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Palestra aconteceu no auditório do Sesc/SE (Fotos: Portal Infonet) |
Foi realizada na manhã desta quinta-feira, 18, no auditório do Sesc Centro, palestra do Programa Ecos de Sustentabilidade Ambiental, com a participação do Cacique To'Ê Pankararu, da bióloga Cleonice Pankararu e do estudante Waroykran Pankararu, da Aldeia Cinta Vermelha-Jundiba, do Estado de Minas Gerais. Eles fizeram um relato de como é a vida na aldeia e das práticas ambientais que renderam o prêmio Culturas Indígenas do Serviço Social do Comércio (Sesc) São Paulo.
De acordo com a coordenadora regional do Programa, Rita Simone Barbosa Liberato, o Ecos de Sustentabilidade do Sesc foi implantado em Sergipe em 2012. “Nós trabalhamos com quatro eixos: comunicação, desenvolvimento, capacitação e fortalecimento de práticas ambientais. Sergipe foi o primeiro estado do Brasil que implantou o programa, nós desenvolvemos durante um ano uma série de práticas: atividades de reflorestamento, oficinas de reaproveitamento de materiais recicláveis e trabalhos de formação com os colegas do Sesc de Sergipe”, ressalta.
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Cacique To'Ê Pankararu |
Quanto ao evento da manhã desta quinta-feira, ela informou que os palestrantes ganharam um prêmio Culturas indígenas do Ministério da Cultura e do Sesc São Paulo, pelos trabalhos da aldeia no campo, das plantas medicinais e da saúde tradicional. “Eles vieram para Sergipe para participar do Curta-SE. Existe um documentário da aldeia selecionado, 'A Mão do Pajé', que eu tive a alegria de trabalhar na direção e participação com os grupos da aldeia. E estão também participando de intercâmbio, já visitaram os Cariris-Xocós, em Porto Real do Colégio, vão participar de uma roda de conversa na UFS, vão visitar o projeto do Caju na Embrapa e visitar o Projeto de D. Josefa da Guia em Poço Redondo”, completa.
Aldeia
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Cleonice Pankararu |
Durante a palestra, o Cacique To'Ê Pankararu destacou que não conseguiram a terra de graça. “Em quase dez anos, já conseguimos marcar o nosso espaço na região composta por oito famílias, tivemos uma conquista muito estranha porque foi de negociação, de compra de terra. Começamos a busca do território, tivemos várias ofertas e vimos o anúncio de venda e pegamos o contato, o dono era um moço que a gente já conhecia. As pessoas, quando falam em índios, acham que o Governo Federal arca com tudo, mas não. Procuramos a Funai que negou a assistência e foi quando surgiu um senhor se apresentando de uma Ong da Itália e disse que, pelo valor da terra, 60 mil reais, ele conseguiria lá e nós fomos pra dentro, mas ele desapareceu, só que a gente já tinha feito as casas, roça e conseguimos um prazo de seis meses para permanecer na terra. Foi quando surgiu no estado um programa chamado Crédito Fundiário, foi onde nós entramos e estamos pagando. Mesmo assim, enfrentamos resistência porque nunca tínham trabalhado com índios, mas aceitaram. Nós temos uma dívida de 20 anos”, conta.
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Rita Simone coordenadora do Ecos em Se |
Ele enfatizou já ter conquistado vários espaços, construído escolas, postos de saúde. “Os professores, assistentes, motoristas são indígenas e temos as parcerias que apoiam a gente e divulgam. Conhecemos a Rita Simone no Canadá, tivemos a oportunidade de ir aos Estados Unidos e a aldeia é pequena em tamanho, mas está grande e a gente busca ampliação a exemplo da construção de uma faculdade”, finaliza.
Por Aldaci de Souza