Nosso Senhor dos Passos é oportunidade para comerciantes

Praça em frente a igreja abrigou comerciantes (Fotos: Portal Infonet)

O som dos cantos gregorianos reproduzidos nos alto-falantes dos postes próximos à Igreja Matriz, em São Cristóvão, volta e meia se misturava a uma interpretação de ‘Faz um milagre em mim’ – hit emplacado pelo cantor de música gospel Regis Danese em 2008 – na tarde deste domingo, 4.

A música era tocada pela aparelhagem de um carrinho de mão repleto de DVDs religiosos pirateados conduzido por um ambulante durante a festa anual de Nosso Senhor dos Passos, que se iniciou no último sábado, 3. Longe de ser o único comerciante a ocupar as áreas próximas à igreja apinhada de pagadores de promessas que visitam a cidade, o homem abria passagem entre os vendedores e fieis. Na praça em frente à Matriz, feirantes montaram dezenas de tendas e tabuleiros, expondo vários tipos de artigos de consumo.

Clientes analisam brinquedo e roupas

No mercado sazonal do Senhor dos Passos, vende-se de churrasco a ursos de pelúcia, aí se incluindo bolsas, bijuterias e rendas. Aos que não suportam o calor pouco piedoso do sol de São Cristóvão, são oferecidos bonés, chapéus e pequenas toalhas; às crianças, algodão-doce, balões de gás hélio, adesivos e tatuagens laváveis. Os que procuram lembranças religiosas podem encontrar fitas roxas – a cor da romaria –, além de imagens de santos, crucifixos, escapulários e amuletos, inclusive os não-cristãos, feitos de conchas, que prometem proteger contra o mau-olhado.

Negócios

Tabuleiros misturavam artigos religiosos e outros produtos

Em sua banca, o comerciante Clécio dos Santos disponibilizava representações de figuras como Nossa Senhora de Fátima, Santo Expedito, Padre Cícero e, obviamente, Nosso Senhor dos Passos. As menores custavam R$ 3; as maiores, R$ 8. Domiciliado em Simão Dias, na divisa com a Bahia, Clécio viaja para São Cristóvão nesta época há dois anos. Para lidar com o negócio, contava neste domingo com a experiência do pai, José dos Santos. “Trabalhei 18 anos nisso. Hoje não faço mais, sou funcionário de uma indústria”, contou José. Ao lado das miniaturas religiosas, pai e filho vendiam ainda cofres para moedas nas formas de caju e do tradicional porco de cerâmica.

Comércio de doces locais foi beneficiado com a movimentação

Natural do município cearense de Canindé, Ronaldo de Souza veio a São Cristóvão atraído pela procissão e pela oportunidade de renda que ela oferece. No seu mostruário, a fita de lembrança do Círio de Nazaré demonstra a bagagem do vendedor – que atua há cinco anos em acontecimentos religiosos de sua cidade, mas não deixa de tentar a sorte em outros lugares. “É a primeira vez aqui em São Cristóvão. Vim conhecer o conhecer o comércio e a igreja”, afirmou Souza, que chega a faturar R$ 800 em alguns eventos religiosos.

Não são apenas os vendedores de outras regiões que lucram com o comércio em torno da festa devota. Marta Angélica Góes, filha da proprietária de uma confeitaria especializada em queijadas – doce típico de São Cristóvão –, comemora o sucesso do produto entre os visitantes. “O período em que vendemos mais é esse. Fizemos três mil queijadas para o final de semana. Só temos mil”, disse a comerciante ao Portal Infonet no começo da tarde do domingo. Além das queijadas, a casa vendia também vários tipos de cocada a R$ 1.

Feito água

Família organizou distribuição gratuita de água aos fieis

Nem tudo que é feito durante a procissão de Nosso Senhor dos Passos busca o lucro, entretanto. Em frente a uma das casas da praça da Igreja Matriz, dezenas de pessoas se aglomeravam em uma janela onde água mineral era distribuída gratuitamente.

A ação é organizada pela família do proprietário da residência, Agnaldo Meireles, há cerca de dez anos. “Da primeira vez, as pessoas vieram pedir água aqui e tínhamos três garrafões [de 20 litros]. Faltou água para a gente beber”, brincou Meireles.

“Na segunda vez colocamos dez garrafões. Na terceira, 20; na quarta, 40. Na quinta vez, vimos que era preciso cem garrafões”, comentou Agnaldo, informando que fez um acordo com uma distribuidora de água mineral para dar conta da necessidade. Além de ser fornecido em quantidade, o líquido é servido gelado – o que demandou um aparelho especial, feito em Salvador, na Bahia. Neste ano, a família Meireles encomendou 150kg de gelo para manter o bebedouro funcionando – e os dois mil litros de água oferecidos na temperatura certa sempre.

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