Canindé: produção de quiabo contabiliza 33 anos de história

Foto: Ascom/Cohidro

Marcado na história como um dos cultivos pioneiros nos lotes do Perímetro Irrigado Califórnia – projeto de irrigação pública implantado em 1987 pelo Governo de Sergipe em Canindé de São Francisco –, o fruto do quiabeiro tem presença forte na tradição culinária dos brasileiros e ainda é nutritivo, tem alta concentração de fibras, sais minerais e das vitaminas A e B1. O quiabo se dá bem em solo argiloso e clima quente e seco, motivo pelo qual a produção ganhou espaço nas áreas irrigadas do Alto Sertão Sergipano que reúnem essas características. Só no Califórnia, a produção anual supera a média das 12 mil toneladas e chega a movimentar em torno de R$ 12 milhões com a venda da produção, no mesmo período.

Das colheitas realizadas toda semana no perímetro, sem falta, o escoamento é quase sempre feito para Salvador e Feira de Santana, na Bahia, segundo afirma Manoel Cassiano. Agricultor irrigante do Califórnia, onde cultiva hortaliças há 30 anos, ele reservou parte da sua propriedade para plantar o quiabo durante o ano inteiro. Conforme conta o produtor, cerca de 30 sacos são colhidos por semana na sua área. “Essa quantidade pode variar, assim como os preços. Tudo depende da época”, afirma o produtor, que é atendido pela irrigação pública e assistência técnica agrícola fornecida pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), que opera o perímetro público.

Ainda de acordo com o produtor Manoel Cassiano, na Semana Santa, por exemplo, a venda do produto é mais rentável, mesmo que durante os poucos dias que antecedem o feriado religioso. Esse aumento nas vendas se deve à tradição culturalmente mantida no Nordeste, que guarda em seu rol de sabores diversos pratos típicos utilizando o quiabo como um dos ingredientes principais, em datas comemorativas. O mesmo acontece com o Dia de São Cosme e Damião, em 27 de setembro. “Quando chega em setembro, dá uma nova alta no preço, por causa do caruru”, completa Cassiano. Por levar entre 60 e 80 dias para começar a colher e permitir coletas semanais por até 3 meses, o quiabo é a plantação preferida dos irrigantes.

É o que aponta o técnico agrícola da Cohidro, Luís Roberto Vieira. “O quiabo aqui se tornou tradicional, pois há 33 anos, desde o início do perímetro Califórnia, que o fruto vem sendo cultivado, levando o posto de produção pioneira, entre as vistas pela região. Mas assim como toda cultura, existem os prós e contras em relação ao seu cultivo – com o quiabo não seria diferente. Seguindo as recomendações técnicas dadas por nós, da Cohidro, os agricultores precisam tomar cuidado com a praga do Nematoide, que pode danificar o plantio. Por isso, o uso de inseticidas é essencial, desde que assistido pelos técnicos profissionais”, orienta o técnico Luís Roberto, alocado na unidade da Cohidro em Canindé.

Ocupando anualmente de 500 a 600 hectares dos lotes do perímetro, a produção do quiabo é tão grande que a Cohidro se preocupa em sempre incentivar a adoção de novos negócios rurais pelos irrigantes, a fim de que tenham menos concorrência e consequente rentabilidade maior. Para estimular o cultivo, por exemplo, de goiaba, uva, pera, amora e até mesmo a produção de leite, a empresa tem implantando projetos pilotos e dias de campo, com a ajuda da Embrapa Semiárido (Petrolina-PE) e do outro perímetro da Cohidro situado em Tobias Barreto, o Jabiberi. “Todos plantando a mesma coisa ou optando por plantios que têm pouco rendimento na venda, como é o caso aqui com o quiabo, acaba trazendo pouca rentabilidade para o agricultor e é até uma subutilização de toda essa infraestrutura que o Governo do Estado está oferecendo a eles. Por isso incentivamos produções alternativas sempre”, argumenta a gerente do perímetro Califórnia, Eliane Moraes.

Fonte: Ascom/Cohidro

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