“Fluxo de Caixa: mecanismo indispensável para o sucesso” – Adm. Marcus Andrade & Adm. Vinicius Caldas*

A declaração acima, mais do que assustadora, reflete a importância do fluxo de caixa como um instrumento de análise e de tomada de decisões financeiras. Lucro contábil não significa, necessariamente, liquidez financeira.

E porque isso? A resposta é simples: nem sempre a equação ativo circulante x passivo circulante está compatível com o capital de giro da empresa. Por isso a importância de um perfeito gerenciamento do fluxo de caixa, que permite ao administrador financeiro projetar o dia-a-dia e fazer as provisões necessárias para enfrentar a escassez ou mesmo a abundância de recursos.

Na verdade, o fluxo de caixa representa uma evolução de saldos, seja ele positivo, seja negativo. Portanto, a sensibilidade do financeiro aos fatores que influenciam no fluxo de entradas e saídas de recursos, precisa ser especialmente aguda e perceptiva. O propósito de uma previsão de caixa é minimizar o inesperado, o que leva à importância de se ter um ativo disponível extra para cobrir as variações entre as necessidades monetárias previstas e as reais.

Quanto maior racionalidade na previsão dos fundos, menores as chances de erro. Por outro lado, a incerteza no fluxo de caixa é inerente às operações empresarias. Todavia, podem-se tomar medidas para reduzir as amplas flutuações (“picos” e “vales”) no fluxo de caixa. Por exemplo, para períodos sazonalmente fracos em termos de receitas, deve-se montar estratégias anticiclo (promoção, produtos e/ou serviços complementares, etc). Ou diminuir as concentrações de pagamento em períodos sobrecarregados de saídas de recursos.

Lembrando, o fluxo de caixa não está sujeito a interpretações: reflete o desempenho real da empresa, ou seja, o dinheiro entrou ou não, saiu ou não. Portanto, um planejamento cuidadoso promove uma melhor utilização dos recursos financeiros, prevendo não só um eventual déficit, como também um possível superávit. Quando apresentar déficit isso pode significar o corte ou cancelamento de determinados projetos, a necessidade de empréstimo de capital de giro, ou mesmo a possibilidade de renegociação dos pagamentos. Em caso de superávit, o planejamento permite um emprego mais lucrativo do mesmo. Resumindo, dizem que o lucro é uma opinião, o fluxo de caixa é um fato.

Um planejamento financeiro cuidadoso e minucioso reflete a qualidade da administração. Os empresários devem olhar para o volume do fundo de caixa. Mas, para conseguir um fluxo de caixa eficiente, é preciso ter um plano de contas muito bem estruturado, visto que existem entradas que não são receitas (aumentos de capital em dinheiro, por exemplo); receitas que não são entradas (pagamentos a prazo que ainda não foram pagos); despesas que não representam saídas (depreciação de imóvel, de equipamentos, etc); e saídas que não são despesas (adiantamentos).

Vale ressaltar que, embora o fluxo de caixa mostre a realidade de uma empresa, ele não aponta onde estão as deficiências e porque as margens estão caindo. Por isso, o fluxo de caixa não pode ser um substituto da contabilidade da empresa, mas, sim, um indispensável complemento para a tomada de decisões empresarias.

Como se vê, a Administração no controle do fluxo de caixa representa uma área bastante técnica e cheia de artimanhas e não deve estar nas mãos de principiantes. Treinamento, treinamento e treinamento são as palavras-chave para um bom desempenho e para que o profissional tenha agilidade e eficácia na tomada de decisão.

Mas, além de um profissional treinado, é preciso dispor de mecanismos de controle. Exemplo é a criação de centros de lucros/custos, que possibilita ter-se um fluxo de caixa minuciosamente projetado a curto, médio e a longo prazo. Os relatórios gerados por um bom sistema permitem uma comparação do projetado com o realizado e, portanto, uma avaliação dos possíveis desvios do planejamento. Além disso, informa quais contas (centros de custos/lucros) estão apresentando descontrole.

O fluxo de caixa nunca pode estar negativo. Em outras palavras, se o saldo final for positivo, isso significa que a empresa está conseguindo gerar recursos para financiar o seu capital de giro e, a partir de determinado ponto, acumulando capital novo. Ao contrário, o fluxo de caixa negativo significa que a empresa está se descapitalizando, sob o eventual risco de insolvência. As mais novas correntes afirmam que a capacidade de uma empresa realizar seu ativo circulante mais rápido do que seu passivo circulante, de tal forma que o seu saldo de caixa nunca fique negativo, é fundamental na continuidade do negócio. Daí a importância da necessidade de capital de giro ser suprida pelo próprio negócio.

“O sucesso de uma empresa pode ser medido por três fatores: satisfação dos clientes, satisfação dos empregados e o fluxo de caixa”, afirmou o presidente da General Eletric, Jack Welch. Fica aqui a pergunta: qual o tamanho do sucesso da sua empresa?

 

 

 

* Diretores e Consultores da Empresa de Consultoria CVW – Soluções Empresariais e pelo site : www.cvw.com.br   mande a sua sugestão sobre novos temas e serem abordados pelos Consultores.

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