ENGENHARIA QUÍMICA, RETRATO FALADO, DANÇA… Eu fazia Engenharia Química aqui na UFS, mas um dia cansei e fui para Salvador… Criei um reboliço na familia, meu tio, que na época era Secretário de Segurança Pública, mandou dois investigadores atrás de mim e voltei com a proposta de um emprego na Secretária de Segurança Pública para fazer retrato falado de bandido. Lógico que não fiquei muito tempo e no último ano da faculdade laguei a Engenharia Química para fazer Comunicação Visual, no Recife, por lá fiquei fazendo o curso que realmente queria. Além de fazer dança na Escola Brasílica de Dança, me formei e entrei para o Ballet Popular do Recife onde dancei por cinco anos e tive a oportunidade de conhecer praticamente o Brasil todo, além da Europa. Foi nessa companhia que conheci minha esposa com a qual trabalho a doze anos. Daí resolvemos voltar para Aracaju. BALLET PRIMITIVO! Começamos a desenvolver um trabalho na UFS onde foi criado o Ballet Primitivo, mas a maior dificuldade que encontrávamos era a possibilidade de reciclar, era praticamente impossível na época se fazer um intercâmbio ou reciclar, então resolvemos ir para Bahia justamente para buscarmos mais informações… BALLET FOLCLÓRICO DA BAHIA… Trabalhamos durante um período no Ballet Fólclorico da Bahia sob a direção de Vavá Botelho que hoje tem fama internacional, fizemos Pós Graduação em Dança (coreografia) e resolvemos fazer um mestrado, minha esposa passou para Educação e eu passei para Artes Plásticas na Escola de Belas Artes e fomos ficando, ficando… SER PROFESSOR DE UNIVERSIDADE! Nossa meta sempre foi entrar na universidade como professor. Ela fez prova para UFBA e passou. Eu fiz prova para a UFS e passei também… E a três anos encaro a estrada todo final de semana para ver minha família em Salvador… A TESE, O ARTISTA PLÁSTICO E O PEFORMANCER! Eu aprendi muito na Escola de Belas Artes, uma escola com 120 anos, a escola de Belas Artes mais antiga do Brasil. Como eu já tinha uma bagagem em dança e também em artes plásticas resolvi fazer minha tese de mestrado em cima do artista plástico peformancer. É fácil ver um cantor, uma bailarina ou o próprio ator como performancer da sua arte, mas o artista plástico, não… Ele apenas coloca suas obras em uma galeria e pronto. E a performance vem justamente para quebrar isso; a idéia é trazer o artista plástico para atuar, ser também objeto da sua obra. Essa performance que eu faço é uma referência conceitual e também de duas danças populares brasileiras que são o Bumba-meu-boi do Maranhão e o Bumba-meu-boi de Pernambuco. Eu fiz uma releitura em cima do trabalho de Renato Poente entre outros grandes performancers brasileiros e argentinos que criaram e discutiram a performance contemporânea e que já existia nas manifestações populares a mais de 100 anos. Eu demonstro na minha tese um quadro de comparações do que é o Teatro Operístico, o Réquiem, o Teatro de Rua, a Performance Contemporânea e o Bumba-meu-boi e mostro as similaridades que todos têm. O CURSO DE DANÇAS AFRO SERGIPANAS… Eu resolvi ministrar um curso de danças afro-brasileiras, ou melhor afro-sergipanas, pois trabalhamos muita informação das danças daqui de Sergipe como por exemplo o Guerreiro, o São Gonçalo da Muçuca, que foi criada por uma comunidade remanescente de um quilombo, que fica em Laranjeiras e, do Maranhão e Pernambuco, trabalhamos o Bumba-meu-boi. NORDESTINADOS! Aproveitei essas pessoas que fizeram o curso comigo e convidei-os ousadamente para montar um trabalho de dança, uma performance. E esse trabalho montado se transformou em requisito para a minha obtenção do título de mestre em Artes na Escola de Belas Artes na UFBA. Demos o nome desse trabalho de