, o que de contribuição damos a ela. Vai além de você tomar um banho, botar uma roupa bem elegante, sentar no birô e dizer que está fazendo alguma coisa.
AL – Com uma ajuda vestida de esmola mesquinha – ajuda de Judas.
RL – Nossa musica por si só já é um projeto social.
WF – Para isso, nós empreendemos, enquanto podemos e tivermos fôlego e ar, diversos projetos sociais, inclusive na comunidade onde estávamos estabelecidos. Temos um projeto de retomar um prédio que tínhamos e voltar a fazer as ações que fazíamos lá no Santos Dumont. Mediante alguns problemas, nós perdemos o poder de ação na comunidade, mas estamos retornando. Fomos um dos primeiros a criar uma Rua de Lazer, onde abordamos temas de educação social, temas também como o esporte, a contribuição do esporte na mudança do ser. Tivemos oficinas de xadrez, de percussão, mas diante de alguns problemas que estão acima do que a nossa mão podia alcançar tivemos que dar uma paralisada.

Infonet – Nesses dez anos vocês perceberam algum tipo de mudança musical no projeto da reação? Que coisas foram acrescentadas e retiradas?
AL –
Desde que a gente pensava em fazer a Reação, a gente já  pensava em um tipo de som a se ouvir a dividir, a comungar com os irmãos. Mas veja só: a coisa mais linda que eu vi foi pessoas brotarem de gêneros diferentes e fazer musica autoral. Aqui é um celeiro muito grande: Seda de Pão, Reação, Naurêa, Plástico Lunar, The Baggios, Sulanca – muita riqueza, muita coisa surgindo. Mas no decorrer do tempo muitos ficaram pra trás, devido justamente à forma como a cultura aqui, sem estrutura, fica à míngua. Tem pessoas que precisam de outras pessoas pra serem levadas a serio. E nós não. A gente investiu: a gente alugou lugares que outrora eram até parados, policia ambiental aparecia e a gente brigava. Baixinho ou acústico, o show continuava. Nesse celeiro, eu vejo o seguinte: quem continuou nesses dez anos está aí, estabelecido, divulgado. A sua musica ultrapassou as fronteiras do Estado de Sergipe e isso é bom para um músico. Para alguém que tem uma obra é gratificante olhar para trás e ver uma procissão de pessoas que estão continuando do nosso lado. O reggae não é só um gênero. Ele, para nós, é um representante da música sideral da forma como a gente vê o ser humano.

Infonet – E quanto às mudanças na música de vocês?
AL –
Mais perto e mais próximo, teve mudanças homeopáticas, devagar, sem pressa. A mudança vai ocorrer na vida de cada um sem pressa individualmente. Não adiante se preocupar.  A gente nunca teve uma estrutura latente, a Reação se locomove unicamente através de suas amizades com o povo. Bandas que não estão mais aí ao longo desse tempo eram o quê? Vaidade. Aqui não tem vaidade, aqui tem irmandade, fraternidade.

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