Ao longo da história, os rios sempre exerceram fascínio extraordinário sobre os seres humanos, determinando muitas vezes as ações que deveriam adotar na ocupação do território. A legendária frase do famoso rio do Oriente Próximo , “o Egito é uma dádiva do Nilo”, é emblemática da consideração singular que os rios têm secularmente merecido de praticamente todas as formações sócio-culturais. Nas formações culturais pré-capitalistas, o homem instintivamente procurava os rios, os lagos e outras fontes de água para atender às suas necessidades fisiológicas. Mas não lhe acudia nenhuma preocupação econômica porque a abundância desse bem e de outras fontes de alimentação supria-lhes o caráter econômico, conferido hoje pela escassez ou pela má distribuição que enseja sua apropriação privada. Sena, Tâmisa, Tigre, Reno, Amarelo, Morto, Mississipi, Grande e tantos outros espalhados por todos os continentes, bem assim Ganges, Jordão, Tigre, Eufrates, referências constantes de livros sagrados de várias religiões e seitas, além dos nossos Amazonas, rio-mar; e São Francisco, da unidade nacional, são registros, dentre miríades de outros, que nos impõem a inevitável necessidade de reflexão sobre a importância econômica dos cursos d”água de todas dimensões e latitudes para a nossa sobrevivência no Planeta, que Gagárin vislumbrou azul e belo, há quase meio século, lá do espaço sideral. Sobre o nosso rio Sergipe, sabemos que tem oferecido contribuição ímpar ao desenvolvimento do Estado xará, que lhe deu ou recebeu o nome. O açúcar, o sal, o algodão e outros produtos da economia sergipana, receberam do rio Sergipe a ajuda de que necessitavam para serem transportados e, assim, chegarem aos destinos de sua realização econômica, através da venda. Com sua nascente nas “fraldas da Serra Negra, no Estado da Bahia”, o rio Sergipe percorre 140 km até alcançar o Atlântico, em Aracaju. Na sua sinuosa trajetória o Sergipe banha 26 municípios, dos quais nove totalmente – Laranjeiras, Nossa Senhora Aparecida, Malhador, Riachuelo, Ribeirópolis, Santa Rosa de Lima, Moita Bonita, São Miguel do Aleixo e Nossa Senhora do Socorro -, recebendo a afluência de dezenas de rios, riachos e córregos, tributários que lhes conferem a proeminente posição de mais densa bacia hidrográfica do Estado, tanto em relação à população (56,6 % do Estado), como relativamente às atividades econômicas que congrega. Outros indicadores sócio-econômicos, como as matrículas no ensino fundamental, médio e superior, ligações residenciais de energia elétrica e abastecimento d”água confirmam a importância econômica da bacia do rio Sergipe no contexto da economia estadual. O rio Sergipe abrigou por mais de um século o Porto de Sergipe. Hoje, o Terminal Portuário Inácio Barbosa, localizado no município da Barra dos Coqueiros, é parcialmente abrangido pela bacia do Rio Sergipe. Portanto, a extensa bacia do rio Sergipe, cujo principal afluente é o rio Cotinguiba que, somado aos demais mananciais tributários, conformam a sua bela e capilarizada malha fluvial, é portadora de uma mensagem de progresso para o povo sergipano, emoldurando em sua foz a paisagem hídrico-bucólica da nossa querida e buliçosa Aracaju, fustigada pela incúria pseudo-civilizatória daqueles que, sem dá nada em troca, praticam a desfiguração de tua paisagem, que há quase cento e cinqüenta anos Pirro tentou preservar. Bendito sejas Sergipe rio que, resignadamente, tens aturado, durante séculos, a depredação impiedosa dos teus ingratos filhos. Até quando suportarás tão injusto e indigno tratamento? * Nilton Pedro da Silva, doutor em economia e advogado.
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