Veja quem são as pessoas que dão nome a grandes avenidas da capital

Um dos principais pontos turísticos de Aracaju, o Monumento Tropical, que fica na Avenida Ivo do Prado (Foto: PMA)

Você conhece os sergipanos que dão nome a importantes avenidas de Aracaju? Quem mora na capital certamente já passou por avenidas que levam o nome de personagens históricos que foram importantes para a cultura e a política do estado. Mas você já se perguntou quem foram essas pessoas? Por que essas avenidas receberam esses nomes? Qual a importância delas para a nossa capital? O Portal Infonet conversou com o historiador Renaldo Ribeiro Rocha, que falou sobre a trajetória de nomes como João Ribeiro, Hermes Fontes, Barão de Maruim e Ivo do Prado.

Segundo o historiador Reinaldo Rocha, o ato de nomear vias públicas com nomes de pessoas está ligado à preservação da memória histórica (Foto: Portal Infonet)

Segundo o historiador Renaldo Ribeiro Rocha, o ato de nomear vias públicas com nomes de pessoas está ligado à preservação da memória histórica, além de uma singela homenagem pela contribuição que deram ao estado ainda em vida. “Todos esses citados tiveram uma grande relevância no cenário sergipano, principalmente entre o fim do século XIX e início do século XX, pois destacaram-se no campo político, histórico, cultural ou econômico”, comenta.

Veja abaixo um breve resumo sobre a trajetória das seguintes personalidades:

João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes

Natural do município de Laranjeiras, João Ribeiro foi um dos principais ideólogos e intelectuais do estado (Foto: arquivo nacional)

Natural do município de Laranjeiras, João Ribeiro foi um dos principais ideólogos e intelectuais do estado. O historiador explica que Ribeiro se notabilizou como um grande jornalista e escritor. Seus principais trabalhos eram relacionados à crítica cultural, além da escrita de livros de história e gramática para os ensinos fundamental e médio. “Foi um homem que atuou em inúmeras áreas do conhecimento. Por isso que muitos intelectuais da época o chamavam de polígrafo, isto é, aquele que escreve sobre assuntos diversos”, conta Rocha.

O professor relata também que o prestígio que João Ribeiro adquiriu o fez conviver com os principais intelectuais existentes no Brasil entre entre o fim do século XIX e início do século XX, como Sílvio Romero e Machado de Assis. “João Ribeiro foi um dos primeiros membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), fundada em 1897, pelo Machado, no Rio de Janeiro”, conta.

Outro grande feito do João Ribeiro foi conduzir o Almanaque Brasileiro Garnier. Segundo o historiador, a almanaque buscava informar a classe política e civil sobre os mais variados assuntos da vida republicana. “O início da construção de uma identidade brasileira, voltada para o nacionalismo, começou graças a esse belo trabalho que o João Ribeiro realizou”, salienta.

Segundo o professor, logo na infância Hermes já demostrava grande intimidade com a escrita, memorização e o desenho (Foto: arquivo nacional)

Hermes Floro Martins de Araújo Fontes

Natural da antiga Vila de Boquim, atual cidade de Boquim, Hermes Fontes foi um dos grandes poetas e jornalistas de Sergipe. “Hermes Fontes é um daqueles casos típicos de pessoas que talvez a palavra gênio não seja pretensiosa”, destaca Renaldo. Segundo o professor, logo na infância Hermes já demostrava grande intimidade com a escrita, memorização e o desenho. Devido a essas habilidades, o pai o leva para a recém capital Aracaju a fim de incentivá-lo a estudar. “Na capital, ele cai nas graças do Martinho Garcez, o então governador de Aracaju da época, que o convida para estudar no Rio de Janeiro”, relembra.

Na então capital federal da época, Hermes após longos estudos se torna referência no quesito poesia brasileira no início do século XX. “Ele lança uma série de livros poéticos que ganham uma projeção numa época em que livros com essa temática era bastante consumido no Brasil”, destaca. Os temas de suas poesias, conforme explica o historiador, relatavam a saudade da terra natal – Sergipe. Além disso, Hermes também se tornou Bacharel em Direito e passou a colaborar com algumas revistas da época.

Segundo o historiador, João Gomes recebe o título de “Barão” pela sua proximidade com o império. “Foi um homem do partido conservador que dava apoio ao governo de D. Pedro II”. (Foto: arquivo nacional)

João Gomes de Melo (Barão de Maruim)

Foi um grande proprietário rural, além de Deputado Geral (equivalente a Deputado Federal) pelo estado de Sergipe. Segundo o historiador, João Gomes recebe o título de “Barão” pela sua proximidade com o império. “Foi um homem do partido conservador que dava apoio ao governo de D. Pedro II”, destaca.

Enquanto político, Renaldo Ribeiro Rocha explica que o Barão de Maruim vai ter uma importância significativa em um dos processos históricos mais importantes de Sergipe, que é a mudança da capital, de São Cristóvão para Aracaju, em 1855. “Foi no engenho Unha de Gato, de sua propriedade, que vão ser traçados os rumos e basicamente o apoio que os deputados deveriam dar a empreitada de Inácio Barbosa, que tinha o desejo de mudar a capital de Sergipe”, relembra. Ainda segundo o professor, o apoio do Barão de Maruim foi fundamental para que a mudança pudesse ser concretizada.

O historiador detalha que a mudança da capital se deu por razões econômicas. “Naquela época havia dois polos econômicos em Sergipe. Os produtores de cana da região do Vaza-Barris e os produtores de cana do Vale do Cotinguiba”, lembra. Os senhores de engenho do Vale do Cotinguiba (liderados pelo Barão de Maruim), tinham o entendimento que a capital deveria está em um lugar onde pudesse mais facilmente o açúcar ser exportado para a Bahia. “O local no meio desse caminho seria Aracaju, que até então não existia enquanto cidade, era apenas a Vila de Santo Antônio, que originou a cidade e também a nova capital”, lembra.

Foi essencialmente um militar alinhado à política. Segundo o historiador, além do campo militar e político, ele também foi protagonista do campo intelectual (Foto: arquivo nacional)

Ivo do Prado Montes Piris de França

Foi essencialmente um militar alinhado à política. Segundo o historiador, além do campo militar e político, ele também foi protagonista do campo intelectual. “Ele se notabilizou em um grande intelectual por ter discutido e criado uma obra chamada “Capitania de Sergipe: e suas ouvidorias”, onde neste livro ele discute aquilo que era um dos assuntos mais prementes no início do século XX: a questão de territórios e fronteiras entre Sergipe e Bahia.

O professor diz que o estado baiano “garfou” boa parte do território que deveria compor o estado de Sergipe. “Quando Sergipe passou a reivindicar uma maior porção territorial a Bahia usou seu poder político e econômico para afirmar que suas fronteiras eram bem maiores em relação ao que os sergipanos alegavam”, destaca.

Foi então que Ivo do Prado entrou em cena para defender, através de documentos históricos, o território sergipano. Alegando que o estado deveria receber uma porção de terras maior em relação àquela que foi dada pela Bahia. “Ivo do Prado foi um primeiros intelectuais a mostrar através de uma série de mapas, imagens e cartas, a extensão do território sergipano. Mas no final das contas, o desfecho dessa história é o que temos hoje: o menor estado da federação. Prevaleceu a força política da Bahia, que naquela época era muito forte”, recorda.

por João Paulo Schneider  e Verlane Estácio

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