Portal Infonet – Diálogo dos Pênis é mesmo ‘o lado escuro da lua masculina’? Marcos Wainberg – Essa é uma brincadeira, porque se referia ao espetáculo ‘Monólogos da Vagina’. A gente sempre diz que esta peça surgiu, foi criada, porque na época, há uns oito anos, se faziam muitas peças falando da alma feminina. Então o autor e o Roberto Frota acharam por bem falar um pouco da alma masculina. Na verdade, o que a gente coloca na peça é o lado claro. A gente fala com as palavras verdadeiras tudo o que os homens pensam das mulheres e o que os homens falam delas numa mesa de bar. Infonet – Este já é o sétimo ano da peça. Sucesso absoluto. O público feminino ainda supera o masculino? MW – A gente tem visto uma mudança nisso, porque os homens perceberam que as mulheres estavam ganhando terreno, mas não só por causa da nossa peça que atrai mais as mulheres, que ela atrai mais as mulheres pela curiosidade, mas pelo interesse da cultura. As mulheres não ficam em casa assistindo ao futebol se tiver uma boa peça de teatro em cartaz. Elas não trocam um bom programa cultural, ainda mais sendo uma peça engraçada como a nossa. Infonet – Não enjoa ficar tanto tempo num mesmo trabalho? O que diferencia uma apresentação da outra? MW – É muito engraçado, porque são sete anos já. Somam-se aí mais de 1.200 apresentações em mais de 220 cidades brasileiras, sendo que a maioria revisitada. O público que já ultrapassou um milhão de pessoas. Por exemplo, no caso de Aracaju, estamos voltando pela quinta vez, ou seja, repetindo o público. Também fazendo temporadas longas no Rio de Janeiro e São Paulo. Infonet – E também, com certeza, o próprio espetáculo deve se modificar, ter algum elemento novo, não? MW – O espetáculo está sempre sendo atualizado de acordo com a atualização do país e do mundo. As brincadeiras, as críticas, tudo é atualizado. A gente já cortou muita coisa, acrescentou outras. Acho que da estréia pra cá o que sobrou deve ser de 10% a 15% do original. Infonet – Já houve alguma ‘perrenha’ entre você e o Roberto Frota, que divide o palco contigo neste tempo todo? MW – Essa peça nasceu de dois amigos: Roberto Frota e Hélio Ribeiro. Eu sempre digo que ele montou pra sair viajando com o namorado [risos]. Ele tem um carinho muito grande por produção. Eu entrei e somei muito. Ao longo do tempo nós chegamos a um denominador de que numa empresa que está dando certo, não se deve colocar os problemas pessoais acima dela. E a nossa empresa é algo que deu certo. Então, a gente procura não entrar em conflito. Um conhece já muito bem o outro, afinal vivendo 24 horas por dia nos mesmos restaurantes, mesmos hotéis, dividindo o palco, a gente foi criando um respeito dentro do limite por cada um. A gente foi se ajustando. É como colocar uma roupa e ir ajustando ela no corpo, sabe? Agora ela cabe direitinho. Infonet – É a quinta vez que a peça vem a Aracaju, mas você já esteve aqui com outros trabalhos inúmeras vezes. Já temos aí uma relação forte de amizade com os sergipanos? MW – Existe. Eu adoro Sergipe! Eu tenho muitas histórias aqui. Fiz vários amigos. Gente que já foi embora. Atuais amigos. Antigos amigos. Ninguém viaja tanto quanto gente de teatro e, claro, a gente acaba conhecendo muita gente mesmo, fazendo muitos amigos. Colaboradora Adriana Sangalli
Em cena, com o amigo Roberto Frota
De volta aos palcos de Aracaju com o consagrado espetáculo ‘Diálogo dos Pênis’, o gaúcho Marcos Wainberg (o Diretor, de Zorra Total, da Rede Globo) tem sua história marcada pelo sucesso. Em entrevista ao Portal Infonet pouco antes de subir ao palco na noite de sexta-feira, 5, o ator falou da peça, da relação com o colega Roberto Frota e do carinho pela cidade. ‘Diálogo do Pênis’ segue em cartaz neste sábado, 6, e no domingo, 7, às 21h e às 20h, respectivamente, no Teatro Atheneu.
Mas cada espetáculo pra nós é um espetáculo diferente, porque a gente depende do público e o público nunca é igual. A reação não é igual. A energia não é igual. Os acontecimentos não são os mesmos. O público interage com a peça, e muito, e essa ação dele com a gente provoca sempre alguma reação diferente. Eu adoro fazer. Claro que às vezes estou cansado, com dor de cabeça, sem querer ir pro teatro, mas quando eu chego lá eu fico me coçando pra entrar em cena e começar a brincar.
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