A família Brandão mantém a tradição e se instala ao longo da avenida Melício Machado [Rodovia dos Náufragos] para comercializar os tradicionais bonecos, que simbolizam Judas Iscariotes, comumente usados nas comunidades e queimados à meia-noite, em simbologia à traição que teria sido praticada por um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo. Uma tradição secularmente conhecida como queima de Judas, entre os católicos.
Neste sábado, 20, o dia amanheceu nublado, mas os comerciantes não perderam a tradição e colocaram os bonecos à disposição da clientela e estão sendo comercializados a preços que variam entre R$ 50 e R$ 60. Os criadores usam coco e palha seca no preenchimento, assim como os vestem com roupas e sapatos usados, matéria-prima encontrada geralmente na própria comunidade e em brechós.
E quem compra, mantendo a secular tradição para queimá-los no Sábado da Aleluia, os batiza com nomes de políticos que, na rotina e atuação partidária, não satisfazem aos interesses coletivos da comunidade. “A gente nem dá nome, quem compra é quem batiza e aí cada um dá o nome que quer ao Judas”, diz Neuma Quirino Brandão, que herdou da mãe o hábito de colocar os bonecos à venda.
Crise
Mas o comércio ainda está tímido. “A crise tá pegando. Este ano tá pior que o ano passado”, comenta Aldair Santos Brandão, outro comerciante da mesma família. Apesar da pequena procura nesta manhã, os comerciantes confiam que até o final do dia o estoque dos bonecos seja efetivamente comercializado e assim a tradição de ‘queimar Judas’ permanece acesa entre os católicos.
Por Cassia Santana
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