Ossos do Ofício discute intervenção artística em espaços urbanos

Foi reiniciado na noite dessa terça-feira, 30, na Escola Oficina de Artes Valdice Teles (EOAVT), o programa Ossos do Ofício. O ciclo de debates promovido pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju), foi reaberto com a palestra 'Corpo Cidade', que colocou em discussão a performance e seu uso nos espaços urbanos.

A palestra dessa terça foi conduzida pela performer, produtora cultural e atual professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Maicyra Leão. A mestre em Artes Cênicas discorreu sobre a performance em espaços públicos, explorando desde o seu desenvolvimento histórico, com a exposição de alguns momentos de vanguarda desse tipo de linguagem, que datam das primeiras décadas do século XX, até intervenções mais recentes, algumas das quais ela mesma realizou.

Intervenção artística

Segundo a palestrante, enquanto outras formas de manifestação artística, a exemplo do teatro, deixa transparecer sua linguagem, a performance, por outro lado, é recebida pelo público de maneira despreparada. "Ainda que o público não entenda a performance enquanto linguagem, isso não o impede de se relacionar com ela, de ter seu emocional tocado e de compreender seu questionamento", defende a professora.

"A ideia da intervenção é corromper o sólido. Agir e provocar na rua é abrir frestas que desrespeitam a maneira habitual de comportar-se diante de descobertas. E, dessa forma,  se atinge imaginários inesperados", explica Maicyra. Por outro lado, ela esclarece que as performances em espaços públicos, além de possuírem uma dimensão crítica, podem também se apresentar em uma dimensão mais artística, estética, e que, apesar de terem a liberdade de subverter, nem sempre se limitam às coisas estranhas.

Participação

Ainda segundo Maycira Leão, é de suma importância que debates como esse não fiquem limitados à academia. Por isso, espaços como o programa Ossos do Ofício tem um papel fundamental para a construção e transmissão do conhecimento. "A performance, assim como outros movimentos artísticos, tem se aproximado cada vez mais do nosso cotidiano. O fato de hoje ela ser uma linguagem próxima, torna necessário que ela seja discutida com todo o povo, perdendo o seu caráter alternativo e periférico",  justifica.

As palestras do Ossos do Ofício são abertas para todos os interessados. O seu público-alvo, no entanto, são os estudantes de ensino fundamental e médio, além dos universitários. Por isso, a ideia é estimular os professores a levar seus alunos para assistirem as discussões. Nesse debate que marca a retomada do programa, o público foi formado principalmente por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tiradentes.

O professor Edílio Lima conta que decidiu levar sua turma para o momento de discussão por considerar válida a inserção de novos conceitos e paradigmas àqueles normalmente analisados em sala de aula. "Aqui, os alunos puderam ter contato com uma visão diferente do urbanismo e uma outra forma de uso do espaço urbano. Foi muito válido participar porque isso possibilitará, inclusive, a continuidade da discussão em sala, até mesmo para que analisemos de que maneira nós também podemos contribuir para a arte", disse.

O programa

Nas discussões do Ossos do Ofício são abordados temas relacionados, prioritariamente, à educação, arte, cultura e cidadania. A proposta tem o objetivo de fortalecer o mercado cultural e sua sustentabilidade, através do reconhecimento de produtores, agentes e formadores de bens culturais.

As palestras também são um momento de análise do cenário artístico sergipano e um espaço para a sua propagação. O projeto reflete o dever social que o artista, educador e agente cultural têm de compartilhar experiências, repassar informações e dividir seu conhecimento com a sociedade. Nesta nova fase, o ‘Ossos do Ofício' também vai contar com a participação de palestrantes nacionalmente reconhecidos.

Programação

As palestras e debates acontecem, quinzenalmente, sempre às terças-feiras, das 19h30 às 21h30. Eles são realizados na sede da Escola Oficina de Artes Valdice Teles, localizada na Av. Pedro Calazans, 737, Bairro Cirurgia. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (79) 3179-3695. Confira abaixo a programação para os próximos encontros:

13/09 – Marcos Moreira: Música nas Escolas: Benefício ou Prática Musical Inadequada
27/09 – José de Oliveira 'Zezito': Produção Cultural nas Escolas
11/10 – João José Santos e Eder Amaral: Nas Miudezas da Cidade

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