É de Sílvio Rocha a responsabilidade de animar a próxima noite do projeto Quintas da Assaim, com o show Emepebeando. Há mais de 10 anos fazendo música, Sílvio se divide entre duas carreiras desvalorizadas no mercado sergipano: a de músico e repórter fotográfico. Mas, mesmo assim, ele diz amar as duas. Conheça, em entrevista para o SERGIPE CULTURAL, mais um enriquecedor da nossa cultura. Sílvio Rocha, aqui mais músico sergipano. SERGIPE CULTURAL: Faça um breve resumo de sua carreira. SÍLVIO ROCHA: Posso dizer que comecei minha profissão de músico com meu LP “Brasa Brasil”, em 1990. É um trabalho quase todo autoral, com seis músicas minhas. Antes disso, toquei muito na noite de Aracaju. Participei do Festival da Brahma em Salvador e passei dois anos lá. Em 1997, fui para Teresópolis e continuei tocando nos bares. E, neste ano, lancei o Emepebeando, meu primeiro CD, onde faço interpretações de músicas de Luiz Gonzaga, Fagner, Gilberto Gil, Lulu Santos… Mas minha carreira toda foi, basicamente, tocar nos bares de Aracaju. SC: Qual a formação do seu show na Quintas da Assaim? SR: Vai ser músicas do CD Emepebeando, junto com a banda – Márcio Alegria, no acordeon; Tom Tói, na percussão; e Dog, no contra-baixo. Além também da exposição de Leonardo Alencar. SC: Como é ser músico em Sergipe? SR: É muito difícil. Eu digo sempre que sou um operário na minha carreira de músico, porque faço o trabalho completo de produção, sou empresário, eu que vou atrás de luz, som, divulgação: cuido de toda a organização do show. Não espero por apoio de ninguém, não fico batendo em porta de políticos e não espero que as coisas caiam do céu, corro atrás delas. Vou onde o público está, nos bares; não adianta você fazer grandes shows, o público não vai. Eu já participei de shows em que me senti totalmente sozinho. O mercado artístico daqui é pequeno, não temos um grande público. Por isso também prefiro fazer interpretações, porque assim o público participa mais, interage com você. SC: E como fica o trabalho autoral? SR: Há muita dificuldade em trabalhar músicas próprias, porque você acaba tendo que tocar o que o que querem ouvir. Um exemplo é Caetano Veloso, que interpreta uma canção brega para vender o filme; mandaram ele cantar e ele cantou. Se houvesse aqui alguma gravadora, produtora que investisse na música local, isso seria diferente, poderíamos cantar e divulgar nosso trabalho. Mas sem apoio não dá para fazer isso, porque o artista precisa de retorno. O Estado não tem tradição musical. Apesar de ter muita música boa, não temos uma rotatividade de público e o investimento em turismo ainda é muito fraco. Eu tento fazer um trabalho autoral juntamente com a realidade de ter que ser também intérprete. SC: Qual o valor do Produtor Cultural? SR: Ele é muito importante. O músico perde muito tempo preocupando-se, ele mesmo, com produção. Precisamos de uma política voltada essencialmente para a cultura. Como a que a Bahiatursa realizou na Bahia, trabalhando teatro, dança, música separadamente. Aqui não há divisão: pessoas do teatro estão na coordenação de projetos de música. Eles não sabem direito qual a nossa realidade, do que precisamos, das nossas necessidades. Estamos ainda num amadorismo muito grande. Seríamos mais profissionais se trabalhássemos de maneira mais simples, de acordo com o tamanho do mercado daqui. SC: Qual sua verdadeira paixão: a música ou a fotografia? SR: Sempre trabalhei com as duas coisas, uma alimenta, completa a outra. São minhas duas profissões, elas se equilibram. Apesar de serem dois trabalhos difícies de se fazer aqui, eu sinto muito prazer como fotógrafo e como músico. SC: Qual a diferença entre cantar em shows e cantar em bares? SR: O que é ruim no bar é que muita gente vai lá para conversar e, mesmo depois que você começa a tocar, continuam conversando, não dando importância para a música. Mas, ao contrário de shows grandes, no bar você tem uma interação maior com o público, está bem mais perto dele. O ideal são os shows em bar, porque assim as pessoas pagam para assistir a seu show; então, consomem também o show. SC: O que de mais importante você destaca no projeto Quintas da Assaim? SR:A Assaim, na representação de João Paulo, está fazendo o trabalho certo. Está levando as pessoas para assistirem aos artistas locais, em um lugar aconchegante, onde o artista tem total interação com o público. O show é do artista sergipano, não é aquela coisa de abrir show para o artista de fora, aliás nunca gostei disso. O projeto está adaptado à nossa realidade, que é de um mercado menor, colocando os shows para acontecer em um lugar pequeno, acolhedor. São shows pequenos, mas que lotam. Todo artista tem seu público. Contato: (0xx79) 9997-8737 Por Marina Ribeiro
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