Nodestinados, Uma Performance Harmorial, e naturalmente se criou o Nordestinados Ballet da Universidade Federal de Sergipe que foi lançado no dia 19 de agosto de 1998 na galeria do Cultart.No mês de novembro desse mesmo ano, recebemos um convite de Marcelo Rangel do Espaço Cultural Yázigi para nos apresentarmos na galeria do espaço. topamos e foi um sucesso maior do que nós esperávamos! EM SALVADOR DO QUE AQUI! E desde então fizemos várias apresentações, por incrível que pareça, mais em Salvador do que aqui. Fizemos a abertura da 1ª Bienal de Cultura da UNE, o Encontro Nacional de Arte Educadores, Também em Salvador, ficamos em temporada no Teatro Miguel Santana no Pelourinho dividindo o palco com a Tamaraca Cia. de Dança… CORTEJO NO PELOURINHO… O nome do espetáculo que fizemos com a Tamaraca se chamou “Guarnice de Boi de Maracatu”, tínhamos percussionistas em cena, onde nós fazíamos o primeiro ato, a Tamaracá o segundo, e depois saíamos em um grande cortejo com cinquenta bailarinos e dez percussionistas pelo Pelourinho. Foi um sucesso! O QUE SE DANÇA! Nós trabalhamos com a cultura sergipana como ponto de investigação, referência e até de resistência cultural, mas buscamos outras referências também, como o frevo pernambucano, na Capoeira de Angola, no boi do Maranhão, no boi de Parentins, observamos e trabalhamos com referências de todo norte e nordeste. O CONTEMPORÂNEO… Nós somos um grupo de ballet contemporâneo, apesar de nosso trabalho ter como referência a cultura popular. Às vezes as pessoas podem confundir com um grupo para folclórico, mas as diferenças são bem visíveis. Nós não reproduzimos as coreografias da maneira que elas são feitas pelos grupos folclóricos, nós revisitamos as culturas populares, então quando você ver o boi do nosso espetáculo, não é o mesmo boi do Maranhão ou de Pernambuco é uma outra abordagem artística sem perder os referenciais… Nós trabalhamos assim, mas os ballet folclóricos e para folclóricos são importantíssimos para as cidades e regiões. Com eles acontece um encontro mais profundo com a as suas raízes… O CARNAVAL DE RECIFE E OLINDA! O Carnaval de Recife e de Olinda são vitais para a formação cultural do jovem e do adolescente hoje! RESGATE?! Eu não gosto de chamar de resgate quando se faz um trabalho sobre essas manifestações folclóricas, na verdade não é resgate porque elas estão lá, ainda existem. O certo, talvez, seja chamar de “valorização” daquela manifestação. Resgate existiu quando mulheres do Povoado da Muçuca resgataram o Samba de Pareia, que estava morto e que ressurgiu a poucos anos graças a pesquisa que elas fizeram através dos seus antepassados e relembraram, claro que com uma realidade atual. A CULTURA POPULAR NA UNIVERSIDADE… Quando eu e minha esposa quizemos nos tornar professores de um curso de artes na universidade, foi justamente com o intuito de passar para esse futuro professor uma informação que tenha a ver com as raízes dele e que ele transfira essa informação para seus alunos ao invés de apenas passar informações sobre a cultura européia ou americana. Isso é fundamental para a formação, não só do professor mais do indivíduo dentro da sociedade. NAS ESCOLAS… Esse tipo de formação tinha que começar nas escolas, mas não é o que acontece. Existe algo muito superficial que acaba não informando nada. NOVOS BAILARINOS! Estou dando um curso, que se iniciou na semana passada, no Cultart, para as pessoas terem contato com o universo das danças populares e perceberem quanto de riqueza elas têm, e com isso recrutar alguns bailarinos para o Nordestinados Ballet. Para que no próximo semestre comecemos a montar um novo espetáculo.
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