Trabalho inovador introduz confecção em área de reforma agrária de SE (Foto: Incra) |
Na pequena sala, tesouras deslizam cortando rapidamente os tecidos espalhados pela mesa. Ao mesmo tempo, no espaço ao lado, o barulho das máquinas de costura marca o ritmo do vai e vem de camisas, saias e vestidos, que deixam as mesas de produção e são enfileirados em uma grande bancada.
Cortadas e costuradas com capricho, as peças, exibidas com orgulho, marcam os primeiros resultados de um projeto inovador implantado em uma área de reforma agrária do Alto Sertão Sergipano.
Em funcionamento desde o início de outubro deste ano, a Mini Indústria de Confecção do Assentamento Cajueiro, implantada pelo Incra em Poço Redondo (distante cerca de 185 Km de Aracaju), aos poucos vai ganhando vida. “Já havia uma boa estrutura física e os equipamentos, mas as agricultoras ainda não estavam preparadas para a produção. Elas manifestaram interesse em tocar o projeto e nós buscamos algumas parcerias que garantiram a capacitação necessária e permitiram que a confecção, finalmente, entrasse em funcionamento”, contou o engenheiro agrônomo Lian Costa Amorim, da equipe do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates), mantida pela autarquia federal no município.
Instalada em 2012, com recursos do Programa Prosperar, desenvolvido pelo governo de Sergipe, a Mini-Indústria de Confecção, subutilizada por quase dois anos, passou a ter protagonismo nos planos e sonhos de um grupo de mulheres do assentamento.
“Quando o prédio foi feito, a gente não sabia como utilizar. Tinha colega que até se assustava quando pisava o pedal da máquina. Hoje, depois de tudo que a gente aprendeu, já começamos a produzir as nossas peças e sabemos que, mais para a frente, elas vão ajudar bastante na nossa renda”, afirmou Eliene Lima de Matos, membro do grupo responsável pela Confecção.
A Preparação
Para o início da produção, o grupo, composto por 18 agricultoras assentadas, se organizou e reativou a antiga Associação de Mulheres do Assentamento Cajueiro (Amac).
Com o trabalho de articulação dos profissionais do programa Ates, a entidade recebeu o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da fundação Mundukide, com sede no País Vasco (que compreende áreas entre Espanha e França). “Esses parceiros ofereceram ao grupo um conjunto de capacitações, que deram às agricultoras a autonomia necessária para o desenvolvimento do projeto”, explicou Amorim.
Em sete meses, as agricultoras receberam cursos de capacitação em gestão, empreendedorismo e corte e costura. “Eu mesma e muitas colegas não tínhamos noção para trabalhar aqui. Agora, a gente sabe como usar as máquinas e como trabalhar para a confecção crescer”, afirmou Maria Helena dos Santos Travacio, a “dona Lena”.
Primeiros Resultados
Mesmo com poucas semanas em funcionamento, a pequena confecção já começa a apresentar os primeiros resultados. “No início, algumas pessoas aqui do assentamento não acreditavam que a confecção fosse funcionar e eu sempre dizia ‘ vocês ainda vão usar camisas nossas’. Agora, o pessoal até se impressiona quando vê o a gente faz. Já estamos até começando a vender aqui dentro mesmo”, contou sorrindo Eliene.
Resultados que, segundo a equipe que acompanha o grupo, devem ser bastante ampliados, por conta da organização e disciplina das agricultoras. “É um grupo muito maduro, consciente do que quer. Isso facilitou o trabalho de capacitação e ajuda no dia-a-dia, na construção dos frutos. Com certeza a confecção terá um futuro promissor”, analisou Amorim.
Para assegurar o futuro, o grupo conta com o apoio do Incra e aposta na ampliação do espaço físico e na aquisição de novos equipamentos.
“Já encaminhamos projetos para a obtenção de recursos do Crédito Apoio Mulher e do Programa Terra Sol, do Incra, visando a ampliação da confecção e da própria produção. Elas têm uma preocupação muito grande em atrair os jovens do assentamento para o trabalho, por isso, entre outras coisas, vamos comprar uma máquina overlock, para estimular a entrada desse grupo na confecção”, contou Amorim.
Por meio do Apoio Mulher, cada membro do grupo deverá receber um crédito de R$ 3 mil para investimento no projeto produtivo. Pelo Programa Terra Sol, que financia a criação e ampliação de agroindústrias, serão outros R$ 95 mil, para aplicação nas atividades da mini confecção.
Fonte: Incra
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