Economista defende cooperativismo para enfrentar a crise

Benayon: cooperativo para enfrentar a crise (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

O economista Adriano Benayon, doutor pela Universidade de Hamburgo, na Alemanha, e professor da Universidade de Brasília (UNB), é um dos palestrantes do 8º Congresso do Sindifisco que começa nesta sexta-feira, 26, em Aracaju. O professor recebeu a reportagem do Portal Infonet e, na entrevista, não mediu esforços para criticar os governantes que sucederam Getúlio Vargas em 1954 e vê no cooperativismo e no fim dos incentivos às transnacionais os pontos de partida para enfrentar e superar a crise econômica.

Segundo o cálculo do professor Benayon, um dos quesitos mais angustiantes está na dívida interna, estimada em mais de R$ 3 trilhões, criada a partir de práticas que desestabilizaram a indústria nacional. “Como este volume se formou?”, questiona. “Os déficits orçamentários que poderiam ter levado a começar uma dívida de grande porte não existiu. Esta dívida decorre, principalmente, do nada, decorre apenas de uma manobra financeira, que é a capitalização dos juros altos”, diz. “Arbitrando juros altíssimos de uma dívida que não era tão grande, formou este volume todo de dívida”, explica.

Na ótica do economista, as dívidas públicas são o elemento central do “grande saqueio que se fez sobre a economia brasileira” e aponta como responsáveis os sucessivos governos brasileiros, desde o pós-golpe de 1954. Para o economista, os governantes desde então não tiveram autonomia para baixar os juros nem também para fazer uma política econômica voltada para os interesses dos brasileiros.

Benayon: sem correção monetária

“Começa porque ele [o governante] não tem apoio do Congresso, do Judiciário e vai ser boicotado de todo jeito, até na mídia. O Brasil, ao meu ver, é um país sob intervenção de interesses que não são os nossos”, comentou. “Ou seja, o próprio governo não tem autonomia e pratica políticas favoráveis ao saqueio das riquezas do país”.

E, fazendo referência à prática dos juros aliado à cobrança de correção monetária, o economista destaca que se trata de uma manobra para enganar a população, considerando que “a mentira e a desinformação” se constituem os elementos mais importantes para manter este modelo econômico no país. “Concretamente, na economia, não se poderia fazer a distinção entre juros e correção monetária, mas para dizer que os juros não são tão altos assim, eles contabilizam boa parte como correção monetária e, mesmo assim, os juros já estão em mais de R$ 500 bilhões ao ano”, diz, numa referência aos juros aplicados sobre a dívida interna.

O economista também critica os benefícios fiscais concedidos pelos governantes às grandes indústrias. Segundo analisou, as transnacionais [grandes conglomerados que se destacaram no passado como multinacionais] constituíram grandes cartéis para controlar a economia brasileira e contribuiu, decisivamente, com a fragilidade da indústria nacional. “Com os privilégios que foram colocados na política econômica do próprio governo a partir de 1954, os cartéis mundiais levaram à desindustrialização do país”, diz. “Eu considero que os incentivos fiscais são mais uma das perversidades que o sistema utiliza para sugar”.
Para o economista, o Brasil necessita de se ater à produção de bens indispensáveis para a sobrevivência do povo brasileiro e fomentar o cooperativismo como forma de enfrentar a crise e fortalecer a economia para gerar emprego e renda.

Por Cássia Santana

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