Luiz Moura é diretor do DIEESE (Foto: Portal Infonet) |
Depois das tradicionais festas de fim de ano, o planejamento financeiro é a boa pedida para os que ainda irão encarar despesas, como IPVA, matrículas e materiais escolares. Segundo o dirigente do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas em Sergipe (DIEESE), Luiz Moura, as famílias deveriam estar preparadas para essa maratona de gastos, mas nem sempre é o que acontece na prática.
“A maior parte das famílias chegam ao final do ano endividadas, com poucas reservas para fazer frente a esses compromissos. Quando o assunto é material escolar e matrícula ou mesmo a escolha da unidade educativa, os pais devem considerar diversos aspectos, entre eles, a mensalidade escolar compatível à renda familiar e a proximidade da moradia por questão de gastos com transporte e com a própria segurança do filho”, declarou Moura.
O diretor do DIEESE ainda destaca a importância de a família avaliar a possibilidade de matricular o filho numa escola pública.
“Concordando com a informação geral de que a qualidade da educação é superior numa escola particular, muitos pais nem cogitam a possibilidade de matricular crianças e adolescentes em escolas públicas. Seria interessante deixar claro que, atualmente, a educação privada em Sergipe está aquém do que se considera uma boa educação. O melhor colégio de Sergipe é o 188 no ranking do Enem, mas a mensalidade desse colégio não está na mesma categoria, ou seja, vale a pena analisar indicadores tendo em vista que não existe muita diferença entre a educação oferecida pelo melhor colégio, comparada a oferecida pelo 12º da lista.
Muitas vezes, a diferença maior está na mensalidade”, acrescentou.
Economia
Moura aponta para a ausência de tabelamento de preços de mensalidades e até mesmo da cooperação mútua entre pais de alunos. “Legalmente, o pai ou responsável pode solicitar a planilha de custos de uma dada unidade educativa para discussão com diretores da mesma, o que deve ser feito coletivamente, mediante acordo de pais, a fim de evitar contratempos, como o aumento abusivo de mensalidades”, orientou o diretor do DIEESE.
Para ele, com o advento das novas tecnologias, o material escolar usado anualmente poderia estar disponível em softwares e impresso gradativamente.
“Existe uma indústria que se mantém com listas de materiais escolares. Para não sofrer tanto seus impactos, os descontos obtidos com pagamentos à vista, de recursos acumulados em poupança, são válidos. Além disso, o parcelamento sem juros implica na adesão do maior número de prestações possíveis. A média de gastos com materiais escolares gira em torno de R$2 mil, a depender da série, do colégio ou da editora, ou seja, vale lembrar a importância da pesquisa de campo e a determinação legal de que o material, cuja aquisição compete exclusivamente à escola, não deve estar na lista a ser entregue aos pais”, ressaltou Luiz Moura.
O DIEESE ainda aponta para a necessidade de reajuste das mensalidades escolares.
“Quem estuda o segundo grau paga mais caro do que quem estuda o terceiro. Dentro dessa perspectiva, o ensino médio não pode ser mais caro que o superior, tendo como referência, por exemplo, os salários pagos aos professores. Outro dado é que estamos vivenciando a evasão de alunos do ensino privado, devido às despesas. Na prática, em Aracaju, os colégios tradicionais têm perdido alunos para os concorrentes mais baratos localizados em bairros periféricos ou para a própria rede pública de ensino”, constatou o diretor.
Como atrativo para instigar a adesão dos pais, escolas põem em prática o pacote de serviços vendidos além do educacional, o que é comum no ensino fundamental, muitas vezes, oferecido em tempo integral. “A renda de um pai há cerca de 20 anos era destinada aos pagamentos relacionados à educação dos filhos em 30%, em média. Atualmente, concluo que o serviço educativo está mais barato, apesar das disparidades consideradas”, considerou Luiz Moura, alertando pais ou responsáveis para a importância da adesão ao ensino federal, tendo em vista a qualidade da inserção desses estudantes no mercado de trabalho.
Por Nubia Santana
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