A Renda Irlandesa produzida pelas rendeiras de Divina Pastora, têm agora o título de Patrimônio Cultural do Brasil. O título foi conferido pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Iphan nesta quinta-feira, 27. Foto: artsol.org.br
O modo de fazer Renda Irlandesa foi incluído no Livro de Registro dos Saberes. O município surge como principal território da renda irlandesa porque no local se encontraram os elementos que culminaram com a apropriação do ofício (vinculado originalmente à aristocracia) por mulheres humildes que reinventaram a técnica, o uso e o sentido deste saber-fazer.
Nesse contexto, o ofício é relacionado ao universo feminino e caracterizado como de longa continuidade histórica. Especialmente na metade do século 20, a confecção da renda surgia como uma alternativa de trabalho, e hoje essa tarefa ocupa mais de uma centena de artesãs, além de ser uma referência cultural. A partir de tal apropriação, a renda tornou-se responsável pela ascensão social de muitas que abandonaram o trabalho nas roças para custearam os estudos a partir de sua produção e venda.
A Associação para o Desenvolvimento da Renda de Divina Pastora (Asderen) foi fundada em 2000 com o apoio do Programa Artesanato Solidário. Por meio da pesquisa realizada para o processo de registro, foi iniciada uma ação de salvaguarda. Os pesquisadores, com a colaboração da associação, catalogaram 122 rendeiras entre associadas e não-associadas em Divina Pastora e em outras sete localidades. Essas mulheres foram identificadas e apresentaram informações sobre as potencialidades e fragilidades do modo de fazer Renda Irlandesa.
Renda Irlandesa
A renda irlandesa produzida pelas mulheres de Divina Pastora, bem como em outros municípios de Sergipe, é classificada pelos especialistas como do tipo “renda de agulha”, que apresenta como suporte uma fita presa ou disposta ao debuxo, ou risco – desenho realizado sobre papel manteiga e fixado em um papel grosso. O debuxo é o desenho da renda, feito sempre de maneira sinuosa. Após a fixação da fita ao debuxo, diferentes pontos são traçados preenchendo os espaços vazios entre a fita, compondo o tecido da renda.
Os pontos com os quais se faz a renda sofreram re-leituras pelas rendeiras e são, muitas vezes, re-apropriados de outras rendas. No processo de registro estão listadas duas dezenas de pontos apresentados em mostruário, os quais são nomeados com base na analogia com formas semelhantes a animais e vegetais que integram o universo das rendeiras, como por exemplo, pé-de-galinha, espinha-de-peixe, aranha, casinha-de-abelha e abacaxi.
Fonte: Iphan
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