Trajetória de Nadir da Mussuca vira documentário

Nadir recebe abraço durante lançamento de documentário sobre sua vida (Fotos: Ícaro Novaes/Portal Infonet)

“Meu filho, nunca tive um dia mais feliz que o de hoje!”. As palavras soaram sinceras e em tom embargado, retrato de uma emoção a ponto de explodir. Nadir Maria dos Santos é forte, espelho de uma vida de batalhas ao longo dos seus 68 anos de vida, entretanto, não consegue blindar os sentimentos ao falar da sua trajetória – que agora toma forma cinematográfica. O documentário ‘Nadir da Mussuca’, lançado oficialmente nesta terça-feira, 10, no Museu da Gente Sergipana, atraiu centenas de pessoas movidas pelo anseio histórico-cultural – ingredientes que têm de sobra na Nadir e em sua estrada.

A iniciativa partiu da professora Alexandra Dumas, do Núcleo de Teatro da Universidade Federal de Sergipe (UFS), com incentivo financeiro da Federal de Pernambuco. Sempre antenada e dirigindo suas pesquisas para a cultura afro-brasileira, aspectos ancestrais, de corpo, espetacularidade e memória, a docente viu em Nadir, residente do povoado Mussuca, de matrizes quilombolas, no município de Laranjeiras, todos esses elementos expressos no dia a dia da artista – que é também pescadora e mães de oito filhos.

Duma: Nadir é uma mulher síntese da cultura afro-brasileira

“Pude ver nela uma mulher síntese em termo históricos da cultura afro-brasileira e sergipana. Ela traz as memórias do pai, do avô, e todo esse referencial  ela carrega na própria prática artística e cultural dela. E vai além, ela ainda dialoga muito bem com o contemporâneo numa espécie de transe de tempo e cultura”, conta a professora, que produziu e dirigiu o documentário de 26 minutos.

Foram oito dias de gravações ‘invadindo’ um mundo de particularidades que representam a cultura afro-sergipana. Nadir ainda vive o êxtase da produção recém-lançada e esbanja um sorriso após todas as homenagens que recebeu durante essa terça-feira. “Filho, nunca tive um dia mais feliz que o de hoje. Deus me abençoou ao trazer essas pessoas e essas homenagens dedicadas a mim. Tudo isso me dá força para querer viver mais e mais”, relata.

Auditório lotado para lançamento de documentário

Expressão corporal em tom de poesia como homenagem para Nadir

Nadir também respira fundo ao falar do orgulho de ver sua trajetória de vida ser registrada e entrar para toda a história. “Se eu morrer, já tem essa obra que ficará para sempre. Tudo que um dia eu sonhei com certeza está sendo realizado hoje. A cultura é minha vida e foi o que de melhor meu pai deixou”, desabafou em tom agradecido.

O documentário de caráter étnico-biográfico traz além do dia a dia de Nadir, relances do seu envolvimento com o Samba de Pareia e São Gonçalo, traços do cotidiano da sua família. A personalidade, símbolo cultural de Sergipe, estampa uma riqueza cultural que, se depender dela, ainda terá longos anos para novas narrativas.

Por Ícaro Novaes e Verlane Estácio

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