Que o brasileiro lê pouco não é novidade alguma. O fato ganha um ar maior de decepção quando se lembra da riqueza da literatura nacional, tendo em Machado de Assis, Monteiro Lobato, Cecília Meirelles, Castro Alves, Tobias Barreto e Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, os expoentes máximos da cultura das letras no país. Só estes nomes deveriam justificar um apreço maior pela literatura, no entanto, são poucos os que se dedicam à atividade por puro prazer. Brasileiro está lendo mais, mas ainda está longe do ideal (Fotos: Portal Infonet)
O cenário já foi bem pior, é verdade. Dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros divulgados no início deste mês apontam que o índice de leitura no país aumentou 150% nos últimos dez anos. A média de 1,8 livro por ano atingiu 4,7. Os números ainda estão distantes dos países mais desenvolvidos, mas o consenso é de eles poderiam ser bem maiores se houvesse maior estímulo.
O ainda grande índice de analfabetismo, aliado à falta de incentivo do governo, da escola e da família são os fatores que a professora de Letras Antônia Maria Nunes enxerga como justificativa para a falta de hábito da leitura. Para ela, a questão já está tão inserida na realidade brasileira que se tornou um aspecto cultural. “A maioria das pessoas vive na frente da televisão, então com isso já se pode ter o cenário. O hábito deveria ser criado ainda na infância, mas os professores também não estimulam por que muitas vezes também não são leitores”, explica. Professora Antônia Maria ressalta que falta de leitura já é cultural
A conjuntura atual é favorável à leitura. A acessibilidade, o número de editoras, a diversificação de temas e o preço melhoraram significativamente. Os pocket books, ou livros de bolso, por exemplo, são menores, mais leves e baratos e vistos como a principal alternativa para a popularização do produto. Mas é nas obras voltadas ao público infanto-juvenil que reside a esperança do mercado editorial. Tanto que uma das maiores lojas de uma rede de livrarias da capital sergipana vai dobrar a área dedicada a esse tipo de obras.
Gilvan Menezes destaca que pais têm consciência da importância da leitura
Gilvan Menezes, que trabalha na loja há dez anos, revela que a procura por livros teve, sim, um aumento real. Para 2010, a estimativa é de que o volume de obras vendidas aumente entre 10% e 12%. “Hoje a gente percebe muitos pais trazendo os filhos. Acredito que isto demonstra que há, sim, uma consciência da importância da leitura. Mas o estímulo deve ser em conjunto; escola e família, principalmente”, afirma.
Incentivo
Foi justamente o incentivo em casa que levou a estudante Yasmin Barreto, de 21 anos, e as duas irmãs dela tomarem gosto pela literatura. Iniciado com as revistas em quarinhos e obras infantis, o hábito permanece até hoje. Ela diz que chega a ler até dois livros por mês, às vezes de forma simultânea. Isso sem contar a leitura de revistas. “Desde pequenas nosso programa era ir à lojas de livros e não de brinquedos”, lembra.
Yasmin Barreto diz que hábito começou na infância, com revistas em quadrinho
Atualmente a escolha das obras que ela lê é feita com as referências dadas por blogs, revistas e amigos ou parentes. Mas ainda assim a estudante filtra as recomendações e diz que nem tudo lhe agrada. “Há livros que eu não passo nem do primeiro capítulo”, afirma. A preferência dela é por biografias. “Mas sempre tem aquele livro que você bate o olho e já sabe que é bom”, acrescenta.
Quando começar?
Os três entrevistados concordam que nunca é tarde para adquirir o hábito da leitura, independente do tipo de obra que se escolha. Na livraria em que Gilvan Menezes trabalha despontam na preferência dos clientes, ainda, os livros de auto-ajuda, sobre relacionamentos, biografias, romances policiais, livros sobre política, clássicos e os controversos best-sellers.
“No caso deles o principal estímulo vem da mídia, dos filmes e seriados. Crepúsculo e Harry Potter são um exemplo emblemático”, explica Gilvan. A professora Antônia Maria ressalva que nunca é tarde para adquirir o hábito de leitura. Ela alerta, inclusive, que nem todo Best-seller é bom. O ruim não é lê-los, mas viciar nesse tipo de literatura. Livros infanto-juvenis são a esperança do mercado editorial
“Ler é essencial, seja o que for. Mas é interessante que haja esse despertar – o ideal é que venha desde a infância. É importante sempre manter o hábito, mas vale mais a qualidade do que a quantidade”, esclarece a professora. A estudante Yasmin, que inclusive leu todos os livros da saga Harry Potter, assevera a tese de que o hábito pode ser adquirido. “Nem todos os Best-sellers são ruins, mas com o tempo e com o hábito, a pessoa consegue filtrar”, acrescenta.
Por Diógenes de Souza e Raquel AlmeidaPortal Infonet no WhatsApp
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