Novo presidente da CDL critica manutenção do ICMS antecipado

Samuel Schuster
Samuel Schuster se diz um empresário esforçado, e que começou aos dez anos de idade trabalhando com o pai, Isaac Schuster, dono da rede de lojas de móveis de mesmo nome. Aos 17 anos, Samuel assumiu a rede de lojas ao lado do irmão Lion Schuster. A rede chegou a ter 12 lojas no comércio de Aracaju. As crises econômicas ocorridas no país resultou no fechamento da maioria das lojas do grupo. Atualmente, os imóveis onde funcionavam as lojas e pertencem a família Schuster foram alugados. “Tem casas em que o aluguel está rendendo mais do que uma loja funcionando”, comenta.

Filiado ao CDL desde 1972, Samuel foi presidente do CDL Norte, tendo em vista que no passado em Aracaju existiam dois CDL´s: Norte e Centro. Hoje, 28, a partir das 20h, esse empresário de 61 anos, toma posse como novo presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Aracaju (CDL). Ele conversou na manhã de hoje, 28, com o Portal Infonet e falou dos planos de sua gestão, dos problemas do comércio aracajuano e crítica a manutenção do ICMS antecipado.

PORTAL INFONET – O que vai mudar com essa nova diretoria?
Samuel Schuster – O CDL sempre foi bem administrado, inclusive, pelo nosso amigo Max (Andrade) e pelo nosso amigo Gilsinho (Figueiredo). Sempre deram tudo deles pelo CDL. Não é que vamos dar continuidade, mas pretendemos voltar a fazer um almoço mensal com todos os associados e, se houver condições, quinzenal. Pretendemos incrementar cursos e palestras, alguns associados cobram muito palestras e cursos… através de um acordo, o Banco Central já está disponibilizando o tradicional ‘miúdo’, o dinheiro de pequeno valor para troco. E já está à disposição no Banco do Brasil.

INFONET – O troco ainda é um problema no comércio de Aracaju?
SS – O Banco Central nos comunicou que era um problema muito sério de miúdos, de moedas pequenas de R$ 1 a R$ 5, por isso disponibilizou esse serviço. Um dia por semana o empresário pode procurar o Banco do Brasil para receber o dinheiro. O Banco Central também nos propôs um curso para reconhecer notas falsas.

INFONET – E a medida do Governo do Estado que isenta do ICMS no Supersimples, as empresas com faturamento anual de até R$ 360 mil?
SS – O governo declarou que fazendo essa isenção o prejuízo para o Estado seria de alguns milhões que deixaria de arrecadar. O governo também declarou que foi o Estado que deu a maior isenção, teve Estados que deu isenção maior do que Sergipe. Mas o que eu digo é o seguinte: o governo deu a isenção, mas a empresa vai continuar pagando o antecipado, a diferença de alíquota. Para o negócio ser 100% para mim deveria ter isenção da diferença de alíquota. 

INFONET – Mas o governo não perderia arrecadação?
SS – Eu acho que se o governo desse uma isenção total ao pequeno empresário com faturamento de até R$ 360 mil ele iria perder arrecadação por um lado, mas por outro, indiretamente, ele iria arrecadar mais. O pequeno empresário iria crescer, iria aumentar o número de funcionários. Uma empresa que tem oito funcionários, crescendo, passaria a ter 15, 20 funcionários. Esses funcionários passariam a consumir, ele vai no comércio comprar, a empresa que ele vai comprar vai pagar o imposto. As empresas gerariam impostos indiretos, porque seus funcionários iam passar a ser consumidores.

Fim do ICMS antecipado
INFONET – A melhor medida seria acabar com o ICMS antecipado?
SS – Pelo menos para pequena empresa eu sempre fui a favor. Alguns colegas aqui do próprio CDL são contra, acham que não deve acabar. Eu sou completamente contra o antecipado. Se você não prestou o serviço ainda, não houve circulação do serviço. Se a mercadoria não foi vendida, não houve a circulação da mercadoria. Então se não houve circulação da mercadoria como é que eu vou pagar imposto sobre circulação de mercadoria se ela não circulou ainda. Eu sou completamente contra a antecipação de alíquota. 

INFONET – Qual a principal dificuldade do comércio de Aracaju?
SS – Primeiro, a situação realmente que o país passa. Você ver o seguinte, das lojas tradicionais de Aracaju, praticamente não sobrou nenhuma Um lojista no ramo de móveis em Aracaju para enfrentar um lojista que tem uma rede de lojas é difícil. Os grandes tem a facilidade nas compras, tem desconto, prazo, tem até casos de receber a mercadoria em consignação, o que não acontece com o pequeno lojista. Hoje você conta nos dedos, as lojas tradicionais em Aracaju. Isso aí é a concorrência das grandes redes. Tem casos que a grandes redes paga, pouca gente sabe disso, até menos impostos do que o pequeno lojista.

INFONET – E os feriados do dia 24 e 29 de junho?
SS – Esses feriados não vão existir mais. O Governo do Estado não sancionou a lei, inclusive ele foi sensível, porque eu acho que o Brasil é o país dos feriados. O do dia 24 vai continuar existindo porque é uma troca que existe com o comerciário do dia 30 de outubro que seria o Dia do Comerciário e é comemorado no dia 24 de junho. Nessa crise que está e no caso desses dois feriados no mês de junho mais o de Corpus Christi, nós iríamos ter o mês de junho com menos de 18 dias úteis.

INFONET – O destino da Rua 24 horas?
SS – O Governo já garantiu que a Rua 24 Horas vai voltar, não como Rua 24 Horas. Não vai ser o plano do governo anterior que seria um shopping no centro da cidade, o governo atual vai apenas reativar a Rua 24 Horas, mas não vai ser mais 24 horas.

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