Apesar de já estar exportando, Sergipe ainda é um Estado importador e os principais produtos adquiridos este ano são trigo, máquinas para fiação de materiais têxteis, fibras de poliésteres não cardadas, chapas de liga de alumínio, teares para tecidos e algodão. A informação é do superintendente do Banco do Nordeste, Saumíneo Nascimento. O Estado exporta sucos, açúcar, tecidos de algodão, cimentos, calçados e roupas. Os nossos produtos vão para a Holanda, Estados Unidos, Gâmbia, Paraguai, Chile e Argentina. Sergipe já pode ser considerado um Estado exportador? O que exportamos e para onde exportamos? SM – Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do período de janeiro a abril de 2005, indicam como os principais produtos da pauta de exportações de Sergipe: sucos de laranjas congelados não fermentados, açúcar de cana, tecidos de algodão, cimentos, calçados de borracha ou plástico e roupas de toucados/cozinha, juntos eles representaram quase 90% das exportações sergipanas. Os principais países de destino das exportações foram: Holanda, Estados Unidos, Burkina Faso, Gâmbia, Paraguai, Chile e Argentina, juntos responderam por 68% dos destinos das exportações sergipanas. Quando entra de recursos no Estado gerados pelas exportações? SM – Neste ano Sergipe já exportou US$ 12,344 milhões, um valor 15,88% inferior ao exportado no mesmo período do ano passado (janeiro a abril). Comparando-se com a Região Nordeste que teve uma evolução de 35,82% e com exportações de US$ 2.877.881, o peso das exportações de Sergipe na Região é de apenas 0,42%. No ano de 2004, as exportações sergipanas ficaram em US$ 47,673 milhões um valor 22,83% superior ao registrado no ano anterior. No mesmo período a região Nordeste evoluiu 31,58% nas exportações. Por que a nossa balança comercial é ainda defictária? Há falta de iniciativa empresarial? O que importamos e de onde importamos? SM – Os principais produtos da pauta importação de Sergipe no período de janeiro a abril de 2005 foram: trigo, máquinas para fiação de materiais têxteis, fibras de poliésteres não cardadas, chapas de ligas de alumínio, teares para tecidos e algodão, que juntos representaram 41% das importações sergipanas, revelando uma concentração menor que na base das exportações. Uma curiosidade nos produtos importados fica por conta do bacalhau. Sergipe importou 150.000 quilos, o que dá um consumo per capita de 80 gramas para cada sergipano, o que de fato não ocorre. Os principais países fornecedores de produtos para Sergipe são: Estados Unidos, Argentina, Alemanha, Suíça, Índia e Coréia do Sul. Somos o Estado menos produtivo do Nordeste, como se fala muito? É verdade que não produzimos sequer o que comemos? Quais são os alimentos que mais produzimos? A quantidade atende à demanda? SM – Com relação a esse tema, informo que o IBGE divulga também um documento que descreve o consumo das famílias com resultados referentes às quantidades da aquisição alimentar domiciliar per capita, especialmente para alimentos e bebidas. No último estudo na base de 2002/2003 revela o seguinte: o consumo per capita anual de cereais e leguminosos de Sergipe é de 33,81 kg, superior no Nordeste somente ao do Rio Grande do Norte. Com relação ao consumo de hortaliças, o nosso é de 26,54 kg per capita anual, no Nordeste este consumo é inferior somente ao de Pernambuco com 32,37 kg. Nas frutas o principal produto que o sergipano come é banana com 2,84 kg per capita anual. Mas a produção local é inferior ao consumo. Os dados do Ministério da Agricultura confirmam isso. Sergipe não é um estado calcado na riqueza do setor rural. É verdade que quase toda a carne que comemos vem de outros Estados? O mesmo já está acontecendo com a farinha de mandioca? SM – O consumo de carne per capital anual em Sergipe é o maior da região Nordeste, cerca de 28,61Kg anual. Ressalte-se que somos importador de alguns tipos de peixe, mas uma boa parte da carne que consumimos é local. Nas farinhas em geral (de mandioca, rosca, trigo e vitamina), Sergipe tem um consumo alto, 20,13Kg anual, só perde no Nordeste para a Bahia e, no consumo de farinha de mandioca de forma isolada, fica atrás somente de Bahia e Maranhão, com o atendimento de boa parte da farinha