Economista fala sobre atual mercado de investimentos

Marco Saravalle ministrou palestra sobre o tema em Aracaju

Durante um evento que reuniu cerca de 300 investidores do estado de Sergipe, o Portal Infonet conversou com o palestrante da ocasião, Marco Saravalle, um dos principais analistas do ramo no país. Na entrevista, ele esclareceu quais operações hoje são mais seguras, as mais recomendadas e o que o mercado especula para os próximos anos. 

Portal Infonet – Diante de um cenário econômico mais estável, quais são hoje as melhores opções de investimento?

Marco Saravalle – O recado da palestra é o seguinte: hoje vivemos uma realidade de juros mais baixos, algo que a gente não via. Passamos muito tempo mal acostumado com taxas de juros muito altas no Brasil. Qualquer tipo de investimento com baixo risco, como CDB ou algo atrelado à taxa básica de juros, você tinha pelo menos 1% de rentabilidade nominal por mês. Isso acabou e não vai existir tão cedo. Vamos ter pelo menos mais uns dois, três anos com taxas de juros no patamar baixo e abaixo dos 10%. Ou o investidor reconhece que terá uma rentabilidade menor, ou terá que buscar outras opções com um pouco mais de risco. As melhores opções nesse cenário são as mesmas, continuamos recomendando fugir da poupança, que é quase a mesma coisa que perder dinheiro, e temos opções com muito mais rentabilidade e com o mesmo risco. Tem os títulos do governo, o famoso tesouro direito, com opções que rentabilizam acima da taxa da poupança, e tem o risco soberano, é o risco do país. As chances de não honrar com esse juros é muito baixa. Tem outras opções no segmento de renda fixa, como CDB, alguns pagam acima da taxa básica de juros, tem uma rentabilidade boa, mesmo estando abaixo da taxa dos últimos dois, três anos. Não é para sair completamente da renda fixa, mas é fundamental que se migre para buscar melhor retorno.

Portal Infonet – Do ponto de vista financeiro, o mercado de investimentos é capaz de trocar o cliente de patamar?
MS – Existe uma corretora para cada perfil de investidor, depende do que cada um quer, dos objetivos, prazos e aceitação de risco. Pode mudar de patamar a partir do objetivo que se quer chegar. A pessoa pode estipular comprar uma casa em 20 anos, mas pode montar uma estratégia financeira e comprar em 10, 12 anos. Chegar no objetivo mais rápido. Importante buscar os objetivos que cada um precisa. Mas você pode ficar mais confortável, acelerar o processo e chegar aonde quer, isso é o importante. Com certeza, tem que utilizar outras opções que não se encontram em bancos, no dia-a-dia, que são opções com o mesmo risco, mas com rentabilidade maior.

Portal Infonet – Qual a previsão do ramo para o mercado de investimentos deste ano?
MS – A taxa básica de juros é o principal balizador dos investimentos. Hoje ela está em um patamar baixo, existe uma possibilidade de ir para um patamar ainda menor, mesmo que não seja muito provável. Vai ficar em 6,75%, abaixo dos 7%, pelo menos ao longo do ano inteiro. Isso que basicamente vai ditar os investimentos, principalmente de renda fixa. Todos os investidores procuram operações com um pouco mais de risco. Então você tem opções como crédito privado, financiando uma empresa, tem debêntures, alguns títulos incentivados sem imposto de renda, principalmente opções de risco mas com mais retorno. Tem uma classe de fundos chamada fundos multimercados, que a rentabilidade média no ano passado foi de 150% do CDI. É muito boa, mas com mais risco, mas é melhor que a tradicional renda fixa. Tem a própria bolsa, que em 2016 foi muito bom, 2017 bom de novo, e começamos 2018 com dois meses muito fortes. É uma opção com muito risco. Esse tipo de opção vai começar a fazer parte do dia-a-dia do investidor, e isso vai ser para os próximos três anos. É uma realidade que veio para ficar.

Portal Infonet – Como a corrida presidencial e o processo de eleições influenciam o mercado de investimentos?
MS – De uma forma geral, os investimentos financeiros, 2018 está praticamente dado. A nossa preocupação é 2019, que tem um novo presidente, e é um cenário que traz incertezas. Se entrar alguém um pouco mais radical, seja para esquerda ou direita, traz incertezas para frente. É importante que tenha alguém que continue seguindo com as reformas, já que este ano não temos condições. 2018 vai definir os próximos três, quatro anos de investimentos. Dizemos também que dependendo das eleições, esse cenário pode ser antecipado, ou seja, a bolsa continuar em alta, os investimentos mais arriscados continuarem em alta também, atraindo recursos estrangeiros. Tendo um ambiente mais previsível, mais seguro juridicamente, o investidor estrangeiro começa a entrar no Brasil, que começa a fazer a lição de casa. As reformas são importantes para reduzir os nossos déficits, diminuir o endividamento de médio e longo prazos, e recuperar a confiança do investidor estrangeiro, que ainda tem uma pulga atrás da orelha. A Fitch, uma das maiores agências de risco, acabou de rebaixar a nota do Brasil mais uma vez, colocando mais um ponto de interrogação na nossa recuperação fiscal. A gente precisa fazer reformas, reduzir nosso endividamento, para recuperar a confiança de todo mundo. Nosso trabalho aqui é justamente esse: antecipar esse movimento. A gente crê que isso vá acontecer, talvez não em um curto prazo, mas principalmente pela nossa recuperação econômica. A gente volta a crescer, gerar impostos, que é a receita do Governo, e tende a ter menos déficit ao longo dos próximos anos. É isso que a gente espera.

Por Victor Siqueira

Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Clique no link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acessos a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais