Músicos de SE relatam descaso com o tradicional forró pé de serra

Os artistas foram unânimes ao afirmar que a grande maioria das prefeituras deixaram de privilegiá-los em detrimento à outros nomes nacionais (Foto: Portal Infonet)

Em audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira, 11, na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), alguns músicos sergipanos criticaram o abandono do poder público com o forró pé de serra. Os artistas foram unânimes ao afirmar que a grande maioria das prefeituras deixaram de privilegiá-los em detrimento à outros nomes nacionais. A autoria da audiência foi do deputado estadual Georgeo Passos (REDE/SE).

O presidente do Sindicato dos músicos (Sindmuse), Tonico Saraiva, destacou que ano após ano é comum antever que os artistas sergipanos, principalmente os forrozeiros, estarão bem longe de inúmeros eventos, em especial os juninos. “Antes de sair à programação, nós sabemos que estaremos fora. Inclusive sabemos também quais as bandas que irão tocar no nosso lugar. Será que aqui em Sergipe não tem artistas bons?”, exclama. Ainda segundo Tonico, é difícil projetar o futuro sabendo que a desvalorização começa na própria terra natal.

Tonico Saraiva, presidente do Sindmuse (Foto: arquivo/ Portal Infonet)

Durante discurso no plenário, ele lembrou que outros estados ao realizar eventos de forte cunho cultural sempre se lembram em convidar forrozeiros e sanfoneiros sergipanos. “O pessoal do Sudeste, por exemplo, é apaixonado pela música nordestina. Eles compram muitos cds de artistas de Sergipe e levam para seus estados”, afirma. Tonico diz que a falta de união dos músicos também contribui para o descaso com a tradição do forró pé de serra. “Uma vez antes de viajar, liguei para mais de 50 artistas pedindo cds para divulgar o trabalho deles em outros estados, mas somente dois tiverem a gentileza de me enviar”, destaca.

Segundo o cantor e forrozeiro, Zé pequeno, a maioria das pessoas, enquanto nordestinas, deveriam prezar mais pela representatividade da música. Mas, segundo ele, isso não acontece. “Há muitas pessoas que fazem aniversário no mês de junho, ou ainda, conhece alguém que faz. Mas alguém se lembra de contratar um artista forrozeiro para tocar? Ou tem algum tipo de vergonha?”, desabafa. “As pessoas também têm que contribuir para que essa cultura permaneça viva”, acrescenta.

Outro ponto negativo que ele ressalta é a ausência de valorização dos artistas e festejos juninos. Para Zé pequeno, deveria haver um cuidado maior com grandes eventos culturais, sobretudo aqueles que enaltecem a música raiz. “A única coisa certa dentro do Estado de Sergipe com relação à tradição é a incerteza. Todos os anos nós ficamos angustiados sem saber se iremos tocar nos festejos juninos”, lamenta.

O deputado estadual Georgeo Passos disse que a expectativa é de que a audiência renda algumas proposituras em apoio aos artistas. “Ainda precisamos conversar mais, porém, só de ouvir a fala dos artistas e as ideias que eles trouxeram, podemos sugerir alguns projetos no sentido de valorizá-los. Não podemos permitir que esse segmento da nossa cultura continue passando pelas dificuldades que eles sempre enfrentam”, assegura o deputado.

por João Paulo Schneider  e Verlane Estácio

Com informações da Assessoria Parlamentar

 

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