Marilda Goes: uma Nega Forrozeira

Ela é Marilda Goes: artista sergipana, que já cantou axé, MPB, forró, venceu como melhor intérprete o Festival Novo Canto de 1996, com a canção Soberana, participou do DVD da banda Calcinha Preta, está preparando um novo cd, Nega Forrozeira, e, nesta quinta, será a próxima voz a cantar na Quintas da Assaim. Saiba mais sobre a carreira de Marilda nesta entrevista ao SERGIPE CULTURAL. SERGIPE CULTURAL – Com você começou a cantar? MARILDA GOES – Comecei cantando axé, há 13 anos. Trabalhei com bandas, em trio-elétrico, em bandas de baile e de forró. SC – Qual o repertório do show dessa Quintas da Assaim? MG – Vou cantar Elis Regina, Marisa Monte, Leila Pinheiro, Tim Maia,… Como o nome do show é Minha História, vão ser músicas que fizeram parte da minha trajetória. Será um show acústico com Marcelo no violão, Serginho no contra-baixo e Pedro Mendonça na percussão. Esse show também será uma homenagem ao cantor e compositor Neu Fontes, que já ganhou dois Canta Nordeste; vou fazer três músicas dele. Outros compositores locais também vão entrar, como Paulo Lobo, de quem eu vou cantar a música Festa do Mato, a primeira música que gravei em estúdio- essa, então, não podia faltar. SC – Você está preparando um cd. Como será ele? MG – É um cd de forró, vai se chamar Nega Forrozeira, que é o nome do baião que o Ismar Barreto fez para o cd. Já estamos gravando, o lançamento deve acontecer em abril, mas estamos acabando a música Via Satélite, de Marquinhos Maraial e Beto Caju, para apresentar às rádios e começar a divulgação do cd. Nele vou cantar todos os estilos de forró. Vai ter algumas versões de Witney Huston e Gloria Stefan, mas o resto será somente músicas inéditas de Tom Robson, Ismar Barreto, Talismã e outros compositores daqui. SC – O que mais lhe atrai na música: a melodia ou a letra? MG – Acho que mais a melodia. Ou melhor, depende do estilo de música: das românticas, preriro a melodia, das folclóricas e regionais, a letra. Na verdade o melhor mesmo é a união ads duas coisas (risos). Na música Índios Urbanos, do Neu Fontes, que vou cantar neste show, eu me apaixonei logo foi pela letra, que é linda. SC – O que gosta de cantar? MG – Eu gosto de cantar. Só. SC – O que acha do novo som de Sergipe? MG – O mercado fonográfico daqui tem crescido muito. Eu adoro a Reação, Alapada faz um trabalho excelente. Agora, as bandas de forró estão imitando muito uma à outra. Passam a não ter identidade, principalmente, as que trabalham o chamado forró-pop, ou oxente-music. Todas querem ser iguais às grandes bandas como Calcinha Preta, Gatinha Manhosa e ficam todas muito parecidas. O ponto positivo destas bandas é que elas geram muitos empregos. A Cintura Fina, por exemplo, tem 40 funcionários, que trabalham efetivamente mesmo, estão lá todos os dias, no horário certo. SC – Não é complicado trabalhar um ritmo que é tão sazonal? Como vivem essas bandas fora da época junina? MG – As grandes bandas conseguem sobreviver tranqüilamente fora do período de São João, porque têm capital para arriscar. O produtor delas pode montar uma mega produção aqui, trazer várias bandas de sucesso, porque, mesmo não dando certo, ele pode cobrir o prejuízo. Mas, com as pequenas, isso se torna impossível. Elas sofrem entre setembro e abril, porque não têm suporte, não têm capital. Muitas bandas procuram tocar forró ou axé, porque são estilos, que, pelo menos, em uma certa época do ano, dão trabalho. SC – Toca algum instrumento? MG – Não. Amo violão, mas gostaria de tocar contra-baixo, acho a forma de tocar bem charmosa. SC – Quando decidiu se profissionalizar? MG – Diz a lenda que desde criança quis ser cantora. Essa foi a profissão que eu sempre excerci. Sou auxiliar de enfermagem, mas nunca pratiquei, fiz somente par se um dia precisar ajudar alguém, saber como fazer. Não sei o que faria se não cantasse. Mas comecei a levar a sério mesmo com o Irineu, quando entrei para o Bando de Mulheres, foi quando entrei em estúdio para gravar meu primeiro lp. Fiquei na banda durante seis anos. E foi um trabalho que exigiu muito de mim, porque tinha muito prestígio aqui, quero dizer, ainda tem, até hoje faz muito sucesso. Cantávamos músicas de Marinês, Jackson do Pandeiro,… então, era uma responsabilidade grande, um trabalho muito sério. Também faço muito back-vocal. Já fiz para Gatinha Manhosa, participei do DVD de Calcinha Preta como back, o que acabou levando meu nome para o país inteiro- me deu um certo reconhecimento. SC – O que você destaca neste projeto da Assaim? MG – O artista sergipano está muito esquecido e este projeto, na coordenação de João Paulo, está trabalhando para não nos deixar cair. Ele faz com que a gente volte a mídia, possibilita a divulgação do nosso trabalho atual. Ele une os artistas e o trabalho em equipe tem uma recepção maior: com a integração que ele está fazendo, a imprensa recebe melhor. Se fosse eu sozinha querendo fazer um show seria mais difícil conseguir a cobertura, que estou tendo por participar do projeto. É difícil ter acesso à divulgação sozinha. João Paulo está de parabéns por trazer de volta tantos artistas. Ninguém sobrevive de música aqui e ele está se empenhando, fazendo de tudo para ver o artista sergipano em evidência. Contato: (0XX79) 9962 4372 Por Marina Ribeiro

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