Tob, o cão vira-lata

Num certo dia em um belo casarão nasceram sete gatinhos angorás, lindos, uns eram brancos de olhos azuis, outros pretos de olhos amarelos e o restante era o resultado de uma mescla belíssima entre essas cores. Passaram-se alguns meses e os sete ficaram grandinhos. Numa bela manhã, resolveram ir passear pelo jardim do casarão onde moravam. Passeavam intretidos e felizes. Brincavam entre as árvores, com rolinhos de lã que a dona da casa tinha deixado numa cesta sobre a mesa, que beirava a piscina, e outros rolavam na grama, pareciam bolinhas feitas de pêlos. Quando menos esperavam, o cachorro que vigiava o casarão apareceu, era um cachorro enorme, com uma bocarra raivosa, tinha um focinho que assustava qualquer um; os gatinhos não gostavam muito dele, pois o achava muito feio e o julgava como um cachorro malvado e encrenqueiro, mas na verdade ele era apenas um cão vira-lata, que era criado como um cachorro de raça, com todas as mordomias. Os gatinhos no fundo, sentiam um pouco de ciúmes, pois a dona dava uma considerável atenção a Tob. Ela era muito apegada a ele, porém jamais deixou de dar muito carinho e atenção a seus gatos.

Ao ranger os dentes para a gataria, Tob foi azunhado no focinho por Léu, um dos gatinhos mais danados e corajosos. Logo em seguida começou a correria. Tob corria de um lado para o outro numa busca incessante, ele queria pegar o gato. Mas um deles, o Bob, pegou, com a boca, um saquinho de bolas de gude que estava em cima da mesa e as espalhou no meio do caminho. 

O cachorro, ao passar ligeiramente atrás de Léu, escorregou e foi parar dentro da churrasqueira. Todos os gatinhos começaram a mangar dele. E ele ficou com muita raiva.

Quando Tob se levantou e que ia correndo atrás dos gatos novamente, a dona da casa apareceu, acolheu os gatinhos numa cesta acolchoada e disse:

– Você viu o que você fez seu cachorro louco? Olhe para o quintal, está uma bagunça! Seu louco queria matar os meus gatinhos, era? Pois agora você vai para o olho da rua! Fora! Fora da minha casa! E não volte mais aqui, seu bagunceiro! 

Dona Vera não pensou nem duas vezes e o colocou para rua, aos gritos.

Todos os gatinhos observavam tudo à distância, bem escondidinhos. Eles tiveram muita pena dele e sentiram um grande remoço. O cachorro saiu de lá chorando muito.  Ele nunca tinha passado muito tempo fora de casa, não sabia se virar para procurar comida ou até mesmo um lugar seguro para passar a noite. Muito assustado caminhava pelas ruas traçando um futuro incerto.

O sol se punha e o cão procurava um lugar para se abrigar. Enfim, deitou-se num beco finito em meio a muitas caixas de papelão e papéis, restos de uma gráfica que ficava ao lado, para se cobrir e fugir da noite fria. O tempo passava, mas ele não conseguia se acostumar com aquela vida de cachorro vira-lata abandonado.

Ao amanhecer, Tob saiu pelas ruas vagando para que as horas passassem mais rápido. Estava …faminto, …fraco …mas mesmo assim, ele ia até a casa onde morou, e ficava olhando pelo portão, tudo o que se passava lá dentro. Como não escutava nada, saía dali sem esperanças e sem olhar para trás. Num certo dia ao fazer esta visita por mais uma vez, ele escutou dona Vera chamando Pluma de uma forma aflita. Preocupada, chorava tanto que chegava a soluçar. Com pena dela, latiu tentando chamar atenção. 

Ao vê-lo, a senhora foi até o portão, e, pediu a ele encarecidamente que a ajudasse a encontrar Pluma, uma das suas gatinhas preferidas.

-Tob, por favor, ache Pluma para mim. Dou-lhe sua casinha de volta, mas, por favor, ache-a para mim – disse dona Vera, bastante preocupada.  

O cachorro ao escutar o pedido saiu correndo a procura de Pluma, por todo bairro. Cansado, pára um pouco, numa das praças mais bonitas de toda a cidade. Vai ao chafariz, bebe um pouco d’água e senta-se num dos bancos da praça por alguns instantes. Contudo, escuta um miado aflito, e, curioso, tenta achar o lugar de onde estava vindo. Procura atenciosamente por toda a praça e acha a gatinha atrás do chafariz que minutos antes tinha tomado água. A leva de volta para casa. Chegando lá, todos os recebem com muito carinho. Dona Vera fica surpresa por saber que Tob atendera seu pedido, agradece, pedi desculpas e devolve a ele sua casinha, proporcionando-o, apartir daquele momento, muito amor e carinho. Os gatinhos, também resolvem pedir desculpas a Tob, revelando a ele tudo o que pensavam a respeito dele, e o cachorro diz muito feliz:

-Desculpo todos vocês, mas aprendam, não devemos julgar ninguém pelas aparências, pois isso não importa. O que importa mesmo é a beleza de dentro, do coração, essa sim é a mais importante que nós podemos ter. 

-Está certo gatinhos e gatinhas?

 

Gustavo Aragão Cardoso

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