Mais de 40 cerâmicas e olarias foram fechadas nos últimos 12 meses

Nos últimos 12 meses mais de 40 fábricas de cerâmica e olaria foram fechadas em Sergipe (Foto arquivo: SXC.hu)

Entre os anos de 2018 e 2019 mais de 40 empresas entre olarias e cerâmicas encerraram as atividades em Sergipe gerando um total de mais de três mil pessoas desempregadas, direta e indiretamente. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fabricação de Cerâmica, Vidros e Embalagens de Vidro em Sergipe (Sindiceram), os principais motivos desses fechamentos são a recessão do mercado da construção civil e o alto preço do gás natural.

“Em 2018 começaram os fechamentos e em 2019 esse número foi acentuado. O setor da construção civil enfrenta uma queda grande, e a cerâmica esmaltada e a olaria dependem da construção civil para vender seus produtos. Com a redução dos programas habitacionais, a exemplo do Minha Casa Minha Vida, isso se agravou. Em Itabaiana, por exemplo, em 2018 tinha uma média de cinco a 10 casas construídas por mês, agora em 2019 esse número caiu para uma ou duas por mês”, aponta Alexandre Delmondes, presidente do Sindiceram.

Ele lembra que a Fábrica Escurial entrou em recuperação judicial no primeiro semestre de 2018 e que foram demitidos 52 funcionários e foi feita um acordo para que as verbas rescisórias fossem pagas. “Por conta do alto custo do gás, a empresa ficou sem pagar, e a Sergas cortou o gás, por conta disso mais 97 funcionários foram demitidos. Somos o menor estado da federação com o gás mais caro, isso, com certeza, tem sido determinante no fechamento das empresas em Sergipe”, ressalta Alexandre.

Sobre o número de desempregados no setor em Sergipe, o sindicato aponta mais de três mil pessoas, direta e indiretamente, sem emprego por conta do fechamento das indústrias. “Quando uma empresa encerra suas atividades não são apenas seus funcionários que são demitidos, as empresas que fornecem insumos para essa indústria também sente o impacto e demite, é um sistema em cadeia”, diz.

“Hoje as palavras chaves entre os sindicatos são desemprego e recessão, e não estamos vendo saída, não estamos vendo melhora. Todo dia escutamos que grandes indústrias, médias e pequenas empresas estão fechando as portas, e pelo que estamos conversando com os empresários locais, mais demissões virão. O Governo precisa adotar medidas urgentes junto as empresas para combater tanto desemprego”, conclui.

Governo

O Governo do Estado informa que irá adotar algumas medidas para redução da carga tributária do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no que se refere ao gás natural para as operações que destinem esse produto a empresas localizadas no Estado. A primeira dessas medidas é a redução na base de cálculo do ICMS nas operações da empresa produtora (Petrobras) para a Sergás, resultando em uma redução da carga tributária de 18% para 12%.

O Secretário de Estado da Comunicação, Sales Neto, explica que não é o Governo que rege o preço do gás natural, esse valor é definido através de uma política de preços adotada pela Petrobras e pelas concessionárias de gás natural, no caso de Sergipe a Sergás.

“O que o Governo pôde fazer foi reduzir de 18% para 12% o valor do ICMS, mas essa é uma alíquota de composição mínima, porque os 88% que restam do preço é definida pela Petrobras e pela Sergás, e mesmo que o Estado zere o ICMS só altera em 12% do valor do gás natural. O Governo não controla o valor do gás. O Estado é sócio da Sergás, mas detém apenas 17% das ações, a maior parte é da Petrobras e de uma empresa japonesa, e com esse percentual de ações não há muito o que opinar”, explica Sales.

Por Karla Pinheiro

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