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Saumínio Nascimento (Foto: Divulgação) |
Dentre as diversas contribuições informativas que o Banco Central do Brasil oferece a sociedade, uma delas eu julgo de grande relevância, pois antecipa informações importantes sobre o cenário brasileiro, é o Boletim Regional do Banco Central do Brasil, que é uma publicação trimestral e geralmente é apresentada em uma das cidades brasileiras onde o Banco Central possui representação regional. A última publicação foi divulgada no dia 03/08/2012 em Salvador e é sobre este último relatório que quero replicar alguns tópicos que sinalização sobre a situação recente e o nosso futuro econômico.
Vale destacar que neste boletim também é apresentado o resultado do novo índice que tem sido observado e avaliado mensalmente pela sociedade brasileira que é o IBC-BR, Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil. O IBC-BR dos cinco primeiros meses de 2012 aponta que a economia brasileira tem mantido um ritmo moderado de expansão, o IBC-BR dos primeiros cinco meses alcançou 0,85%. Já a expansão do PIB de acordo com o IBGE aponta para um índice de 2,7%, com seguinte distribuição nas atividades econômicas, o comércio/serviços com 67% do valor adicionado; indústria com 27% e agropecuária 6% na base de 2009.
De qualquer forma, o ponto a destacar para este segundo semestre de 2012 e as perspectivas para 2013 é de que temos perspectivas favoráveis para o Brasil, pelos seguintes pontos: inflação convergindo para a trajetória de metas; crescimento moderado do crédito; disciplina fiscal; déficit em conta corrente em torno da média histórica; taxas de desemprego historicamente baixas; e atividade econômica em aceleração. Estes pontos foram apresentados pelo Diretor do Banco Central, Dr. Carlos Hamilton Araújo, quando da divulgação do Boletim em Salvador-BA.
Os dados macroeconômicos revelam o seguinte:
– o índice do volume de vendas do comércio varejista brasileiro na posição de maio/2012 ficou em 1,3%; registrando-se que na Região Nordeste este índice chegou a 2,3%, portanto superior a média brasileira; mas para o comércio ampliado, o percentual de crescimento do Brasil ficou em 0,7% e o Nordeste cresceu 1,3%;
– as operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional apresentaram um crescimento de 22,8% na base de maio/2012, para o Nordeste o crescimento ficou em 28,6%, a Região vem apresentando ultimamente um crescimento de crédito superior às demais regiões brasileiras, destacando-se o crédito para Pessoas Físicas que apresentou um crescimento de 37,0% na Região Nordeste, resultado de uma maior inclusão financeira, em face de melhoria da capacidade de contrair empréstimos e financiamentos;
– com relação à taxa de desemprego o Brasil ficou com a taxa de 5,9% na posição de maio/2012; a taxa da Região Nordeste ainda é a maior entre as Regiões Brasileiras, mas ficou com o percentual de 7,1%, índice melhor ao do ano anterior que era de 8,7%;
– melhoria na distribuição da renda, pois o índice de gini (que mede a concentração da renda) aponta que o índice caiu de aproximadamente 0,59 em 1995 para 0,51 em 2009, mesma movimentação também ocorrendo na Região Nordeste onde o índice era 0,60 em 1995 e declinou para 0,54 em 2009, indo nessa mesma linha a renda per capita mensal também evolui e a taxa de pobreza no Brasil cai de 35% para 20%; e.
– a inflação trimestral medida pela variação do IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo apresentou recuo pelo segundo trimestre consecutivo, indo para 1,08% em junho/2012, ante 1,22% em março/2012 e 1,46% em dezembro de 2011, este comportamento deu-se pela desaceleração nos preços livres, reforça-se então que a inflação está em processo de convergência para o centro da meta.
Um box importante do Boletim Regional do Banco Central é o que aborda a evolução das finanças públicas dos governos regionais. O box do mais recente boletim analisa a evolução recente, de dezembro de 2009 a maio de 2012, observando a trajetória do endividamento líquido e o comportamento dos gastos de custeio, de investimento e com o serviço da dívida. O superávit primário dos governos regionais, acumulado nos últimos dozes meses terminados em maio de 2012, totalizou 0,73% do Produto Interno Bruto (PIB) e a relação entre a dívida líquida e o PIB atingiu 11,3% em 2011. Os dados também revelam que há uma tendência de recuo do endividamento líquido total e ao mesmo tempo, acesso a novos financiamentos junto à rede bancária e organismos internacionais, o que demonstra uma maior confiança por parte dos credores na manutenção da sustentabilidade fiscal.
Não comentarei todos os tópicos nesta breve abordagem, pois a riqueza e extensão do Boletim são amplas, mas para fechar os pontos que julguei mais interessantes gostaria de comentar sobre o endividamento e comprometimento da renda das famílias brasileiras com o crédito. O comprometimento da renda das famílias chegou ao patamar de 21,9%, o que em minha opinião, ainda está dentro dos percentuais adequados, a minha tese e a de que o limite deve ser de 30%; já no endividamento das famílias chegamos ao percentual de 43,4%, o que em minha opinião também está dentro de parâmetros viáveis a minha tese é a de que este limite seja de 50%.
Em suma pelo que foi exposto, que mesmo com um cenário de crise internacional, especificamente na Europa, o Brasil apresenta condições de superação dos seus desafios, face condições favoráveis do mercado de trabalho, crescimento da renda, perspectivas de expansão da demanda e principalmente pela confiança dos consumidores e investidores, ponto vital para a manutenção da nossa robustez de demanda doméstica que irá sustentar o ritmo da atividade econômica.
* Economista e Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de Sergipe.
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