Severo bota prá quebrar no Conselho de Cultura

Os integrantes do Conselho Estadual de Cultura ainda estão surpresos com o termo da carta que o Conselheiro José Severo dos Santos, o Severo D´Acelino, protocolou junto à Casa Civil, fazendo sérias denúncias de racismo daquele órgão. A carta tem apenas duas laudas, mas nela Severo “detona” literalmente o Conselho de Cultura.

Diz a carta: “As questões dos negros não são apreciadas pelo Conselho, o Conselho é Racista e só libera alguma coisa para negro, com a intervenção direta do governador. Pois os Conselheiros são os fieis amigos do poder, fora disso colocam todas as dificuldades funcionais, jurídicas, legislativas, etc. (…) O Conselho é racista, conservador e estimula o racismo institucional, porque os conselheiros se colocam a favor da raça civilizatória e contra os negros, não quer representação em sua composição, defendem o poder e os usineiros, estou lhe informando porque já apresentei denuncia sobre o tema, no próprio conselho. Todas as nossas ações no sentido da Secretaria de Estado da Cultura, assinalar a Diversidade e instalar setores para valorizar o índio e o negro, vão por terra, com argumentos simplórios e racistas”.

Mais adiante comenta Severo: “Agora sofro discriminação da SEGRASE, pois mesmo pagando com os meus recursos sou impedido de publicar um livro em memória a minha irmã. Para que aconteça sou forçado a permitir a tesoura da Censura da empresa que quer de qualquer forma fazer revisão no revisão no livro e eu não aceito. A produção é minha, os erros são meus e a responsabilidade editorial é da nossa entidade e não do governo que se recusou a dar seu apoio cultural”.

Moção de repúdio

Integrante do Conselho de Cultura há um ano e dez meses, Severo D´Acelino está para concluir o seu mandato agora em dezembro. Por conta desta carta, o Conselho aprovou uma moção de repúdio a Severo, “pela falta de trato, de lhaneza”.

A queda de braço de Severo com o Conselho vem desde o início do mandato. É que ele apresentava propostas que o Conselho se recusava a aprovar. Ele fez, por exemplo, uma proposta de censura à presidência do Conselho, “por vilipêndio, intimidação, abuso de poder, ameaça e discriminação”. Ele também apresentou uma proposta para impedir que o presidente do Conselho abrisse a sessão invocando o nome de Deus.

Para Anderson, a proposta feria seu direito constitucional de livre manifestação do pensamento. Severo queria, em outra oportunidade, a alternância de poder no Conselho, “a fim de inibir as sucessivas reeleições de seus membros, reconduzidos após mandatos”. O conselheiro Luiz Antônio Barreto combateu a proposta, porque “não aceitava ser julgado culturalmente”. Entre outras propostas de Severo, uma causou consternação no Conselho: ele queria o pagamento de jetons mesmo aos conselheiros faltosos e até nos meses de recesso do Conselho.

Conselho tem 14 cadeiras

O Conselho Estadual de Cultura é formado por 14 nomes de indicação direta do Governador do Estado – cinco deles, que têm mandatos de quatro anos. Os demais, com mandatos de dois anos, são entidades que representam as diversas áreas artísticas do Estado. Para poder participar do Conselho, as entidades ligadas às diversas formas de arte, como balé, literatura, etc., têm que se inscrever no órgão.

A cada dois anos realizam-se sorteios para definir que área vai estar no Conselho. Na última reunião, na área de Literatura, a Academia Sergipana de Letras perdeu o lugar para a Aliança Francesa. Dentro deste sorteio, os afro-descendentes ficaram de fora.

Por Ivan Valença

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