A Orquestra Sinfônica de São Paulo (OSESP) se apresentará no Teatro Tobias Barreto nessa quarta-feira, 5, dentro da turnê Brasil 2008. É a segunda vez que a OSESP vem a Aracaju. A última foi em 2004. Conceituada como a melhor orquestra da América Latina, ela possui 117 músicos e vários prêmios acumulados. Para falar do funcionamento da OSESP, o Portal Infonet conversou com seu diretor-executivo, Marcelo Lopes . Ele abordou desde a realidade da música clássica no país até as peculiaridades do orçamento destinado para a manutenção de toda essa estrutura. Marcelo Lopes: diretor executivo da OSESP
Confira a entrevista abaixo:
Portal Infonet- Qual é o orçamento previsto para a orquestra sinfônica de São Paulo e como ela se mantém?
Marcelo Lopes- A Orquestra Sinfônica de São Paulo é uma Fundação de Direito Privado desde 2005, quando firmou um contrato com o Governo de São Paulo. Nós temos atualmente um orçamento anual de R$ 65 milhões, sendo 43 milhões do governo e o restante captado através de recursos como marketing, da venda das nossas obras e também da renda conseguida através da Sala de São Paulo, local onde nos apresentamos freqüentemente.
Infonet- Quais são os principais benefícios de ser uma Fundação de Direito Privado?
ML- São vários. A OSESP sempre teve um bom tratamento do governo, mas antes de 2005 existia uma dificuldade para conseguir recursos. Quando a OSESP começou a ser administrada através de uma parceria foi possível regularizar as relações de trabalho com os músicos, fazer um planejamento a longo prazo das nossas apresentações, expandir o público, principalmente por meio do aumento das nossas atividades e até a criação de uma academia de música que oferece aulas não só de música, mas também de inglês, tudo isso totalmente gratuito.
Infonet- Por que começar a turnê Brasil 2008 pelo Nordeste?
ML- A escolha do Nordeste foi motivada pela logística. É preciso ter um trabalho muito bem organizado para transportar 125 pessoas e três toneladas de instrumentos. Dessa forma, começamos por Salvador, mas vamos passar por todas as regiões.
Infonet- Quantas apresentações por ano vocês realizam?
ML- Fazemos em torno de 130 concertos, sendo que desse total, 96 são realizados na Sala São Paulo. Temos muitos que são feitos de forma gratuita em outros Estados e até no interior de São Paulo de forma intinerante. Além disso, temos a turnê, que fazemos anualmente pelo Brasil ou internacionalmente.
Infonet- A OSESP já tem turnês programadas para 2009?
ML- Sim. No próximo ano vamos para os Estados Unidos. Também já estamos programados para 2010, quando retornaremos à Europa.
Infonet- Como é feita a escolha do repertório e o que vocês estão trazendo para a apresentação em Aracaju?
ML- O nosso repertório está muito bonito. Na primeira parte tocaremos Camargo Guarniere, que é um compositor brasileiro que estava totalmente esquecido. Através do nosso trabalho conseguimos resgatar esse compositor maravilhoso e mostrar a sua obra, que hoje é executada em muitos outros países. Ainda na primeira parte teremos um concerto com Cláudio Cruz. Já na segunda tocaremos a sinfonia número 1 do alemão Brahms.
Infonet- Além de tocar boa música erudita, qual o outro papel da orquestra nas suas apresentações?
ML- Nós tentamos explorar a música clássica através de um trabalho de resgate cultural. Já conseguimos mudar todos os paradigmas da música clássica, colocando São Paulo como um espaço que pode ser lembrado quando o assunto é música clássica. Nosso objetivo é fazer com que as pessoas possam compartilhar conosco a excelência e qualidade de uma boa música. A escolha do nosso repertório preza pela variedade, tentamos trazer compositores de várias épocas e tendências. Além disso, é levado em conta as preferências dos solistas e do maestro. O nosso, John Neschling, tem uma preferência por músicas românticas.
Infonet- São feitas adaptações ao repertório a depender do local da apresentação? “As pessoas aprendem a gostar de música clássica por si mesmas”
ML-Sim. Quando tocamos ao ar livre adaptamos para algo mais acessível.
Infonet- Qual a diferença entre mostrar um trabalho e querer popularizá-lo?
ML- Nossa linha é de tentar mostrar e não popularizar. Eu não acredito que seja possível fazer com que as pessoas gostem da música erudita. Elas aprendem por si mesmas. Por isso, tentamos dar a oportunidade para que as pessoas vejam, tenham acesso, pois elas precisam conhecer. A música clássica exige introspecção e concentração para ser de fato aproveitada.
Infonet-Nesses 24 anos em que você atua na orquestra, foi possível notar um maior interesse pela música clássica?
ML- Eu sou muito otimista com relação à música clássica. Noto que nosso público tem crescido. No próximo ano espero que ele aumente ainda mais, pois temos demanda para isso. Nossos concertos ao ar livre e de forma gratuita provam isso.
Infonet- O que falta para que a música clássica tenha um crescimento de público ainda maior?
ML- Falta educação musical nas escolas, incentivando e aproximando as crianças da música. Agora com um novo projeto aprovado traz essa previsão. Acredito que agora vamos conseguir melhorar.
Infonet- Qual a sua opinião sobre os preços dos ingressos?
ML- Acho que eles são justos e que são até baratos em comparação com os teatros e cinemas, que também são importantes. Em São Paulo o preço varia entre R$ 60 e R$ 90. É barato se levado em conta a qualidade do que vai ser visto. Aqui em Aracaju eles estão sendo vendidos por R$ 40 a inteira e R$ 20 a meia, pois levamos em conta a realidade de cada região.
Por Letícia Telles
Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B