Viagem no tempo e no espaço

Por Fernando Andrade Exposição mostra que a Cavalhada é uma festa que nasceu das tradições ibéricas Para quem nem imagina o que é uma Cavalhada, nada melhor que visitar a exposição organizada pela professora Verônica Nunes – no Espaço Cultural Yázigi, até o dia 13 setembro – para ficar sabendo. Historiadora e professora da Universidade Federal de Sergipe, Verônica – e sua equipe – vem pesquisando o tema há mais de dois anos. O resultado de todo esse trabalho não decepciona: na mostra, a professora elucida desde o que é a Cavalhada – uma festa cujo símbolo central é o cavalo (daí o nome) -, até como se deu o início dessa tradição secular na região onde foi realizado o levantamento, o Baixo São Francisco. “O grande objetivo desta exposição é tornar acessível ao público informações sobre o festejo, contribuindo para a preservação cultural do município de Poço Redondo, onde acontece a comemoração”, salienta a pesquisadora. Durante o evento, os cavalos são adornados do rabo à crina, para dar mais cor e vivacidade ao acontecimento, que é marcado pela competição entre duas equipes: a azul e a vermelha. Os cavaleiros que participam da festa também devem estar rigorosamente caracterizados para defender suas equipes. Mas para aqueles que pensam que a disputa entre as equipes tem base aleatória enganam-se. “O festejo representa as batalhas travadas entre cristãos e mouros durante a Idade Média. A equipe azul representa os cristãos. A vermelha os mouros”, explica a historiadora. “E a Cavalhada vai muito além de uma simples comemoração popular. Além de estar ligada à celebração da santa padroeira da região – Nossa Senhora da Conceição -, ela também está inserida em um forte contexto histórico”, diz. A exposição também conta com um vasto acervo de fotografias. São imagens dos mais variados momentos e ângulos da festividade, possibilitando aos curiosos e interessados conhecer um pouco mais sobre ela. “Para organizar este evento, foram analisadas diversas fontes que desvelassem a história do Baixo São Francisco. Foram recuperados documentos escritos e adquiridas informações em registros materiais e imateriais – como a memória das pessoas, por exemplo. E vale a pena ressaltar que uma das mais ricas fontes existentes hoje sobre a Cavalhada encontra-se justamente aqui, no Nordeste. Foi um trabalho muito interessante de se fazer”, revela Verônica. Para quem tiver interesse de ver a mostra de perto, o Espaço Cultural Yázigi está localizado à rua Vereador João Calazans, 494, bairro 13 de Julho. Os telefones de contato são: (79) 214-0326 e 214-3384.