UM NADA QUE É TUDO! – Por Gustavo Aragão

foto de Vinícius Fontes
O Espetáculo NADA, encenado – pelo Grupo teatral sergipano NENHUMA, composto pelos geniais atores: Tiago Melo, Micheline Lemos, Jane Eyre e Amarildo Félix – na noite do dia 11/01(quinta-feira), no teatro Juca Barreto, situado no Centro de Cultura e Arte da Universidade Federal de Sergipe é prova de que o teatro sergipano tem um futuro brilhante. Uma produção simples; iniciativa dos próprios atores, que não obtiveram apoio nenhum para a montagem, mas que souberam fazer do simples, no espetáculo, um toque de beleza de que a peça precisou para mexer com o imaginário do público presente.

A montagem é baseada nos contos do também magnífico escritor sergipano Antônio Carlos Viana. De poucos recursos, revela o maravilhoso trabalho dos atores envolvidos. A iluminação é tida como um elemento secundário, que não conta com uma programação prévia; o iluminador é livre para criar, à medida que o espetáculo vai se desenvolvendo, ao mesmo tempo, que o gestual ganha força. O trabalho com imagens e significantes que remetem à origem e, ao mesmo tempo, a universalidade da cultura e do povo nordestino, encanta pela leveza e pela originalidade. A peça fala de um espaço que não é exatamente representado nem visto, mas que pode ser apreendido pelo público, tão logo este se envolva com a encenação. Suscita a imaginação dos espectadores, provoca alternadamente o riso e as lágrimas.   

foto de Vinícius Fontes

É preciso saber jogar esse jogo, como o faria Brecht, caso não soubessem, não resultaria num trabalho tão encantador. Dar a cara a bater, aventurar-se pelas profundezas do imaginário, buscar novas maneiras de dizer o texto, suscitando e desvelando o não dito que se apresenta nele, denunciar o vazio do mundo, a falta que mobiliza a vida dos homens, que os faz seres incompletos e desejosos, relacionar-se intimamente com a palavra, deparar-se com o caos da criação e constituir o belo, não é tarefa tão fácil de se realizar no campo da encenação, mas pelo que pude presenciar, na noite de ontem, quando assistia ao espetáculo NADA, é altamente possível quando um texto sem brechas cai nas mãos das pessoas certas, no momento adequado. Pessoas estas capazes de traduzir o mundo e o escondido do homem em sentimentos e emoções que geram um real processo catártico.

Acredito que foi exatamente a ausência de material cênico que mobilizou a presença marcante do ator, enquanto instrumento cênico. Se bem refletíssemos sobre a questão da ausência, veríamos que o homem é marcado por faltas e são elas que os sustentam e os permitem seguir na vida. Assim também o foi no espetáculo; a falta dos recursos traz maior liberdade de criação ao ator. O NADA ao qual se refere o espetáculo, na minha concepção, só é possível ser atingido caso nos coloquemos na condição de SER que sente, pois nada existe para o homem fora do universo dos sentidos e foi justamente o seqüenciamento harmonioso dos significantes dispostos, em cena, pelos atores, que proporcionou um sentido uno, regional e, ao mesmo tempo, universal.  

foto de Vinícius Fontes

Recomendo o espetáculo a todos os admiradores do teatro, aos profissionais do ramo, aos estudantes, em geral, enfim a todos. Viva ao teatro de qualidade em Sergipe e no Brasil! Aos atores envolvidos no espetáculo os meus parabéns e os meus votos de sucesso!

 

SEXTA TEM ESPETÁCULO:

Dia 12/01/2007 às 20h, no teatro Juca Barreto. Vale a pena conferir!

Por Gustavo Aragão


 

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