local. Gostaria de registrar que estas informações que estou passando são com base em dados do IBGE e Ministério da Agricultura, pois localmente não temos órgão de estatística e pesquisa. Quais são as principais cadeias produtivas do Estado hoje e quais novos ramos podem ser explorados? Porque? SM – Nós do Banco do Nordeste estamos realizando um grande mapeamento das cadeias produtivas locais através dos agentes de desenvolvimento do banco. Os setores que já foram mapeados são: bovinocultura de leite e corte, apicultura, piscicultura, carcinicultura, rizicultura, artesanato, turismo, cerâmica vermelha, construção naval, etc. Sergipe é um bom lugar para se investir? Que segmento o senhor recomendaria a um empresário que tenha interesse em se fixar em Sergipe? SM – Inicialmente eu diria que ele pode dispor das linhas de crédito mais viáveis através do Banco do Nordeste, além disso, os demais bancos federais e o estadual também disponibilizam recursos para investimentos. Depois informaria o que existe de estruturação de cadeias produtivas no estado. Sergipe possui pólos agroindustriais, um excelente rebanho ovino-caprino, é forte no complexo têxtil e confecções, vem ampliando na carcinicultura, apicultura e fruticultura irrigada, está em franca expansão no setor mineral. De qualquer forma, qualquer empresário, necessita conversar com os governantes locais (governador e prefeitos) fins obter dados e informações sobre a geografia econômica do estado (incentivos fiscais, incentivos de infra-estrutura, incentivos de interiorização, apoio institucional, disponibilização de terrenos, complementação de infra-estrutura, etc). O SergipeTec é um projeto viável? SM – O que sei é que o objetivo do SergipeTEC é transformar o estado em um pólo emissor de tecnologia. E a área de ciência e tecnologia compreende as atividades de pesquisa e desenvolvimento experimental, além de atividades científicas e técnicas correlatas. Os indicadores do Brasil, quando comparados internacionalmente são baixos, ou seja, existe necessidade de inversões no setor. Regionalmente existe uma lacuna de ausência de indicadores regionais. Assim, não tenho condições de comentar sobre a viabilidade pois não fiz nenhum estudo profundo do tema. Acho que o assunto poderia ser discutido com as academias, envolvendo a comunidade científica sergipana.
SAUMÍNEO NASCIMENTO – Não. Sergipe é de fato um estado importador, pois sempre teve um padrão de importação superior ao das exportações. No acumulado de Janeiro a abril de 2005, o déficit da balança comercial sergipana foi de US$ 14.267 e isto já ocorre há mais de dez anos. Em 2004 o déficit da balança comercial foi de US$ 53.378 . Um ponto que vale a pena ressaltar é que na balança comercial do agronegócio, Sergipe passou a ser superavitário a partir de 2004.
SM – Como já comentado anteriormente há mais de 10 anos que o Estado de Sergipe é deficitário na balança comercial. O maior déficit na balança comercial sergipana foi registrado em 1997 (-US$ 85.088 mil). A base de empresas exportadoras é pequena, em 2005 o número de empresas já é maior que todo o ano de 2004, porém o volume exportado individualmente por cada uma ainda é baixo, por outro lado, ainda importamos muitas máquinas e equipamentos no processo de readequação e modernização do parque industrial do estado.
Sergipe é um Estado produtivo? O que produz e quando gera de riqueza essa produção? Onde estão essas cadeias e onde podem ser fixadas as futuras cadeias?
SM – O PIB de Sergipe na última informação do IBGE (2002), ficou em R$ 9.496 milhões. Os principais setores são: administração pública, defesa e seguridade social, indústria extrativa mineral, indústria de transformação, eletricidade, gás e água. O PIB da agricultura ainda é muito baixo, cerca de 7% da economia do Estado. No Banco do Nordeste já temos alguns estudos prospectivos que indicam que o PIB de Sergipe já ultrapassou R$ 10 bilhões, graças ao incremento de obras na capital do Estado e um processo de diversificação produtiva no interior.
SM – Quem mede a produção é o PIB e do ponto de vista deste indicador, o PIB de Sergipe é maior de que o de Alagoas e do Piauí na Região Nordeste.
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