“A recente evolução da economia dos Estados Unidos” – por Saumíneo Nascimento (1)

Desde princípios de 2004 que o exame das políticas comerciais dos Estados Unidos tem registrado bons resultados.
 
Isto tem conseqüências mundiais, por serem os Estados Unidos o principal mercado de importação do mundo e um provedor fundamental de bens e serviços. A economia norte-americana tem conseguido figurar entre as mais competitivas do mundo e apoiando o crescimento mundial ao manter seu mercado aberto. Esta abertura é um dos fatores que contribuem para a competitividade estadunidense, já que permite aos produtores e aos consumidores nacionais acessar bens, serviços e capitais estrangeiros necessários para seus investimentos e em melhores condições. A esse respeito, as importações  têm contribuído para manter os preços baixos nos Estados Unidos em um contexto de elevado consumo privado e com elevadas entradas de capital estrangeiro financiando o déficit em conta corrente.

O crescimento econômico dos Estados Unidos tem se apoiado em políticas fiscais e monetárias flexíveis. Nada obstante, o déficit fiscal, a baixa taxa de juros e o aumento do déficit em conta corrente são motivos de preocupação. Há também sinais de recrudescimento do comércio que podem ter conseqüências na política monetária. Em resposta a essas preocupações, o governo dos Estados Unidos tem adotado medidas para reduzir os gastos públicos, o déficit fiscal e implementar uma política monetária mais rigorosa.

O crescimento econômico dos Estados Unidos desde 2004 tem sido sólido e contínuo. Há um fato a registrar que é o baixo crescimento registrado nos anos de 2001 e 2002, por isso, a expansão econômica teve um ritmo melhor no segundo semestre de 2003, apoiada por elevados níveis de consumo interno privado, nos investimentos privados e nas compras para a área de defesa. Mas este crescimento só adquiriu solidez em 2004, impulsionado pelo aumento da produtividade, os elevados benefícios das empresas e o incremento das exportações. As cifras preliminares de 2005 indicam um ritmo de crescimento mais lento, porém se espera que o crescimento do PIB dos Estados Unidos supere ao da maioria dos demais países industrializados.

Sobre a situação dos Estados Unidos é importante registrar que desde 2001 que o consumo privado foi superior ao crescimento do PIB e isto foi motivado pelas trocas patrimoniais, como conseqüência do aumento da renda disponível, devido principalmente às reduções fiscais. Vale registrar que o PIB dos Estados Unidos era de US$ 8.747 bilhões em 1998 e foi para US$ 12.605 bilhões em 2005.

Nos Estados Unidos o emprego tem crescido moderadamente, pois a taxa de desemprego decresceu 6% em 2002, já em 2005 foi de 4,9%. Além disso, a produtividade da mão-de-obra segue registrando um sólido crescimento; a produtividade das empresas privadas do setor agrícola cresceu 3,4% em 2004, porém aumentou com menor intensidade no primeiro semestre de 2005.

Na questão da Política Monetária há uma lei de 1913, denominada de Lei da Reserva Federal, que cuida do estabelecimento  da política monetária dos Estados Unidos e especifica a promoção dos objetivos de emprego máximo, estabilidade dos preços e os interesses de longo prazo. A Reserva Federal controla três instrumentos de política monetária: as operações de mercado aberto, os tipos de desconto e a funcionalidade das reservas obrigatórias.  Com a utilização destes instrumentos é possível influenciar a demanda e a oferta de liquidez que afetam os fundos federais americanos.

A subida dos preços do petróleo e o possível efeito retardado das políticas monetária e fiscal, anteriormente expansionistas e, a depreciação do dólar frente ao euro podem ter influenciado na inflação americana, que passou de 1,9% em 2003 para 3,3% em 2004 e no mesmo ritmo em 2005.

Na metade de 2005, a previsão era que o crescimento do PIB dos Estados Unidos seria de 3,7% e com uma desaceleração em 2006, passando para 3,4%. Nas estimativas de 2005 não foram considerados os efeitos do furacão Katrina que afetou de forma drástica três estados (Lousiana, Alabama e Mississipi), porém eles só representam 3,1% do PIB dos Estados Unidos. Há perspectivas de que a taxa de desemprego se mantenha estável no patamar de 5,2% e que a inflação seja reduzida de 3,1% em 2005 para 2,5% em 2006. Além disso, o déficit total deverá ser superior a 2,7% do PIB e que deverá diminuir depois. Para o FMI, a previsão de crescimento do PIB dos Estados Unidos é de 3,3% em 2006.

Em síntese, a evolução recente da economia dos Estados Unidos demonstra que ainda existe vitalidade orgânica, porém necessitam de uma orientação estratégica na sua política comercial e eterna para que em 2006 o mundo possa ser melhor.

 

 

 

(1) Superintendente do Banco do Nordeste em Sergipe e Doutor em Geografia pela UFS.

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